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Painel debate rastreabilidade da carne e desafios da comunicação ambiental

Em webinário, jornalistas especializados defendem transparência na cadeia da carne e fomento ao debate público sobre créditos de carbono

Júlia Mendes ·
22 de julho de 2025

O último painel da Webinar “COP30: Floresta Amazônica e Soluções Climáticas”, realizado nesta sexta-feira (18), teve como tema central “mídias e jornalismo sob uma lente crítica”. Os jornalistas Alexandre Mansur e Sérgio Teixeira debateram tópicos como a importância da rastreabilidade bovina e do fomento de discussões e de conhecimento sobre créditos de carbono. 

“Qual a prioridade do Brasil no controle do clima?” foi o primeiro questionamento feito por Alexandre Mansur, sócio do “O mundo que queremos”. A pecuária é a maior fonte de emissões do Brasil, de acordo com o gráfico apresentado pelo jornalista. “A primeira pergunta é se a gente está atribuindo o peso certo às fontes e  às responsabilidades certas  e se a gente está tendo as conversas certas”, disse. Como caminhos possíveis para solucionar o problema, Mansur apresentou o Radar Verde, um indicador que visa mostrar para os consumidores e financiadores quais são os frigoríficos e supermercados que têm maior grau de controle e transparência sobre sua cadeia da carne. Em 2024, a iniciativa mapeou 146 empresas detentoras de 191 plantas frigoríficas. 

Editor do Reset Capital, Sérgio Teixeira concordou que a rastreabilidade do gado e acompanhamento das fazendas em que os bois são criados são tópicos essenciais que, apesar de estarem atrasados na apresentação de dados, “é um tipo de informação essencial e a gente está procurando saber como obter”. Além disso, ele citou também o incentivo à maior produtividade na pecuária brasileira, o que  envolve uma série de medidas a serem tomadas, como por exemplo a maior qualidade do pasto “O boi, quando come mal, demora mais pra engordar, passa mais tempo vivo, e portanto, mais tempo arrotando. O problema disso é o dinheiro, há pouco recurso”, explicou. Uma alternativa para esse financiamento, segundo ele, é vislumbrar o mercado de carbono. “A gente acredita no reset que é uma questão econômica, que deve ser resolvida de forma financeira”, completou.  

Como formas de enfrentar as crises climática e ambiental, os jornalistas opinam que há sim caminhos para uma mudança positiva. Sérgio diz que, de certa forma, é otimista, assim como outras pessoas que também não desistiram e vêm procurando soluções. “Nossa ideia no reset é contar as histórias de quem está tentando e se esforçando. Nem sempre vai dar certo. Mas não podemos desistir. E temos que dar publicidade e divulgar as experiências de quem está tentando fazer dar certo”,  disse. 

Já Mansur enfatizou a importância da percepção do agro nesse processo. “Acho que é até o setor agropecuário brasileiro entender o quanto ele está ligado a florestas. Se você ouvir eles falarem o quanto precisam dessa floresta para chuvas, que alimentam a produção, e da estabilidade climática que sustenta a produção, aí a gente pode ter esperança”, explicou.  

O painel teve quase uma hora de duração e pode ser visto, na íntegra, aqui: 

  • Júlia Mendes

    Estudante de jornalismo da UFRJ, apaixonada pela área ambiental e tudo o que a envolve

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