Inicio hoje mais uma série de artigos em tempo real, diretamente da floresta amazônica, em continuidade à comemoração dos meus 15 anos de documentação sistemática de carnívoros brasileiros, notadamente onças-pintadas. Estou agora na RDS Mamirauá, no Estado do Amazonas, a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável criada no Brasil, em 1996. O Projeto Iauaretê de conservação de onças-pintadas, do Instituto Mamirauá, é também o primeiro projeto de pesquisas em longo prazo com este felino no bioma Amazônico. Envolve captura, monitoramento e registro fotográfico pelo método de câmera-trap.
O Instituto Mamirauá é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo propósito é o desenvolvimento de pesquisas voltadas para conservação da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida das comunidades da reserva. Os moradores locais costumam trabalhar com os pesquisadores, que também têm seu trabalho facilitado pela fantástica estrutura dos alojamentos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
O projeto Iauaretê é encabeçado pelo biólogo Emiliano Esterci Ramalho. Com mestrado e doutorado na área, Emiliano completa 11 anos de pesquisa. Ele e sua equipe já acumularam um sem-número de informações a respeito da onça-pintada, principalmente em ambientes de várzea.
Clique nas imagens para ampliá-las e ler as legendas | |
A várzea amazônica é uma das áreas mais difíceis para se trabalhar, já que por cerca de 4 meses ao ano a floresta fica totalmente alagada. Assim, na maior parte do tempo, salvo em época de captura, os pesquisadores são obrigados a acompanhar as onças sentados em desconfortáveis canoas, navegando no labirinto de igapós.
Ao longo dos próximos dias quero compartilhar e detalhar as descobertas científicas do Emiliano, assim como os outros projetos de pesquisa e histórias que envolvem a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A rotina das comunidades que vivem suspensas em casas palafitas e o lendário Uacari, o macaco de cara vermelha, que moveu a criação da Reserva Mamirauá, pelas mãos do carismático primatólogo Marcio Ayres, um dos mais importantes pesquisadores que já caminhou em terras amazônicas.
O início deste trabalho não poderia ter sido melhor: duas horas após a chegada na Reserva, graças ao monitoramento de Emiliano, tivemos a honra de uma visualização ilustre: uma onça-preta deitada tranquilamente nos troncos de uma árvore apuí.
Leia também
Mamirauá: onças-pintadas sobrevivem na selva inundada
A floresta alagada da reserva Mamirauá
Instituto Mamirauá lança publicação sobre Manejo Florestal
Leia também
COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas
Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados →
Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial
Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa →
Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia
Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local →
incrível biodiversidade na amazônia !
realmente bastante interessante o projeto e as informações que apresentam.