Reportagens

Biólogo usa drones para investigar a floresta amazônica

Diego Mosquera usa aeronaves não pilotadas para documentar a diversidade da fauna do Parque Nacional do Yasuní, na Amazônia equatoriana.

Infoamazônia ·
22 de abril de 2015 · 10 anos atrás

*Texto originalmente publicado no Blog do Infoamazonia, por Gustavo Faleiros.

Vista aérea da torre de observação da Estação de Pesquisa Tiputini.
Vista aérea da torre de observação da Estação de Pesquisa Tiputini.

Aeronaves não pilotadas, mais conhecidas como drones, não são apenas armas de guerra ou brinquedos de hobistas endinheirados. Cresce o número de pesquisadores utilizando a tecnologia para ampliar a capacidade de investigação. Na África, por exemplo, drones têm sido utilizados para monitorar a migração de grandes mamíferos e para o combate à caça ilegal. Na Amazônia, já existem pesquisas utilizando drones em busca de antigas civilizações e povos indígenas os empregam para proteger seus terrritórios.

Biólogo equatoriano Diego Mosquera está empregando drones para expandir sua pesquisa. Foto: arquivo pessoal
Biólogo equatoriano Diego Mosquera está empregando drones para expandir sua pesquisa. Foto: arquivo pessoal
Diego Mosquera é o coordenador da estação de pesquisa Tiputini localizada no Equador. Como biólogo, tem o privilégio de estar dentro do local que ainda hoje é considerado como um dos maiores repositórios de vida em todo planeta, o Parque Nacional do Yasuní. Em 2010, convidado pela Universidade São Francisco de Quito, que coordena a estação, fiz uma visita ao Tiputini. Foi uma das experiências mais fortes que já tive na Amazônia. No local existem torres de observação de 50 metros de altura que nos levam a uma posição acima do dossel. Dali, se tem a impressão de estar contemplando uma selva infinita.

Na ocasião da visita, Diego já trabalhava no Tiputini e nos contou sobre seu trabalho com as armadilhas fotográficas, que monitoram a incrível fauna que vive no Yasuní. Seguindo seus passos no Facebook, notei que postava fotos de uma perspectiva diferente e descobri que tem utilizado um drone para observar a diversidade amazônica em uma escala ainda maior.

“A floresta amazônica é muito diversificada na composição de plantas e imagens aéreas podem ‘mapear’ a floresta em grande detalhe para localizar determinados habitats de interesse”, ele explica.

A seleção das fotos neste artigo são imagens coletadas pelo drone do biólogo. Na pequena entrevista a seguir, ele conta quais são suas expectativas sobre como o equipamento pode ajudar na conservação.

Como começou a trabalhar na estação de Tiputini? O que você investiga?

Estudei ecologia na universidade e trabalhei em vários projetos na Amazônia quando me formei. Desde 2005, eu tive a oportunidade de trabalhar no Tiputini, pois os diretores foram meus professores. Eu coordeno um projeto que visa documentar a diversidade de mamíferos terrestres e aves através de armadilhas fotográficas, com a ideia de padrões de diversidade, circulação e utilização de recursos e ver como esses padrões mudam com o tempo.

Clique nas imagens para ampliá-las e ler as legendas

Como começou a usar drones?

Comecei a usar drones há 4 meses atrás. Os drones são muito populares nos dias de hoje e seu uso têm um grande potencial para muitas atividades. Eles têm sido usados ​​em todo o mundo para monitorar o desmatamento e caça ilegal e pesca entre muitos usos. Recentemente, tive a oportunidade de comprar um drone e estou particularmente interessado em seu uso para monitoramento da fauna e para mapeamento dos ecossistemas aquáticos e terrestres.

Já encontrou o uso para sua pesquisa científica?

Ambos os drones como armadilhas fotográficas são ferramentas de monitoramento. Nosso projeto é colocar armadilha para as câmeras do nível do solo, de modo que, em teoria, não existe uma relação direta com o uso de drones. No entanto, queremos expandir a nossa investigação para locais mais distantes e para isso os drones são muito úteis. Podemos identificar potenciais locais, avaliar a sua condição, acessibilidade e até mesmo a sua diversidade. A combinação de drones e armadilhas fotográficas nos ajuda a ter uma visão muito mais ampla da floresta e sua dinâmica. Ao usar drones salvo muito tempo e esforço e, acima de tudo causamos menos impacto, porque, como armadilhas fotográficas, drones são uma técnica não-invasiva. Ao mesmo tempo, o uso de drones em combinação com fotografia aérea nos fornece detalhes da floresta que, por vezes, não conseguem obter imagens de satélite é devido à presença de nuvens. Isso nos ajuda também a tarefas de monitoramento ambiental, como o monitoramento do desmatamento, o avanço da agricultura, a abertura de canais de acesso ilegal ou caça.

Mapa do Parque Nacional do Yasuní

 

 

Leia Também
Aviões-Robôs, os drones, ajudam a monitorar vida selvagem
Povos indígenas aprendem a usar drones para proteger seus territórios
Drones: de armas letais a aliados da conservação
Yasuní: refúgio ameaçado no colo dos Andes equatorianos

 

 

 

Leia também

Notícias
17 de março de 2014

Yasuní: refúgio ameaçado no colo dos Andes equatorianos

A junção entre a bacia amazônica e os Andes criou um dos lugares mais biodiversos do mundo, sob risco de ser destruído pela exploração do petróleo.

Notícias
27 de agosto de 2012

Drones: de armas letais a aliados da conservação

Aviões autopilotados que se destacaram em operações de guerra agora ajudam a monitorar o desmatamento e espécies raras.

Reportagens
6 de dezembro de 2024

Novas espécies de sapos dão pistas sobre a história geológica da Amazônia

Exames de DNA feitos em duas espécies novas de sapos apontam para um ancestral comum, que viveu nas montanhas do norte do estado do Amazonas há 55 milhões de anos, revelando que a serra daquela região sofreu alterações significativas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.