Análises
20 de dezembro de 2005

O sapo esquecido

De Sérgio GreifBiólogoPrezado editorLi hoje a matéria "O sapo esquecido", de autoria de Manoel de Brito, sobre o estudo da bióloga Pilar Guido Castro sobre o sapo Melanophryniscus moreirae, do Itatiaia. O que me intrigou não foi tanto o fato desta espécie não ter sido objeto de estudos mais aprofundados por todos estes anos desde que foi descrita, pois a maior parte dos animais e plantas ainda não receberam tal atenção, nem o fato da bióloga ter trabalhado 20 horas seguidas duas vezes por mês, enfrentando frio e chuva, pois esta é uma atividade corriqueira para os biólogos de campo. O que mais me intrigou foi a expressão que a matéria traz, "Sorte do sapo." Ao que parece, segundo a matéria, a bióloga "capturou, marcou, pesou e mediu mais de 400 sapinhos." Me pergunto de que forma teria a bióloga marcado 400 sapinhos? Poderiamos considerar que estes animais tiveram sorte ou sorte mesmo seria que permanecessem "ilustres desconhecidos"? O método de marcação de animais varia de grupo para grupo. Por exemplo aves podem ser anilhadas, mamíferos (dependendo do porte) podem receber cortes em padrões diferentes no pêlo ou coleiras, jabutis e insetos podem ser marcados com um esmalte especial. Mas como a bióloga teria marcado sapinhos de 1,3 cm e pesando 2,5 gramas? Certamente o esmalte não poderia ser utilizado, devido à espessura e permeabilidade da pele destes animais.Quero acreditar que a bióloga não tenha utilizado a técnica, infelizmente muito em uso, que consiste em quebrar os artelhos (dedos) dos animais em cada membro, criando um código particular de numeração. Esta técnica seria não apenas extremamente cruel com os animais, como também comprometeria os resultados da pesquisa, uma vez que animais com artelhos quebrados tornam-se mais dificeis de serem recapturados do que seus pares com 4 artelhos em cada pata. Ainda, sapinhos com os artelhos quebrados tornam-se mais suceptíveis a infecções, perdem sua destreza manual e podem parar de se alimentar, o que poderia leva-los a morrer. A contagem destes animais, portanto, seria duvidosa, pois a quebra de seus artelhos interfere com suas taxas reprodutivas e eles provavelmente não contribuem com a geração seguinte. Michael A. McCarthy e Kirsten M. Parris, da Universidade de Melbourne (Austrália), demonstraram em um estudo ("Clarifying the effect of toe clipping on frogs with Bayesian statistics" Journal of Applied Ecology (2004) 41, 780 -786) que para cada artelho removido, após o primeiro, as chances de recaptura diminuem em média de 4 a 11%. A chance de recaptura de um anuro sem dois artelhos corresponde a 96% da chance de recaptura de um anuro sem um artelho. A chance de recaptura de um anuro sem oito artelhos corresponde a 28% da chance de recaptura de um anuro sem um artelho. Uma das conclusões apresentadas por eles é que a quebra de artelhos produz resultados deturpados em estudos populacionais, pois diminui de modo significativo as chances de recaptura.Não faz sentido estudar ou monitorar populações adotando uma metodologia que interfira com o comportamento e as chances de sobrevivência dos animais. Não estou com isto querendo dizer que a metodologia empregada pela bióloga tenha sido esta, mas caso tenha sido, os resultados de sua pesquisa não terão servido para absolutamente nada, pois a metodologia empregada terá sido questionável. Não terá havido nenhuma contribuição à ciência nem para a conservação desta espécie.CordialmentePrezado Sergio,Grato, antes de mais nada, pela sua leitura do meu texto, de O Eco, e pelo tempo que voce dispensou para escrever sua mensagem. É sempre bom sabermos que temos leitores, ainda mais leitores tão atentos.Ao contrário de voce, a mim, a vários biólogos com quem conversei e a grande maioria dos leigos, é supreendente que bicho tão óbvio no planalto do Itatiaia demorasse tanto tempo para ter a sua ecologia estudada.Quanto ao destaque dado às longas horas de trabalho, sei bem que isso é comum ao trabalho de qualquer cientista que está fazendo pesquisa de campo. Mas a maior parte das pessoas não têm familiaridade com a atividade, por exemplo, de voces biólogos. E O Eco, que tem entre seus leitores muita gente que não sabe patavina sobre as demandas de uma pesquisa científica, acha importante deixar claro que o que voces fazem não é apenas relevante, mas fisica e intelectualmente extenuante.Sobre a marcação, o método empregado foi justamente o que voce aponta. Como seu texto mesmo lembra, ele ainda é muito usado e as críticas que vem recebendo relativamente recentes. Vamos deixá-las registradas nas páginas de O Eco publicando sua carta.Um abraço, Manoel Francisco Brito

