Após passar uma noite preso, o secretário estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso, André Luís Torres Baby, pediu exoneração do cargo. O secretário foi preso na noite de terça-feira (18) por agentes da Delegacia de Meio Ambiente (Dema) após ser acusado de cometer fraudes milionárias no Cadastro Ambiental Rural (CAR) do estado. André Baby pediu exoneração da função para se dedicar à sua defesa.
O secretário foi preso no âmbito da Operação Polygonum, que investiga esquemas de fraude no Cadastro Ambiental Rural (CAR), registro eletrônico obrigatório para todos os imóveis rurais. Até o momento, oito pessoas já foram presas ligadas à secretaria de Meio Ambiente.
Uma das fraudes consistia em deslocar o polígono da propriedade rural para áreas com cobertura vegetal, o que deixava o proprietário livre de punição por desmatar a reserva legal, parte da propriedade reservada para a conservação. Quem está em débito com a reserva legal será obrigado a recompô-la ou poderá perder, no futuro, acesso ao crédito rural. Parte dos proprietários achou mais vantajoso pagar um técnico da Secretaria para fraudar o sistema da própria secretaria.
Na semana passada, cinco pessoas foram presas por fraudes na Sema: o ex-superintendente da Sema, João Dias, os ex-assessores técnicos Alan Richard Falcão Dias, Hiago Silva de Queluz e Bruno César Caldas e o ex-analista da secretaria, Guilherme Augusto.
Em nota, o governo do estado de Mato Grosso declarou que, desde o início das investigações, a Secretaria trabalha “em parceria com os órgãos de controle para apurar as eventuais fraudes no Sistema Mato-grossense de Cadastro Ambiental Rural (Simcar)”.
Ainda segundo a nota, os 595 cadastros sob suspeita estão em auditoria “e desde o dia 23 de novembro a pasta vem conferindo publicidade e transparência aos registros que foram cancelados ou reativados, por meio do Diário Oficial”. O governo do estado também afirmou que está à disposição da Justiça e dos demais órgãos de controle.
Prisão revogada
André Baby teve a prisão revogada pelo desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que determinou a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares. Baby está proibido de se comunicar com testemunhas e envolvidos no caso da Operação Polygonum e deverá usar tornozeleira eletrônica.
Segundo consta em relatos da imprensa de Mato Grosso, a decisão da prisão do secretário teria saído depois que uma ex-servidora da Sema o delatou. Ela teria entregue conversas de WhatsApp com supostas ordens de Baby para executar fraudes na pasta.
O ex-secretário é analista ambiental da Sema desde 2005. Engenheiro florestal de formação, ele ocupava o cargo de secretário estadual de Meio Ambiente desde 2017.
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Bagaçada de gente. Ferro neles.