A organização do evento prévio ao Summit Youth 20 (Y20), grupo de engajamento jovem do G-20, realizado entre os dias 17 e 19 em Belém, pela Secretaria Estadual de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEIDH), falhou na capacidade de mobilização da juventude local e nacional na representatividade de suas aspirações como vozes que deveriam ter sido integradas à preparação de plenárias, consideradas esvaziadas na capital paraense. Esses são alguns dos principais pontos críticos apontados em notas de repúdio, assinadas por coletivos de jovens ativistas que vêm se posicionando em movimentos de articulação por agendas socioambientais de importância global.
Em nota, o Engajamundo afirmou que “um evento de tal magnitude como o Y20 poderia ter sido utilizado como uma grande oportunidade para que grupos de todas as regiões do país trouxessem suas perspectivas, contribuições e demandas de forma qualificada para as discussões”. Em seu posicionamento, a organização destacou também que “da mesma forma, com o envolvimento direto do governo do estado do Pará nessa construção, a abertura para que a juventude paraense se fizesse ativa e presente nesse processo era de suma importância”.
Esse processo de inclusão e participação coletiva, segundo o Engajamento, era uma reivindicação já prevista em um dos principais objetivos do Youth20 que envolvia justamente “reunir os posicionamentos e a visão das juventudes para a construção de um documento que será entregue para os líderes do G20 nos próximos encontros do Y20”.
Em seu posicionamento, a organização afirma que foi convidada para participar do Y20 representando as juventudes de Belém. “O convite foi realizado dias antes do evento, na terça-feira (11 de junho de 2024), porém, sem justificativa ou motivo aparente, o mesmo não teve seguimento. Queremos frisar que este convite não garante a participação da juventude brasileira no processo de construção do Y20, seja pela ausência de outras organizações, coletivos e lideranças do próprio território nesse espaço, ou pela não garantia de efetividade nas possibilidades de atuação”.
Diversidade
Ainda segundo a nota de repúdio do Engajamundo, a inclusão das pessoas das regiões Norte e Nordeste “precisa começar pelo processo de construção dos espaços”. “Não fazemos crítica a nenhum dos delegados brasileiros que compõem o Youth20, mas para a sua diversidade regional. Dos 5 delegados, não há sequer uma pessoa que seja de qualquer um dos 9 estados da região Nordeste, ao mesmo tempo em que 3 deles são da região Sudeste, reforçando as desigualdades regionais históricas no país”, afirma a organização.
“Enquanto Engajamundo, acreditamos que não é possível representar o Brasil, ou discutir sobre ele, sem a inclusão de juventudes que todos os dias experienciam a realidade nordestina”, destaca a nota. O posicionamento também enfatiza que é considerado um retrocesso ter “uma delegação brasileira do Youth20 que não possua jovens representantes de povos e comunidades tradicionais, pessoas transgênero e pessoas com deficiência, ademais da juventude negra já representada na atual delegação”.
A organização Palmares LAB também emitiu um posicionamento público de repúdio sobre o tema, assinada por mais 10 coletivos de juventudes de atuação regional e nacional, pelo qual “condena veementemente a falta de transparência, a exclusão de vozes locais e a potencial desconsideração das realidades locais nas decisões do evento”.
Segundo a Palmares LAB, “faltou agilidade na atuação da SEIDH, uma vez que a programação da pré-cúpula só foi divulgada nos canais oficiais da secretaria na manhã desta segunda-feira, 17, data de início do evento, e após mobilização da Palmares e de outros coletivos nas redes sociais”. O atraso, de acordo com a organização dedicada à defesa dos direitos das juventudes e à inclusão socioambiental, “dificultou o acesso aos participantes, que foram privados de informações como horários, locais e outros detalhes essenciais sobre o evento”.
A organização também denuncia “que jovens de outras regiões foram custeados para participar da pré-cúpula, enquanto as juventudes locais não foram informadas adequadamente, resultando em exclusão e baixa representatividade das organizações locais”. Além disso, destacou que “há um risco significativo de que o documento resultante do evento não reflita as necessidades e reivindicações das juventudes locais, comprometendo a representatividade das propostas”.
A reportagem entrou em contato com a SEIDH, por intermédio de sua assessoria de imprensa, solicitando um posicionamento do órgão sobre os questionamentos apresentados pelos coletivos de jovens. Mas até o fechamento desta edição, não houve retorno sobre a demanda apresentada.
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Simplesmente PATÉTICO o fato de que dois grupos que sempre dizem “representar as juventudes amazônicas” mundo afora em COPs se recusarem a participar de um evento ABERTO e ainda invisibilizarem a existência dos jovens que participaram das discussões realizadas no Pré Summit em Belém. Quer dizer que 800 jovens amazônicos não representam a Amazônia? Repensem seus discursos. Não vivemos ao em torno do umbigo de vocês.
“PAPÉTICO” É em pleno 2024 estamos ainda vivendo estruturas que invisibiliza corpos não brancos e marginalizados, por um sistema que ainda insiste em perpetuar falácias de ego e discursos de construções do que se dizem “coletivas e para todos”, mas sabemos que entre o discurso e a prática a um ABISMO. esse fato não depende da sua opinião, ou continuamos com a linhagem histórica de mais de 500 anos cooperando com essa estrutura de exclusão ou ajudamos na demolição. Esse não é um posicionamento de dois grupos, e sim, de centenas de jovens de uma região onde tem a maior porcentagem de juventudes do nosso país. E que bom que tinha 800 jovens, mas nossa busca não é por representatividade e sim por pluradiade. Espero que estude sobre essas duas palavras.