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Incêndio atinge Estação Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul

Unidade de Conservação já teve 2,5 mil hectares consumidos pelo fogo desde segunda. Reconhecida como sítio Ramsar, estação integra zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Michael Esquer ·
15 de dezembro de 2022 · 1 anos atrás

Situada em uma estreita faixa de terra entre Oceano Atlântico e Lagoa Mirim, nos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar (RS), a Estação Ecológica (ESEC) do Taim está atravessando uma situação dramática. A Unidade de Conservação (UC), que faz parte da zona núcleo da Reserva Biosfera da Mata Atlântica, já teve mais de 2,5 mil hectares consumidos pelo fogo desde segunda-feira (12). O incêndio que assola a área protegida teve início após a queda de um raio.

De acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 21 focos de incêndio tinham sido registrados na ESEC entre segunda (12) e quarta-feira (14). Na segunda e na terça-feira (13), até mesmo uma multinacional de silvicultura apoiou o combate ao fogo, com o emprego de helicópteros.

Em nota compartilhada na manhã desta quinta-feira (15), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou que a ESEC foi atingida pelo incêndio na segunda, após a queda de um raio próximo à BR-471, que dá acesso ao Uruguai. A rodovia não foi prejudicada, mas está sendo monitorada. “Os ventos agora estão virando na direção nordeste. Há outra linha de fogo, com 10 km de comprimento, atingindo a margem leste do banhado e se estende, em diagonal, à outra margem”, diz trecho da nota.

Já a ESEC, teve até agora uma área estimada de 2.531 mil hectares consumidos pelo fogo, segundo o ICMBio. O fogo dentro da estação está atingindo a parte seca da vegetação e não deve atingir as raízes, que, segundo monitoramento da instituição, estão protegidas pela umidade do solo. “O que deve permitir uma rápida recuperação das plantas”, acrescentou o órgão.

Mapa atualizado da área atingida pelo fogo na ESEC do Taim. Foto: Reprodução/ICMBio

Quanto à preocupação em torno da fauna existente dentro da ESEC, o ICMBio disse ter constatado a existência de “ilhas”, que devem ser utilizadas como refúgio pelos animais. Por tratar-se de uma área úmida de banhado, neste momento o fogo está sendo combatido pelas beiradas para que ele não atinja propriedades vizinhas. 

No combate às chamas na ESEC, atuam brigadistas do ICMBio e também profissionais contratados pela CMPC, multinacional de silvicultura que possui Termo de Cooperação Técnica em andamento junto ao ICMBio. 

Em nota enviada à reportagem na quarta, a empresa disse que sua equipe de Proteção Florestal atuou na segunda (12) e terça (13) no combate ao incêndio. Para conter as chamas, foram empregados o apoio de nove profissionais e mais dois helicópteros. “Uma vez que a área atingida não é acessível por via terrestre”, informou trecho da nota. 

A ((o))eco, a assessoria da CMPC também confirmou que o incêndio segue queimando a ESEC. Neste momento, a  estratégia de combate ao fogo está sendo reavaliada. “A empresa informa […] que permanece monitorando as condições meteorológicas e o incêndio no Taim, que é uma reserva ecológica de alto valor para a biodiversidade do Rio Grande do Sul”, concluiu a nota.

Imagens de satélite analisadas ontem pelo MetSul Metereologia apontaram uma previsão de tempo desfavorável para a ESEC. A rede constatou uma umidade do ar muito baixa na região, que desceu à casa de 20%. Já nesta quinta, o MetSul estimou a tendência de vento mais forte e uma elevação de temperatura com marcas acima dos 30º. 

Sobre a ESEC do Taim

Com mais de 32 mil hectares, a ESEC do Taim foi criada pelo Decreto n.º 92.963, de 21 de julho de 1986, e teve seus limites ampliados pelo Decreto sem número de 05 de junho de 2017. Ainda em 2017, a ESEC também recebeu o título de Sítio Ramsar (Área Úmida de Importância Internacional).

Por preservar mangues, lagos, campos, dunas e matas, e abrigar uma grande diversidade de espécies vegetais e animais da Mata Atlântica, a ESEC do Taim é considerada uma UC de importância mundial. A estação ainda desempenha papel importante na manutenção do equilíbrio da área, produção de alimentos, contenção de inundações e controle de poluição. 

  • Michael Esquer

    Jornalista pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com passagem pela Universidade Distrital Francisco José de Caldas, na Colômbia, tem interesse na temática socioambiental e direitos humanos

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