Uma ong alemã defende que negócios com a ararinha-azul e com a arara-azul-de-lear ajudariam em sua conservação. As aves são altamente ameaçadas, diz a convenção sobre o comércio global de animais e plantas em risco de extinção, a Cites.
A Associação para Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, sigla em Inglês), de Berlim, espera que o comércio das aves brasileiras seja aprovado na 77ª reunião da Cites, acontecendo esta semana em Genebra (Suíça).
A proposta incidiria apenas em aves de cativeiro. A ong afirma que 47,3 mil transações já ocorreram com espécies no Anexo I da Convenção, o mais restritivo, sobretudo a países como Espanha, Alemanha, Países Baixos e Áustria.
O possível comércio foi aventado pelo secretariado da Cites após vistoriar criadores de aves. A ACTP foi visitada em outubro de 2022. A ong tem acordos com o Brasil para reintroduzir araras na Caatinga.
Ao mesmo tempo, um documento da Convenção descreve que “significativos valores” envolveram a exportação de 30 ararinhas-azuis e araras-de-lear da ACTP a um zoológico em construção na Índia, em fevereiro.
Questionada por ((o))eco, a ong alemã não informou os montantes envolvidos na exportação das araras e afirmou que a mesma é ligada a uma parceria para ampliar espaço, capacidade de manejo e número de aves para reintrodução.
“Essa operação não é uma transação comercial e nenhuma arara-azul-de-lear ou qualquer outra ave foi vendida”, afirma o documento repassado a ((o))eco pelo alemão Martin Guth, presidente da ACTP.
O acordo com a indiana Greens Zoological Rescue and Rehabilitation Centre (GZRRC) teria sido comunicado ao Governo Brasileiro em novembro passado. Todavia, Ibama e ICMBio afirmam não saberem do acordo para exportação das aves exclusivas do Brasil, como pede a Cites.
“É falsa a informação de que a parceria entre a ACTP e o zoológico da Índia foi reconhecida pelo governo brasileiro”, ressaltaram as autarquias federais a ((o))eco, por email.
Conforme os órgãos ambientais, a ACTP comunicou apenas a possibilidade de parceria com a empresa indiana, mas não detalhou o acordo e nem mencionou possíveis repasses de ararinhas-azuis da Alemanha à Índia.
Em dezembro passado, o ICMBio não atendeu a um pedido da ACTP para ingresso do zoológico no programa de conservação da ararinha-azul, pois a empresa asiática nunca apresentou os pedidos para adesão formal à iniciativa.
*Editado às 23h30, do dia 06/11/2023 para acrescentar a posição do Ibama e ICMBio.
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Odeio qualquer tipo de exploração animal…mascarado de criadores estes traficantes que deveriam ficar presos. Aves são livres!
É óbvio que o comércio ajuda na conservação se for feito de forma séria. Se a ararinha fosse uma espécie permitida a criação em cativeiro como curió etc, não teria sido extinta.
Vão vocês viver em cativeiro, bando de ignorantes!
Sempre encontram um meio de traficar nossas aves.
O governo finge que não vê.m