Por Redação ((o))eco
20 de dezembro de 2005
Notícias
20 de dezembro de 2005

Espertos

O governo americano tenta aprovar a exploração de petróleo e gás no Alaska incluindo a questão numa lei de gastos com defesa em geral. O truque não colou e gerou muito bate-boca no Senado. Os republicanos, que não vêm a hora de perfurar o Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico para garantir a “independência” de petróleo dos Estados Unidos, acusam os democratas e ambientalistas de serem antipatrióticos. De estarem impedindo a aprovação de uma lei que inclui verba para questões de segurança nacional, como combate ao bioterrorismo, à gripe aviária e dinheiro para as tropas no Iraque. Mas os opositores ao projeto de exploração dizem simplesmente que o que está sendo posto em votação é um presente de natal para a indústria de petróleo americana, diz o Chicago Tribune.

Por Redação ((o))eco
20 de dezembro de 2005
Notícias
20 de dezembro de 2005

Super mãe

As lulas sempre tiveram fama de serem mães desnaturadas, de depositarem seus ovos no fundo do mar e abandoná-los à própria sorte. Mas cientistas americanos acabaram com esse mito ao descobrirem uma espécie, em águas profundas na Califórnia, que é uma mãezona. Ela carrega em seus longos braços, durante meses, de dois a três mil ovinhos e a cada 30 segundo se movimenta de uma forma especial para oxigenar as crias, já que o oxigênio no fundo do mar é rarefeito. O The New York Times publicou fotos impressionantes da mamãe Lula.

Por Redação ((o))eco
20 de dezembro de 2005
Notícias
20 de dezembro de 2005

Peixe leva óleo

Segundo especialistas, se a indústria pesqueira pudesse ser comparada a um país, ela seria a 18ª nação que mais consome petróleo no mundo. Uma quantidade equivalente a da Holanda. Á medida que as espécies vão escasseando no mar, os navios precisam navegar cada vez mais e a eficiências deles em uso de combustível só piora. O outro lado da moeda é que, a dependência no petróleo pode levar 30% da frota européia de pesca a ficar parada neste inverno por causa do alto custo do combustível, diz reportagem do The New York Times. Pelo cálculo dos pesquisadores, a indústria pesqueira é responsável por 1,2 % do petróleo consumido no mundo.

Por Redação ((o))eco
20 de dezembro de 2005
Notícias
20 de dezembro de 2005

Leões na estrada

Fiscais do Ibama resgataram ontem cinco leões na estrada mineira MG-427, próximo a Uberaba. Os animais foram abandonados de madrugada dentro de uma carreta e viraram atração turística de quem passou por lá. Segundo o Ibama, donos de circo costumam abandonar os felinos quando eles ficam velhos ou começam a dar muita despesa. Segundo o instituto, existem pelo menos 100 leões sem dono no Brasil. Em fevereiro, o Ibama conseguiu repatriar 10 para a África. Foram doados para um zoológico na África do Sul, explica o Estado de São Paulo.

Por Redação ((o))eco
20 de dezembro de 2005
Análises
19 de dezembro de 2005

Favelas 3, meio ambiente zero

De Alexandre de AbreuMuito bom o artigo de Eduardo Pegurier, O que nao posso concordar eh que prevaleceu o discurso politicamente correto, em beneficio da sociedade. Ou seja dos favelados. O politicamente correto, seria prevaler o sentido de coletividade social, onde a preservacao ambiental supera qualquer iniciativa de colocar o individual (favelados) a frente do social ( todos que vivem no Rio).

Por Redação ((o))eco
19 de dezembro de 2005
Colunas
19 de dezembro de 2005

Muito jacaré?

Muitos afirmam que o número de jacarés na Amazônia é “excessivo”. As pessoas se esquecem da seca que afetou a região e de como ela alterou a vida dos bichos.

Por Marc Dourojeanni
19 de dezembro de 2005
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