Situada em uma estreita faixa de terra entre Oceano Atlântico e Lagoa Mirim, nos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar (RS), a Estação Ecológica (ESEC) do Taim está atravessando uma situação dramática. A Unidade de Conservação (UC), que faz parte da zona núcleo da Reserva Biosfera da Mata Atlântica, já teve mais de 2,5 mil hectares consumidos pelo fogo desde segunda-feira (12). O incêndio que assola a área protegida teve início após a queda de um raio.
De acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 21 focos de incêndio tinham sido registrados na ESEC entre segunda (12) e quarta-feira (14). Na segunda e na terça-feira (13), até mesmo uma multinacional de silvicultura apoiou o combate ao fogo, com o emprego de helicópteros.
Em nota compartilhada na manhã desta quinta-feira (15), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou que a ESEC foi atingida pelo incêndio na segunda, após a queda de um raio próximo à BR-471, que dá acesso ao Uruguai. A rodovia não foi prejudicada, mas está sendo monitorada. “Os ventos agora estão virando na direção nordeste. Há outra linha de fogo, com 10 km de comprimento, atingindo a margem leste do banhado e se estende, em diagonal, à outra margem”, diz trecho da nota.
Já a ESEC, teve até agora uma área estimada de 2.531 mil hectares consumidos pelo fogo, segundo o ICMBio. O fogo dentro da estação está atingindo a parte seca da vegetação e não deve atingir as raízes, que, segundo monitoramento da instituição, estão protegidas pela umidade do solo. “O que deve permitir uma rápida recuperação das plantas”, acrescentou o órgão.
Quanto à preocupação em torno da fauna existente dentro da ESEC, o ICMBio disse ter constatado a existência de “ilhas”, que devem ser utilizadas como refúgio pelos animais. Por tratar-se de uma área úmida de banhado, neste momento o fogo está sendo combatido pelas beiradas para que ele não atinja propriedades vizinhas.
No combate às chamas na ESEC, atuam brigadistas do ICMBio e também profissionais contratados pela CMPC, multinacional de silvicultura que possui Termo de Cooperação Técnica em andamento junto ao ICMBio.
Em nota enviada à reportagem na quarta, a empresa disse que sua equipe de Proteção Florestal atuou na segunda (12) e terça (13) no combate ao incêndio. Para conter as chamas, foram empregados o apoio de nove profissionais e mais dois helicópteros. “Uma vez que a área atingida não é acessível por via terrestre”, informou trecho da nota.
A ((o))eco, a assessoria da CMPC também confirmou que o incêndio segue queimando a ESEC. Neste momento, a estratégia de combate ao fogo está sendo reavaliada. “A empresa informa […] que permanece monitorando as condições meteorológicas e o incêndio no Taim, que é uma reserva ecológica de alto valor para a biodiversidade do Rio Grande do Sul”, concluiu a nota.
Imagens de satélite analisadas ontem pelo MetSul Metereologia apontaram uma previsão de tempo desfavorável para a ESEC. A rede constatou uma umidade do ar muito baixa na região, que desceu à casa de 20%. Já nesta quinta, o MetSul estimou a tendência de vento mais forte e uma elevação de temperatura com marcas acima dos 30º.
Sobre a ESEC do Taim
Com mais de 32 mil hectares, a ESEC do Taim foi criada pelo Decreto n.º 92.963, de 21 de julho de 1986, e teve seus limites ampliados pelo Decreto sem número de 05 de junho de 2017. Ainda em 2017, a ESEC também recebeu o título de Sítio Ramsar (Área Úmida de Importância Internacional).
Por preservar mangues, lagos, campos, dunas e matas, e abrigar uma grande diversidade de espécies vegetais e animais da Mata Atlântica, a ESEC do Taim é considerada uma UC de importância mundial. A estação ainda desempenha papel importante na manutenção do equilíbrio da área, produção de alimentos, contenção de inundações e controle de poluição.
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