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Desmate no cerrado sobe 9% em 2017

Dados mostram, porém, queda de mais de 40% nos últimos dois anos em relação a 2015; Inpe inicia monitoramento diário do segundo maior bioma do país, que tomba mais rápido que a Amazônia

Observatório do Clima ·
24 de junho de 2018 · 7 anos atrás
Fazenda no Matopiba. onde o Ibama autuou 77 imóveis com irregularidades ambientais em maio (Foto: Ibama).

DO OC – O desmatamento no cerrado subiu 9% em 2017 em relação ao ano anterior, mostram dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgados nesta quinta-feira (21) no Ministério do Meio Ambiente.

No ano passado, 7.408 quilômetros quadrados de savana tombaram diante da expansão da agropecuária no Brasil, contra 6.777 quilômetros quadrados em 2016. Para comparação, em 2017 a Amazônia perdeu 6.947 quilômetros quadrados – cerca de 6,5% menos do que o cerrado.

O dado parece uma péssima notícia, e é. Mas há um lado positivo: pela primeira vez, agora, é possível comparar os números da destruição na savana mais biodiversa do mundo de um ano ao outro. Esses dados integram o Prodes do cerrado, um sistema de monitoramento que vinha sendo prometido pelo governo desde 2009. As séries anuais estão disponíveis na internet, no site do Inpe. O Inpe também passa a monitorar o cerrado diariamente, com o sistema Deter B, já usado na Amazônia e cuja resolução permite antecipar com muito mais precisão qual será a taxa anual de desmatamento.

Na Amazônia, o Deter A, versão mais “míope” do sistema de detecção em tempo real, ajudou a reduzir as taxas de desmatamento a partir de 2005, informando a fiscalização do Ibama. Com o Deter B no cerrado, o órgão ambiental poderá enxergar desmatamentos ilegais com precisão e mandar as multas aos infratores pelo correio – como ocorre com multas de trânsito e como já acontece em certa medida na Amazônia.

Mesmo com o aumento em 2017, o Prodes do cerrado mostra que a devastação no bioma caiu em relação a 2015: naquele ano, foram destruídos 11.881 quilômetros quadrados, o que mostra uma queda acumulada de cerca de 40% nos últimos dois anos (43% em 2016 e 38% em 2017).

“São números expressivos [de redução], mas não representam conformismo em relação àquilo que estamos fazendo”, disse o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte. Ele afirmou que o trabalho de fiscalização do desmatamento ilegal será ampliado, assim como o diálogo com o setor produtivo.

O monitoramento também confirma que o cerrado vem sendo devastado muito mais rápido do que a Amazônia: desde 2005, quando a taxa de desmatamento amazônica começou a cair, a perda absoluta do cerrado foi 34% maior. Considerando a área remanescente de cerrado, que é bem menor que a da Amazônia, a perda proporcional em relação ao que ainda existe de pé é pelo menos três vezes mais rápida.

O ministro do Meio Ambiente também destacou que o Brasil superou em 40% a meta de redução de desmatamento no cerrado para 2020, dada pela Política Nacional de Mudanças Climáticas. Pela política, cujas metas foram anunciadas em 2009 na conferência do clima de Copenhague, o Brasil se comprometia a reduzir em 40% o desmatamento do cerrado até 2020 em relação à média de 1999 a 2008 (9.420 quilômetros quadrados).

A meta foi tesourada pessoalmente no dia de seu anúncio pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff: técnicos do governo propunham pelo menos 50% de redução. Como não existia monitoramento detalhado do cerrado na época, a linha de base foi superestimada (15.400 quilômetros quadrados) e meta já havia sido quase cumprida no ano em que foi anunciada. Em 2009, como mostra a série do Prodes cerrado, o desmatamento era de 10.055 quilômetros quadrados (queda de 36%), sem que nenhuma ação efetiva de controle tivesse sido adotada. Em 2011, a queda era de 39,5%, ou seja, a meta estava essencialmente atingida. A barreira dos 40% seria ultrapassada, com folga, em 2016 (queda de 57%).

 

logo Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo.

 

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