Reportagens

Propostas da direita incluem construção de usinas atômicas

Programa de Levy Fidelix prevê dez novas usinas atômicas. Pastor Everaldo defende abertura de mercado para produção de energia nuclear.

Daniel Santini ·
1 de agosto de 2014 · 10 anos atrás

Dois entre os 11 candidatos à Presidência da República que protocolaram propostas no Tribunal Superior Eleitoral defendem a ampliação do uso de energia nuclear: Levy Fidelix (PRB) e Pastor Everaldo (PSC). Na plataforma de governo do primeiro, cujo slogan é “vamos endireitar o Brasil”, a ideia surge em meio a outras propostas extremas de alto impacto ambiental. Fidelix fala na “implementação de pelo menos 10 novas usinas atômicas” ao mesmo tempo em que defende o “aproveitamento da capacidade total do potencial hídrico amazônico” e a construção de “dezenas de cidades planejadas, tendo como modelo Brasília”, acompanhadas da implementação de “siderúrgicas, fábricas de carros, empresas de tecnologias e agroindustriais, amplas rodovias e rodovias”.

Já o Pastor Everaldo, cuja proposta de governo é baseada na defesa do livre mercado, apresenta a ideia no trecho em que o documento trata de energia. O PSC defende a “desestatização e abertura do mercado para produção e distribuição de energia, com ênfase na variedade de matrizes para seu barateamento, especialmente onde o Brasil possui grande abundância de matérias-primas, como energia solar, hidrelétrica, eólica, nuclear e biomassa”. Ao falar de meio ambiente, o programa do PSC fala em fortalecer um “sistema privado” para gerir recursos naturais e em reduzir a “burocracia na expedição de licenças ambientais”.

Completa o bloco de candidatos mais à direita na disputa o candidato Eymael (PSDC), cujo programa é bastante vago. No trecho sobre energia, a proposta se resume a uma frase: ” “Priorizar a ação do Governo Federal no adensamento da infra-estrutura nacional, incluindo entre as prioridades, energia, estradas, ferrovias e o sistema portuário”. Ao falar do meio ambiente, o texto é igualmente genérico. 

As três propostas reunidas neste texto têm menos de 15 páginas cada e trazem diretrizes gerais sobre as quais devem ser construídos os programas de governo, no caso de vitória nas eleições de 2014. No sexto e último texto da série especial organizada com as principais propostas ambientais dos presidenciáveis, ((o)) eco apresenta as ideias e bandeiras defendidas por Levy Fidelix, Pastor Everaldo e Eymael. Abaixo estão as principais propostas relacionadas ao meio ambiente destacadas de maneira clara e objetiva, bem como a íntegra dos trechos relacionados ao meio ambiente.

Levy Fidelix, do PRTB Foto: Divulgação/Campanha
Levy Fidelix, do PRTB Foto: Divulgação/Campanha

Levy Fidelix (PRTB) – proposta na íntegra aqui

Apesar de não falar diretamente em preservação de meio ambiente, o programa ultranacionalista cita as riquezas naturais do país como base para propostas. O PRTB defende que todos os brasileiros “são donos naturais do solo e subsolo pátrio, da biodiversidade nacional, águas, florestas e riquezas minerais, animais e oceânicas” e propõe, a partir desta ideia, a criação do título “cidadão brasileiro – Brasil 21”, representado da abertura, pela União, de uma poupança de quatro salários-mínimos para todos que nascerem no país, “resgatáveis após o beneficiário completar 21 anos”. O texto não indica a fonte de recursos para a abertura de tais poupanças.

