As histórias de cinco pessoas, que possuem uma relação muito próxima e única com a natureza da cidade maravilhosa, são compartilhadas por Rafael Duarte, documentarista e fotógrafo carioca. Em cinco episódios, é possível assistir aos diferentes pontos de vista na websérie “Rio de Diferentes Olhares”, pela produtora Bambalaio.
A websérie é um desdobramento do projeto fotográfico “RIO”, publicado em forma de livro em 2019, no qual o documentarista passou 10 anos buscando ângulos inusitados para apresentar o Rio de Janeiro de uma maneira ainda não vista. Há dois anos, quando começou a praticar esportes, ele conta que passou também a levar sua câmera para as trilhas ou para pedalar e, dessa forma, redescobriu a cidade. “Praticar esportes e estar em contato com a natureza me fez reconectar e redescobrir a cidade, e aí eu comecei a fotografar e não só explorar os parques como comecei também a subir em cima dos prédios, subir em cima dos monumentos da cidade. E essa obsessão ‘do bem’ de procurar ângulos diferentes que revelassem essa integração da cidade com a natureza me fez conhecer pessoas incríveis”, conta Rafael.
Com o livro, ele conseguiu compartilhar fotografias novas sobre essas experiências, mas ainda era o seu próprio olhar. Sua motivação se tornou, então, mostrar a cidade maravilhosa a partir do ponto de vista de outras pessoas, essas que, como ele observou, viviam de forma integrada à natureza, neste grande “parque de diversões do esporte”. Com esses depoimentos, ele busca apresentar como o contato diário com a vista natural da cidade age por cima de cada ser humano. E assim, nasceu o Rio de Diferentes Olhares.
O ser humano, a natureza e o esporte
Além do desejo de documentar e compartilhar esses diferentes pontos de vista, a websérie também tem uma função de despertar o desejo naqueles que a assistem, de conhecer esse lado natural da cidade e, assim, protegê-la. Duarte, nascido no Rio e apaixonado pela capital, explica que o carioca médio tem o hábito de ir para a praia no final de semana, mas não de ir à floresta. Ele acredita que se isso mudar com o tempo, e as pessoas sentirem interesse em estar e criar vínculos com esse espaço, existe a chance de preservar os ambientes, pois para conservar, é necessário conhecer. “Ninguém cuida daquilo que não conhece, então o filme busca despertar essa sensação de pertencimento e essa vontade de estar com as pessoas, estar com a família (…) esse contato com a natureza não só traz bem estar e qualidade de vida, mas também traz consciência ambiental e sensação de pertencimento, sabe? As pessoas desenvolvem vínculos afetivos com os espaços que elas frequentam”.
Um ponto importante que a websérie aborda é a relação que o esporte tem com o tema. Ele acredita que o exercício físico é o elo que pode juntar as pessoas à natureza. Pode-se observar isso pelos próprios personagens.
Chico é ultramaratonista e estrela do primeiro episódio. Natural do Ceará, ele chegou no Rio ainda na adolescência em busca de construir uma carreira profissional e descobriu na corrida pelas florestas da cidade uma vocação e se tornou um expoente do esporte.
O segundo episódio traz Erika Sedlacek de Almeida, uma atleta de highline (fita de longo comprimento instalada sobre cânions) que sonhava em fugir com o circo, mas se encontrou no esporte que a permitiu fazer manobras corporais nas alturas.
Montanhista e engenheiro, Giuseppe Pellegrini, o Pellé, é o funcionário mais antigo do Bondinho Pão de Açúcar e sua história é foco no terceiro episódio. Ele entrou para a companhia que abriga o teleférico mais famoso do mundo por conta da prática da escalada, onde trabalhou por quase seis décadas e já escalou o morro mais de 3.500 vezes.
Larissa Cunha possui toda a atenção no episódio 4. Ela é bióloga ornitóloga que pesquisa os ninhais de atobás e fragatas do Monumento Natural das Ilhas Cagarras. Para chegar aos ninhais, é necessário fazer uma pequena natação no mar do barco até as ilhas e escalá-las.
E um piloto e recordista de voos livres duplos, Ruy Marra, pesquisador em neurociência, que inventou a Yoga no céu, prática com base científica em neurociência que visa evitar o medo das pessoas através de estímulos emocionais a 500m de altitude.
Rafael Duarte, que para contar essas histórias, mergulhou de cabeça no cotidiano dessas pessoas, conta que a experiência mudou um pouco sua relação com a cidade: “Eu pude sair do meu ponto de vista e mergulhar de forma muito intensa na rotina de outras pessoas, e quando se faz isso, você exercita muito a empatia, a saída da zona de conforto, até porque uma produção dessas propõe muitos desafios… Eu com certeza fortaleci meu vínculo com a cidade e desenvolvi minha empatia com esses personagens que estão lá trabalhando e se relacionando de uma forma muito única e especial”, conta.
Todos os episódios da websérie estão disponíveis aqui.
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Muito bom! Estava agora com uma bela cigarra em minhas mãos ( briguei com o gato para salva lá kkkk) e suas informações foram bem úteis. 😁