Somente nos primeiros meses de 2024, a degradação florestal atingiu uma área de 2.846 km² na Amazônia, o equivalente a quase duas vezes a cidade de São Paulo. Este é o maior valor desde 2009, segundo números do Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon (SAD), divulgados nesta terça-feira (21).
De acordo com a ferramenta, Roraima foi responsável por quase a totalidade da degradação detectada. Devido às grandes queimadas, o estado acumulou 2.813 de áreas degradadas – ou 99% do total registrado – entre janeiro e abril de 2024.
Toda essa destruição ficou acumulada nos dois últimos meses – março e abril –, o que significa que, por dia, uma área equivalente a 5 mil campos de futebol foi degradada em Roraima.
Diferente do desmatamento – quando acontece o chamado “corte raso” e toda vegetação é suprimida –, a degradação se dá de forma menos visível, mas não menos deletéria. Tendo como principais vetores o fogo e a exploração madeireira ilegal, áreas degradadas têm menos valor ecológico, climático, econômico e social. Além disso, muitas vezes ela é o primeiro passo para a supressão total da floresta.
“Por isso é muito importante que, enquanto os governos federal e dos estados seguem intensificando o combate à derrubada da floresta, sejam realizadas ações específicas de enfrentamento às queimadas, focando principalmente em Roraima”, sugere Larissa Amorim, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.
Atualmente, o estado vive sua estação seca, ao contrário do resto do bioma, cujo período de estiagem tem início em junho, com pico em setembro. A seca de 2024 para a região, no entanto, tem sido mais severa. Roraima é o estado mais afetado pela redução hídrica no bioma amazônico.
“O risco de queimadas aumenta com o estresse hídrico, que tem sido um grande problema em Roraima, onde as várzeas estão ficando mais secas a cada verão”, diz Carlos Souza Jr., coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon e responsável técnico pela iniciativa MapBiomas Água.
Desmatamento
Ao contrário da degradação, o desmatamento na Amazônia registrou queda pelo 13º mês consecutivo. Em abril de 2024, foram desmatados 188 km² de floresta, 44% a menos do que no mesmo mês em 2023.
Já no acumulado do ano, de janeiro a abril, a destruição da floresta teve uma queda de 58% em relação a 2023. Nos primeiros quatro meses de 2024, foram desmatados 508 km² de floresta, enquanto no ano passado foram desmatados 1.203 km².
Mato Grosso, Amazonas e Roraima foram os estados que mais desmataram o bioma em 2024. Juntos, eles foram responsáveis por 80% da destruição no período, segundo o Imazon.
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