“Aproveitamento da capacidade total do potencial hídrico amazônico e a implementação de pelo menos 10 novas usinas atômicas”

Citando os “bandeirantes”, o programa fala ainda em uma “marcha para o Centro-Oeste” com a construção de “dezenas de cidades planejadas, tendo como modelo Brasília”, acompanhadas da implementação de “siderúrgicas, fábricas de carros, empresas de tecnologias e agroindustriais, amplas rodovias e rodovias” e do aproveitamento dos “vastos potenciais hidrelétricos da região”. O partido defende ainda o “aproveitamento da capacidade total do potencial hídrico amazônico e a implementação de pelo menos 10 novas usinas atômicas”, além da redução de impostos para aproveitamento de energia solar e eólica, e incentivos no “custeio e renovação tecnológica” do uso de energias renováveis.

O programa não é dividido em capítulos e não há uma parte exclusiva sobre meio ambiente.

Pastor Everaldo, do PSC Foto: Lukas Moraes/PSC
Pastor Everaldo, do PSC Foto: Lukas Moraes/PSC

Pastor Everaldo (PSC) – proposta na íntegra aqui

Baseado na defesa do livre mercado, o programa fala de maneira genérica na criação de um “sistema privado eficiente e justo de direitos sobre recursos naturais” e em “buscar meios de premiar economicamente a compensação ambiental praticada pelo setor privado e incentivar a substituição das tecnologias poluentes através da abertura de crédito de fácil acesso”. Sobre o funcionamento da concessão de licenças para empreendimentos no país, o documento defende que “há uma distorção da ação estatal do setor, com muita burocracia na expedição de licenças e nenhuma fiscalização posterior”.

“Há uma distorção da ação estatal do setor, com muita burocracia na expedição de licenças e nenhuma fiscalização posterior”

O texto fala, também de forma genérica, em “sistematizar o licenciamento dos novos empreendimentos brasileiros, com sua desburocratização e descentralização”. O texto propõem ainda investimentos em formas de exploração que “não agridam o meio ambiente”, investimentos em proteção e preservação e “programas de redução de desperdício de insumos escassos”. No capítulo sobre agricultura, o partido defende “biotecnologia e engenharia genética no campo para aumento da produtividade”. Na parte sobre energia, fala em “desestatização e abertura do mercado para produção e distribuição de energia, com ênfase na variedade de matrizes para seu barateamento, especialmente onde o Brasil possui grande abundância de matérias-primas, como energia solar, hidrelétrica, eólica, nuclear e biomassa”.

Leia abaixo na íntegra o capítulo sobre meio ambiente:

“Estabelecer um sistema privado eficiente e justo de direitos sobre recursos naturais, gerando sustentabilidade no seu uso; investimento em formas de exploração de recursos naturais que não agridam o meio ambiente; investimento na proteção, preservação e defesa do meio-ambiente sob responsabilidade do Estado; buscar meios de premiar economicamente a compensação ambiental praticada pelo setor privado e incentivar a substituição das tecnologias poluentes através da abertura de crédito de fácil acesso; implementar programas de redução de desperdício de insumos escassos; sistematizar o licenciamento dos novos empreendimentos brasileiros, com sua desburocratização e descentralização; demais ações em defesa do uso sustentável dos recursos naturais e de preservação do meio ambiente.”

Eymael, do PSDC Foto: Divulgação/Campanha
Eymael, do PSDC Foto: Divulgação/Campanha

Eymael (PSDC) – proposta na íntegra aqui

O programa é dividido em tópicos e há um exclusivo sobre “meio ambiente sustentável”. A ideia de preservação é apresentada de maneira genérica, da seguinte forma (na íntegra): “Proteger o meio ambiente e assegurar a todos o direito de usufruir a natureza sem agredi-la, orientando as ações de Governo, o conceito que a TERRA É A PÁTRIA DE TODOS NÓS”.

O programa não traz um capítulo exclusivo sobre meio ambiente.

 

Clique aqui para ler mais sobre as propostas de outros candidatos.

 

 

 

  • Daniel Santini

    Responsável pela plataforma ((o)) eco Data. Especialista em jornalismo internacional, foi um dos organizadores da expedição c...

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