Deco é um guarda-parque que trabalha há 20 anos no Parque do Rio Preto, localizado em São Gonçalo do Rio Preto, em Minas. Embora tenha estudado só até o segundo ano primário, de tanto trabalhar guiando especialistas, tornou-se autodidata em botânica. Conhece, pelo nome científico, todas as espécies que ocorrem no parque. Mas com os fins dos contratos das empresas terceirizadas, Deco e outros guardas-parques terão que prestar concurso público para continuar a exercer a função que desempenham há tantos anos. O perigo, alerta a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA), é a seleção perder a mão de obra já treinada que tanto contribuiu para a manutenção da biodiversidade das áreas protegidas estaduais.
Os repetidos atrasos nos pagamentos dos terceirizados pelas empresas contratantes já causou o fechamento de 12 unidades de conservação em novembro. Agora, com o fim dos contratos da empresas Cristal Serviços Especializados Ltda — cuja vigência do contrato termina na próxima quinta-feira (16) –, e Verso — que deixará de prestar serviço em março –, os novos contratos serão assumidos pela Minas Gerais Administração e Serviços S/A (MGS), empresa pública que, por meio de concurso público, mantém parte do quadro de funcionários do Estado.
A solução para o fim dos atrasos nos salários, elogiada inclusive pela Amda, pode se converter em prejuízo pras unidades se as provas, marcadas para acontecer no próximo dia 5 de março, não focarem na realidade da formação dos profissionais atuantes. O grau de escolaridade exigido para a função guarda-parque é ensino fundamental incompleto. “Em nosso entendimento, as questões da prova deveriam ser focadas no conhecimento que eles têm de sua região e dos parques. Não vemos qualquer utilidade saberem, por exemplo, qual é a divisão política do Estado ou quem são cantores ou atores de projeção nacional”, diz Dalce Ricas, superintendente da Amda.
A entidade conversou com diversos gerentes de UCs que expressaram grande preocupação em perder funcionários que têm longa experiência e conhecimento aprofundado do seu trabalho e a contratação de pessoas que não têm ligação com a realidade local. Alguns reclamaram do fato de não terem sido chamados a opinar sobre o assunto.
As provas do concurso público estão previstas para acontecer no dia 5 de março. No intervalo entre as provas e a efetiva contratação, os parques ficarão sem funcionário.
*Com informações da Assessoria da Amda.
Leia Também
Por falta de pagamento de funcionários, áreas protegidas mineiras são fechadas
Minas ressuscita projeto que libera mineração em rios protegidos
Leia também
Minas ressuscita projeto que libera mineração em rios protegidos
Assembleia desarquivou proposta que permite explorar areia e cascalho nos rios protegidos por lei. Projeto havia sido rejeitado em 2013. →
Governo de Minas tem até segunda para pagar guarda-parques
Empresa Cristal enviou os dados para pagamento dos funcionários. Doze unidades de conservação foram fechadas por causa do atraso nos salários. →
Por falta de pagamento de funcionários, áreas protegidas mineiras são fechadas
Doze unidades de conservação tiveram que fechar as portas para a visitação e pesquisa por conta do atraso no pagamento dos guarda-parques →
Esse Concurso foi divulgado amplamente no site pci concursos que foi muito útil
Seria muito ruim perder a mão de obra já treinada que tanto contribuiu para a manutenção da biodiversidade das áreas protegidas estaduais.
Seria ruim perder profissionais experientes, e espero que o concurso seja bem feito, com questões de foco específico na realidade dos parques. Isso dito, é bem perigoso o que fica implícito no artigo. Funcionários públicos devem sim ser concursados, e as provas devem selecionar os mais aptos, e não aqueles com mais contatos ou experiência ou que já trabalham no cargo. Querer "dar um jeitinho" para que não perca o emprego quem já está lá é uma das formas como a corrupção começa.