A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou hoje (26) uma Campanha Urbana Mundial em prol da criação de cidades mais sustentáveis. A iniciativa foi tomada pela ONU em parceria com diversas entidades a partir da constatação de que o mundo precisa se unir para lidar com os problemas trazidos pelas mudanças climáticas, como a intensificação de desastres naturais, com as freqüentes crises energéticas e alimentares que vários países hoje vivenciam e com a constatação de que as cidades são agentes e vítimas de tais problemas. O lançamento da iniciativa foi feito durante o 5º Fórum Urbano Mundial, realizado segunda até hoje na capital carioca.
A idéia da campanha é unir cidades em todo o mundo – não só por meio dos governos, mas também da sociedade civil organizada e setores produtivos – na troca de experiência, tecnologias e recursos para a construção de cidades resilientes, isto é, capazes de se adaptar às mudanças climáticas e mitigar seus efeitos, além dos desafios sociais. A campanha será coordenada pelo programa da ONU para habitação, a ONU-Habitat.A idéia da ONU é começar a campanha com a adesão de 100 cidades.
Além desta iniciativa, a Campanha Urbana Mundial também vai disponibilizar na internet uma base de dados de boas políticas de atuação e um catálogo de métodos e ferramentas de gestão a serem aplicadas para a criação de cidades mais sustentáveis, além de realizar encontros, estimular estudos e concursos sobre os temas urbanos.
“A tarefa que temos diante de nós é imensa, mas trata-se de um trabalho que deveríamos ter feito ontem. Trabalharemos para a aceitação universal de que o mundo se tornou urbano”, disse a diretora-executiva da ONU-Habitat, Anna Tibaijuka, durante o encerramento do evento.
Resultados múltiplos
O lançamento da campanha foi apenas um dos vários resultados do 5º Fórum Urbano Mundial. Durante os cinco dias de evento, outros compromissos foram firmados, principalmente entre os setores publico e privado. O comprometimento da multinacional The Coca-Cola Company para o fornecimento de recursos para tratamento de água e esgoto em países da Ásia, África e América do Sul, e a parceria entre a GE e o governo brasileiro para a instalação de sistemas de iluminação mais eficientes durante a Copa do Mundo em 2014 foram alguns deles.
Mas, segundo participantes, o principal resultado foi a constatação de que os problemas são muito similares entre os países e que, apesar das diferenças estruturais, as soluções podem ser adaptadas, como a adoção de telhados verdes para aumentar o conforto térmico nas casas e o uso de produtos eficientes até políticas para a criação de cidades de baixo impacto.
Estrutura falha
Apesar dos bons resultados, o governo brasileiro demorou muito para liberar o recurso que seria usado no evento – o que aconteceu só no dia 23 de fevereiro – obrigando a empresa responsável pela organização fazer tudo em apenas um mês.
Todos os participantes sofreram as conseqüências. Uma falha na construção do telhado que ia do limite do teto dos armazéns onde foram realizados os encontros até a beira do cais impossibilitou a circulação do ar, fazendo com que o único local de passagem entre os armazéns se tornasse uma verdadeira estufa. Na segunda-feira, dia de grande calor no Rio de Janeiro, centenas de pessoas tiveram de ser socorridas, a maioria da equipe de trabalho, segundo um dos médicos que fizeram parte da equipe de atendimento.
Para Haidara Abdou Barakou, participante do Niger, o transporte é que deixou a desejar. “Quando chegamos no aeroporto não havia ninguém para nos recepcionar e do hotel para o local do evento era terrível”, disse.
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