O impasse entre o governo da Venezuela e outros países americanos mantém em suspensão criogênica a candidatura do Brasil a sede da COP25, a conferência do clima de 2019. O assunto não se resolveu nas primeiras semanas de 2018, e deve ser um dos temas de conversa na reunião da Convenção do Clima de Bonn, em maio.
No final da COP23, a conferência de Fiji, que também aconteceu em Bonn, em novembro passado, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, ofereceu o Brasil como sede da COP. A oferta chegou a ser registrada num documento que foi ao ar no site da convenção (a UNFCCC) logo antes da plenária final da COP. O texto havia sido encaminhado pela presidência paraguaia do Grupo da América Latina e Caribe (Grulac), um dos grupos regionais da ONU, que reúne 33 países da região. O papel foi retirado logo em seguida, porque o consenso não estava maduro — ou melhor, Maduro não estava no consenso: os venezuelanos não queriam.
A Venezuela vem barrando todas as nomeações e indicações no âmbito da ONU que venham do chamado Grupo de Lima. Esse grupo político foi formado por 11 países das três Américas (incluindo Canadá e México) no ano passado, após o presidente Nicolás Maduro ter empossado a Assembleia Constituinte chavista, que driblou o Congresso eleito venezuelano e transformou o país, efetivamente, numa ditadura. O Grupo de Lima não reconhece a Constituinte venezuelana e tem se manifestado contra a “ruptura da ordem democrática” na Venezuela. Segundo o OC apurou, seus membros, entre eles o Brasil, também vêm atuando para tesourar o regime de Maduro na ONU. Há dúvidas internas sobre a continuidade dessa estratégia.
A consequência da briga é que nenhuma candidatura do Grulac vem sendo aprovada, já que o grupo, como o restante das Nações Unidas, decide por consenso. Entre os danos colaterais está a COP25, que segue de molho.
Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo. |
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