Talvez o leitor tenha visto, nos últimos dias, um vídeo de dois tatus em pleno ato reprodutivo. O que o leitor talvez não saiba é que este registro é raríssimo e potencialmente inédito. Trata-se da cópula do tatu-canastra (Priodontes maximus), o maior tatu do mundo, realizada na beira de uma estrada de terra e em plena luz do dia – algo também pouco usual para espécie, que é mais ativa durante a noite e de hábitos discretos.
A filmagem trouxe informações importantes para a equipe do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), que executa, desde 2010, um projeto dedicado à espécie. De acordo com uma postagem na página do Projeto Tatu-canastra, o registro ajuda a comprovar duas hipóteses que já haviam sido levantadas pelos pesquisadores sobre a espécie. A de que o tatu-canastra tem um dos maiores pênis em relação ao tamanho do corpo dentre todos os mamíferos terrestres – “um adulto tem em média 30 cm e como podemos ver no vídeo, isso é essencial para que o macho possa “alcançar” a fêmea”. E o porquê das pernas traseiras do tatu macho serem mais longas que as da fêmea. “Machos e fêmeas de tatu-canastra tem medidas corporais muito parecidas. Uma das únicas exceções é o tamanho das pernas traseiras, pois os machos sempre têm pernas mais longas. Acreditamos que isso é mais uma adaptação para ajudar o macho a alcançar a fêmea no momento da cópula. E pelo que vimos nestas imagens, todo centímetro conta, pois é possível observar que esse macho parece estar quase na ponta dos pés!”, comenta a publicação feita pela equipe do projeto.
Não se sabe, entretanto, de quem é a autoria do vídeo, que vem circulando pelas redes sociais. Além de poder dar os créditos autorais devidos, a equipe do Projeto Tatu-canastra solicita que quem souber quem é o autor da filmagem entre em contato, para que eles possam ter mais informações sobre o local e a circunstância em que o registro ocorreu.
Em 2020, um artigo sobre a maturidade sexual do tatu-canastra já apontava que “o tamanho importa” na reprodução dos tatus. Ainda de acordo com a pesquisa, estima-se que a espécie, classificada como Vulnerável à extinção, atinge a maturidade sexual apenas entre 6,5 e 8 anos. Mais de 5 anos depois do que se imaginava inicialmente.
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