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Projeto monitora Gavião-de-penacho no Triângulo Mineiro

Ave está no topo da cadeia alimentar e serve como indicador biológico de que a floresta (ou o fragmento que sobrou dela) está bem preservada

Daniele Bragança ·
11 de setembro de 2017 · 7 anos atrás

 

Instalação do Radio Transmissor GPS, feita pelos pesquisadores Eduardo Pio Mendes Carvalho Filho e Rodrigo Guimarães Armond. Foto: Eduardo Pio Carvalho.
Instalação do Radio Transmissor GPS, feita pelos pesquisadores Eduardo Pio Mendes Carvalho Filho e Rodrigo Guimarães Armond. Foto: Eduardo Pio Carvalho.

O gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) não costuma dar o ar da graça em locais onde a mata não esteja minimamente preservada e por isso foi uma surpresa para pesquisadores da Global Falcons, que monitoram a espécie em fragmentos do Cerrado e da Mata Atlântica, encontraram o animal no Triângulo Mineiro, região dominada pela agroindústria, onde só existem pequenos fragmentos de mata.

A ave de rapina foi encontrada na mata que fica às margens dos reservatórios Amador Aguiar I e II, da Capim Branco Energia, consórcio responsável pelas hidrelétricas que financia o projeto de monitoramento do gavião-de-penacho. O objetivo é monitorar a qualidade ambiental do reservatório.

Os pesquisadores colocaram um rádio transmissor via satélite no final de 2016. O aparelho envia quatro sinais por dia para os pesquisadores, mostrando por onde a ave anda passeando. E foi assim que eles descobriram que o bichano gosta de áreas protegidas. “Percebemos que no Triângulo Mineiro, ele passou, alojou três dias no Parque Estadual do Pau Furado, que é uma reserva de direção do IEF. Estamos mostrando a importância de termos essas unidades de conservação para manter a biodiversidade local, seja do Cerrado ou da Mata Atlântica”, afirma o engenheiro florestal Eduardo Pio Mendes Carvalho Filho, coordenador do projeto e proprietário da Global Falcons, especializada em pesquisa com aves de rapina.

Radio transmissor pesa apenas 22 gramas e foi feito para não incomodar a ave. Foto: Divulgação.
Radio transmissor pesa apenas 22 gramas e foi feito para não incomodar a ave. Foto: Eduardo Pio Carvalho.

No último monitoramento, o gavião se deslocou para Goiás, foi até quase Caldas Novas e voltou para Minas, na região de Patrocínio. Em média, a ave pode se deslocar até 40 quilômetros num dia.

O próximo passo do projeto será colocar mais cinco rádios-transmissores em gaviões-de-penacho espalhados pela Mata Atlântica e Cerrado. O resultado a longo prazo deverá ser apresentado num artigo científico de alguma revista acadêmica.

“Sabemos que o Centro-Oeste é uma região voltada para a agroindústria, sabemos a importância [do setor] da agroindústria para o PIB nacional, e qual o valor econômico, ambiental que estamos [a sociedade] pagando por isso? É uma pergunta que o projeto mostrará: como que conservando essa espécie, automaticamente vai conservar todo o seu nicho ecológico abaixo dele. São répteis, mamíferos e até a cobertura vegetal,  que é de grande importância”, explica Carvalho.

 

Gavião em busca de nova casa. Foto: Divulgação.
Gavião em busca de nova casa. Foto: Eduardo Pio Carvalho.
Em busca do gavião de penacho no Vale do Rio Araguari. Acima, os pesquisadores Giancarlo Zorzin e Rodrigo Guimarães Armond. Foto: Divulgação.
Em busca do gavião de penacho no Vale do Rio Araguari. Acima, os pesquisadores Giancarlo Zorzin e Rodrigo Guimarães Armond. Foto: Eduardo Pio Carvalho.
Detalhe da Anilha do CEMAVE. Foto: Divulgação.
Detalhe da Anilha do CEMAVE. Foto: Eduardo Pio Carvalho.
Áreas fragmentadas do Triângulo Mineiro. Foto: Divulgação.
Áreas fragmentadas do Triângulo Mineiro. Foto: Eduardo Pio Carvalho.

 

 

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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