Um grupo formado por cerca de 250 garimpeiros fechou a rodovia BR 163, no Pará, na altura de Moraes de Almeida, distrito de Itaituba, nesta segunda-feira (09). Os manifestantes pediam a legalização das áreas de garimpo de ouro, o fim de queima de maquinário realizado pela fiscalização ambiental e um encontro com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Em julho, duas semanas após um grupo atear fogo em um caminhão-tanque do Ibama, o ministro se encontrou com os madeireiros em Rondônia, onde prestou solidariedade. Os garimpeiros de Itaituba esperam o mesmo gesto de apoio vindos do governo federal e não gostaram de apenas receber acenos de pessoas ligadas ao governo, mas que não estão em posição de comando.
“Eles (políticos) têm que vir pessoalmente conversar com a gente aqui na paralisação, não é mandar recado pro grupo não. Eles tem que vir aqui pessoalmente, aí sim a gente acredita, assinado papel aqui, confirmando com a gente”, disse um participante de um dos grupo de WhatsApp montados para organizar a manifestação.
Bolsonaro foi eleito prometendo tirar o Ibama do cangote do produtor rural, falando em abrir mineração em áreas hoje não permitidas, como terras indígenas e, já na presidência, desautorizou a queima de maquinário em operação de fiscalização. A inutilização de maquinário está descrito no decreto 6.514, de 2008 e tem como objetivo tornar o preço do delito ambiental oneroso para o infrator.
Com a mudança de governo, os garimpeiros se sentiram seguros para investir no negócio mesmo sem licença. E após meses de fiscalização ambiental frouxa, estão irritados com o retorno do estado dizendo que não é permitido minerar em terra indígena, unidades de conservação e mesmo em área “branca” [área não destinada para proteção] sem licença de lavra.
O cenário mudou no dia 23 de agosto, quando o presidente assinou decreto para autorizar o uso das Forças Armadas no combate a queimadas na Amazônia.
Na semana passada, na região entre Itaituba, Novo Progresso e Altamira, os órgãos ambientais federais, Ibama e ICMBio, com auxílio do Exército e da Força Nacional, queimaram maquinário de garimpo ilegal dentro de terra indígena e unidade de conservação. A BR 163 é cercada por um grande mosaico de unidades de conservação e terras indígenas.
Fechamento de estrada
A organização do fechamento da BR 163 foi iniciada no fim de semana. Os áudios começaram a circular entre familiares, garimpeiros, comerciantes e, obviamente, policiais rodoviários federais (PRF), que se prepararam para lidar com o bloqueio da principal estrada que escoa a produção de grãos do Mato Grosso ao porto de Miritituba, em Itaituba.
Um garimpeiro enviou um áudio reclamando que a PRF estava retendo os caminhões próximo da comunidade Santa Júlia, em Novo Progresso. “Enfraquece o movimento, não tem o vuco-vuco porque a federal [polícia rodoviária] não quer deixar os caminhões entrarem dentro da cidade ali em Moraes”.
O mesmo garimpeiro se disse chateado porque os manifestantes não trouxeram para o protesto as máquinas queimadas pelos órgãos ambientais. “Consertar não dá conserto mais aquela máquina. Então traz e deixa apodrecendo ali na beira da pista pra todo mundo que passar ali colocar uma placa, uma faixona nela, uma placa: “Quem queimou isso aqui foi o Ibama/ICMBio”. Para você ver se não impacta esse negócio ai [a manifestação]. Ainda é tempo de buscar uma máquina lá. Ainda é tempo”, disse.
Novo superintendente do Ibama no Pará apoia fim da queima de maquinário
O novo superintendente do Ibama no Pará, o coronel da PM Evandro Cunha dos Santos, disse que recebeu ordens para não deixar que o Ibama inutilize o maquinário usado em crime ambiental.
“Porque eu sou soldado e sei cumprir ordens. E a ordem que eu recebi foi para parar isso daí (queima de veículos apreendidos)”, disse, em audiência pública realizada em Altamira nesta segunda-feira.
Evandro Cunha dos Santos foi nomeado na semana passada para comandar o Ibama no Pará.
“Eu vim para essa responsabilidade indicado pelo próprio presidente Bolsonaro. Então o ministro Ricardo Salles me chamou lá em Brasília, efetivou o convite e me falou das problemáticas que estavam acontecendo aqui na região como um todo, tá? Bom, quero dizer para vocês o seguinte: eu sou homem de Deus e homem de Deus não gosta de fogo. Quem gosta de fogo é Satanás. Quero dizer para vocês o seguinte: fiquem certo, fiquem certo, que isso vai cessar. Vamos trabalhar diuturnamente para acabar com essa problemática de estarem danificando o patrimônio alheio”, disse, sob aplausos.
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Tem que botar fogo no maquinário mesmo, praticam garimpo à margem da lei, desmatam, ou seja, cometem crimes!
A garimpagem que fazem é ilegal. Portanto quem executa algo na contramão da lei é o que?
Mais um comício populesco. Oh, falta de gente séria e competente.
Então os grileiros, fazendeiros, garimpeiros, etc, que colocam fogo na floresta, são de satanás, sr. coronel Evandro?