Reportagens

Metas ambiciosas para a biodiversidade

ONGs presentes na reunião técnica da ONU para a Biodiversidade, no Quênia, dizem que metas para 2010-2020 não são suficientes.

Redação ((o))eco ·
19 de maio de 2010 · 15 anos atrás

O terceiro setor presente na reunião técnica da ONU para a Biodiversidade, que ocorre em Nairóbi (Quênia) até o final de maio, está descontente com o andamento dos trabalhos. Eles cobram metas mais ambiciosas aos países participantes no novo plano estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) , que deve ser aprovado na décima Conferência das Partes da CDB, em outubro, e que terá duração de 2011 a 2020.

Ontem, durante a reunião em Nairóbi, as ONGs divulgaram uma declaração conjunta  sobre o assunto. O ponto central da declaração do terceiro setor é que as metas que estão na atual proposta do plano estratégico não são suficientes para conter a perda da biodiversidade. As entidades que assinaram a declaração solicitam metas capazes de zerar a perda de biodiversidade até 2020.

Leia abaixo trechos declaração das ONGs:

Aos países-parte da Convenção sobre Diversidade Biológica:

O relatório Panorama Global da Biodiversidade 3 demonstra claramente que, apesar do progresso obtido em algumas áreas, os países-parte da Convenção sobre Diversidade Biológica falharam em atingir as metas estabelecidas para 2010.

Nós falhamos porque não abordamos as causas da perda de biodiversidade. As atuais políticas econômicas e sistemas de governança promovem o consumo exacerbado dos recursos naturais por alguns países e segmentos da sociedade. Isso está levando à destruição dos habitats, o que debilita os direitos e os meios de vida de milhões de pessoas que dependem dos ecossistemas para sobreviver.

Estamos num momento decisivo. Uma mudança fundamental é necessária e urgente. A sociedade precisa de uma nova visão que associe políticas socioeconômicas e ambientais.

Os países-parte da CDB são agora desafiados a liderar o mundo nesta direção. No entanto, o setor ambiental não pode fazer isso sozinho. Todos os outros setores relevantes, responsáveis por temas como finanças, comércio, mudanças climáticas, energia, redução de desastres naturais, saúde, agricultura, florestas e pesca, precisam agir, tanto no nível nacional quanto no internacional.

Nós reconhecemos o trabalho do Secretariado da CDB, mas a missão geral proposta não é suficientemente ambiciosa. A perda de biodiversidade deve ser interrompida até 2020.

O cumprimento de muitas das metas propostas será uma contribuição positiva para interrompermos a perda de diversidade biológica, mas elas devem ser reformuladas significativamente para serem capazes de atingir a escala dos desafios que enfrentamos.

Portanto, recomendamos:

1. Reformular a missão geral, de acordo com o que segue:

“Até 2020, a perda de biodiversidade deve ser interrompida, os ecossistemas devem estar restaurados e os valores e benefícios da biodiversidade e dos ecossistemas devem ser compartilhados equitativamente e plenamente integrado a todos os aspectos do desenvolvimento. Todos os países-parte devem ter os meios para isso”.

2. Reformular as metas para assegurar que os seguintes temas sejam adequadamente abordados:

• O engajamento dos governos no mais alto nível para integrar a biodiversidade a portfólios relevantes, por meio do estabelecimento de comitês intersetoriais liderados por chefes de Estado.
• A identificação de passos, mecanismos e cronogramas concretos para integrar processos, benefícios e valores da biodiversidade ao desenho de políticas econômicas e à contabilidade dos países, para a saúde e o benefício de toda a sociedade e considerando as dimensões sociais, culturais e de governança da biodiversidade.
• A urgente prevenção da perda de habitats em todos os tipos de ecossistemas, por meio de planejamento territorial efetivo, manejo, uso sustentável e boa governança, com pleno respeito aos direitos de povos indígenas e comunidades locais.
• A integração dos objetivos da CDB a acordos multi-laterais relevantes. Em particular, decisões da Convenção sobre Mudanças Climáticas sobre mitigação e adaptação devem incluir abordagens com base nos ecossistemas que: mantenham ou ampliem a biodiversidade; contribuam com os meios de vida; reconheçam e respeitem os direitos de povos indígenas e comunidades locais; e mobilizem recursos adequados, de forma transparente e equitativa.

Nós incitamos os países-parte da CDB a anunciar compromissos nacionais para avançar nesses quatro temas antes da COP 10/CDB em Nagoya.
Estamos em uma encruzilhada. Como o relatório Panorama Global da Biodiversidade 3 avisa, sem ações rápidas, radicais e criativas, nós nos encaminharemos rapidamente para a destruição da vida na terra. Nossas organizações solicitam que os países-parte aproveitem essa oportunidade para tomar medidas concretas que vão transformar os pontos acima em realidade. Estamos ansiosos para trabalhar juntos durante a próxima década, que certamente será a Década da Biodiversidade para a Organização das Nações Unidas, garantindo que vamos conseguir colocar o planeta de volta em uma rota sustentável.

1. Birdlife International
2. BGCI — Botanic Gardens Conservation International
3. Conservation International
4. EcoNexus
5. Ecoropa
6. Forest People’s Programme
7. Fundación Vida Silvestre Argentina
8. Global Forest Coalition
9. Global Invasive Species Programme
10. Greenpeace
11. Japan Civil Network for Convention on Biological Diversity (approximately 80 member organisations)
12. Plantlife International
13. The Gaia Foundation
14. The Timberwatch Coalition, South Africa
15. TRAFFIC
16. VAS – Green Environment Society (federation of 50 organisations in Italy)
17. Wetlands International
18. WWF

Leia mais:
– A biodiversidade vai mal

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