O aquecimento global combinado com mudanças no uso da terra pode afetar 80% da biodiversidade das florestas únidas da América Central e América do Sul até 2100, segundo um artigo publicado esta semana na edição online da Conservation Letters. Os dados demonstram que apenas as mudanças climáticas, sem levar em conta outros fatores, podem alterar até dois terços da biodiversidade nesta região do planeta.
O estudo, liderado por Greg Asner, do departamento de Ecologia Global da Carnegie Instituition, é o primeiro a combinar dados aquecimento global, do desflorestamento e exploração de madeira de todos os ecossistemas úmidos do planeta. Ele demonstra que, no final do século, apenas entre 18% e 45% das plantas e animais que hoje formam ecossistemas tropicais úmidos vão se manter como são encontrados hoje.
Os cientistas utilizaram mapas de desmatamento e exploração de madeira feitos por satélites e dados de alta resolução, combinados com projeções feitas por 16 modelos climáticos. Os cenários foram comparados às projeções de como as espécies podem estar distribuídas em 2100. Atualmente, cerca de metade das plantas e animais da Terra vivem em florestas tropicais.
Na África, as mudanças podem atingir até 70% da biodiversidade, se a exploração de madeira e as mudanças climáticas não forem interrompidas. Na região do Congo, entre 35% e 74% da área pode ser afetada. As projeções sugerem que as mudanças climáticas podem ter um papel menor nas alterações da biodiversidade na Ásia e Ilhas do Pacífico Sul e Central. Os pesquisadores demonstram que 77% da biodiversidade desta região é suscetível as efeitos das mudanças no uso da terra.
“Este estudo é a mais forte evidencia até agora que os escossistemas naturais do mundo podem sofrer profundas mudanças – incluindo severas alterações na composição de espécies – através de influências combinadas de mudanças climáticas e uso da terra”, destaca o pesquisador do Woods Hole Research Center Daniel Nepstad, De acordo com ele, a conservação dos ecossistemas depende de uma rápido declínio nas emissões globais de gases de efeito estufa. (Vandré Fonseca)
Leia também
2024 é o primeiro ano em que a temperatura média da Terra deve ultrapassar 1,5ºC
Acordo de Paris não está perdido, diz serviço climatológico europeu. Confira a galeria de imagens com os principais eventos extremos de 2024 →
Obra milionária ameaça sítio arqueológico e o Parna da Chapada dos Guimarães, no MT
Pesquisadores, moradores e empresários descrevem em documentário os prejuízos da intervenção no Portão do Inferno →
Soluções baseadas em nossa natureza
Não adianta fazer yoga e não se importar com o mundo que está queimando →