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Incêndio nas proximidades da APA de Maricá preocupa ambientalistas

Falta de infraestrutura para prevenir e enfrentar o fogo em município entre líderes em receitas de royalties de petróleo é alvo de críticas do movimento ambientalista local

Elizabeth Oliveira ·
3 de outubro de 2024

Um incêndio ocorrido nesta terça-feira (1), em área limítrofe à Área de Proteção Ambiental (APA) de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, causou apreensão ao movimento ambientalista local e aos cientistas que pesquisam nessa unidade de conservação estadual, uma das mais estudadas do Brasil pela sua diversidade de espécies e ecossistemas, assim como pelas ameaças envolvendo inúmeras pressões existentes. Os riscos associados ao fogo e à especulação imobiliária têm sido parte das preocupações frequentes em relação ao presente e ao futuro dessa área protegida.

Felipe Queiroz, diretor-coordenador do Instituto Floresta Darcy Ribeiro (Amadarcy), representa uma das organizações ambientalistas da região que tem mobilizado esforços junto à Prefeitura de Maricá para o enfrentamento dos riscos existentes, dentre os quais, os de incêndios em áreas de grande importância ambiental. Mas lamenta que as respostas recebidas da gestão pública municipal sejam evasivas. “A Secretaria de Cidade Sustentável que foi alertada deste cenário em março deste ano, respondeu apenas que faz campanhas de educação ambiental e o Inea com efetivo de guarda-parques reduzido não consegue atender de forma eficaz os incêndios em suas UCs”, observa. Para ele, parece evidente que as ações educativas informadas pelo órgão municipal não estão surtindo efeito.

“A problemática dos incêndios é nacional, mas cada território vem tratando do assunto de forma independente”, afirma. Segundo analisa, em Maricá não é diferente, embora seja perceptível “o despreparo dos entes públicos para lidar com este cenário dos incêndios generalizados”. Queiroz alerta que o município, “apesar de ser um dos mais ricos do estado, não tem sequer uma brigada contra incêndio”. Além disso, ressalta que “o Corpo de Bombeiros não possui efetivos no município que dêem conta desta demanda e a Defesa Civil a mesma coisa”.

Na opinião do ambientalista, “é preciso uma força tarefa e planejamento para estruturar equipes multifuncionais para enfrentar essas tragédias, levando em consideração que as projeções para o ano de 2025 são bem piores a respeito da seca no Sudeste”.

Em resposta aos questionamentos da reportagem, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) respondeu nesta quarta-feira (2) que “está controlado o foco de incêndio que atingiu na terça-feira (1), trecho próximo à  APA de Maricá”. Segundo o órgão ambiental estadual, “não há risco do fogo se alastrar para a unidade de conservação”, embora “guarda-parques estejam monitorando a região e de prontidão para atuar caso seja necessário”. No dia anterior, o Inea havia confirmado que estava atuando em conjunto com o Corpo de Bombeiros e os guarda-parques para controlar o fogo.

Crédito: Douglas Junqueira Lopes
  • Elizabeth Oliveira

    Jornalista e pesquisadora especializada em temas socioambientais, com grande interesse na relação entre sociedade e natureza.

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