O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que torne sem efeito as exonerações das chefias da reservas biológicas da União (RJ) e Poço das Antas (RJ), e da Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado (RJ). Um inquérito civil público foi aberto para avaliar os prejuízos decorrentes das Portarias ICMBio nº 394, 397 e 398 , publicadas na última terça-feira (12), que atingiram as Unidades de Conservação que protegem o habitat do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia).
Na semana passada, o governo Bolsonaro iniciou uma completa reestruturação do Instituto Chico Mendes, com exonerações em massa dos cargos de chefias de unidade, enxugamento das Coordenações Regionais (agora chamadas de Gerências Regionais) e criação de dezenas de Núcleos de Gestão Integradas (NGI), que aglutinam a gestão de inúmeras unidades em apenas uma só equipe. Embora ainda não formalizado, um desses NGIs será o Núcleo de Gestão de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, que unirá o comando das unidades reorganizadas e também do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e da Reserva Extrativista Marinha (Resex) de Arraial do Cabo.
Os servidores denunciam que as mudanças no ICMBio, em plena pandemia, têm sido feitas sem transparência e a toque de caixa. Os chefes das unidades não foram consultados sobre a mudança na gestão das áreas que estão a frente. Alguns descobriram seu afastamento pela leitura do Diário Oficial. O governo ainda não nomeou substitutos para essas áreas, que seguem sem comando.
Além do pedido de anulação das exonerações, o MPF recomenda a manutenção da separação de gestão do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e da Resex Marinha de Arraial. As sedes dessas unidades são fruto de termos de ajustamento de conduta celebrados pelo MPF, com muitos recursos obtidos e já investidos nessas estruturas.
“Essa estrutura de gestão proposta pela criação do NGI, com sede no município de Rio das Ostras, desloca as decisões para uma sede única e geograficamente distante das áreas protegidas. Para além da conservação da biodiversidade, as UCs possuem objetivos de manejo muito diversos, exigindo perfis específicos de gestores para garantir uma gestão direcionada e bem-sucedida e que essa junção em uma única gestão não faz sentido ecológico e geográfico”, argumentam os procuradores da República Fábio Sanches e Leandro Mitidieri, coordenadores do Grupo de Trabalho de Regularização de Unidades de Conservação da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão (Meio Ambiente e Patrimônio Cultural), responsável pela recomendação.
Saiba Mais
Inquérito civil público – 1.30.015.000220/2020-31
Leia Também
ICMBio exonera todos os chefes de UCs que protegem o mico-leão-dourado
Nanico e militarizado, reestruturação do ICMBio entra em vigor
Servidores denunciam mudança de sede regional do ICMBio do Rio para São Paulo
Leia também
Servidores denunciam mudança de sede regional do ICMBio do Rio para São Paulo
Para a Asibama, a única explicação para a mudança na sede é o fato do presidente e diretores do ICMBio serem de São Paulo. Servidores pedem que MPF investigue caso →
Nanico e militarizado, reestruturação do ICMBio entra em vigor
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade terá apenas uma gerência em cada região do país e concentrará cargos em núcleos de gestão integrada →
ICMBio exonera todos os chefes de UCs que protegem o mico-leão-dourado
Exonerações e criação de NGI na área de ocorrência do mico-leão-dourado ameaçam trabalho já avançado de recuperação da espécie →
Bom dia.
Pergunto: A onde estavam os "Todo governo é igual" para denunciar aos "MPF s", sobre estas aberrações de 2003?
Ainda bem que há o MPF e demais poderes, para controlar o desgoverno e proteger nossos patrimônios ambientais!! Tempos sombrios que vão passar sim.
Pois é, ainda bem que tem AGORA, pois onde estavam os órgãos de controle quando em 2003 colocaram um bando de "cumpanheiro semi-anarfabeto" pra chefiar os postos do Ibama, as reservas e parques??
O Brasil está beirando a loucura mesmo…
Ainda bem que o MPF só recomenda. Mas mesmo só fazendo isso, faz totalmente fora da legalidade. Nomeação e exoneração são prerrogativas do executivo. Qual lei mesmo foi descumprida? E pra piorar estão se metendo no arranjo de estrutura física do órgão. Que absurdo. As faculdades de direito viraram um antro de pseudojuristas. E o MPF tem um bandode mimado ressentido…