Reportagens

Projeto Iauaretê: as onças das árvores de Mamirauá

Na várzea amazônica, os pesquisadores enfrentam condições difíceis para monitorar a onça-pintada que sobrevive na floresta inundada.

Adriano Gambarini ·
11 de maio de 2015 · 11 anos atrás

Onça-pintada melânica ‘Mamad’, com idade estimada em 6 anos. Fotos: Adriano Gambarini
Onça-pintada melânica ‘Mamad’, com idade estimada em 6 anos. Fotos: Adriano Gambarini

Inicio hoje mais uma série de artigos em tempo real, diretamente da floresta amazônica, em continuidade à comemoração dos meus 15 anos de documentação sistemática de carnívoros brasileiros, notadamente onças-pintadas. Estou agora na RDS Mamirauá, no Estado do Amazonas, a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável criada no Brasil, em 1996. O Projeto Iauaretê de conservação de onças-pintadas, do Instituto Mamirauá, é também o primeiro projeto de pesquisas em longo prazo com este felino no bioma Amazônico. Envolve captura, monitoramento e registro fotográfico pelo método de câmera-trap.

O Instituto Mamirauá é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo propósito é o desenvolvimento de pesquisas voltadas para conservação da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida das comunidades da reserva. Os moradores locais costumam trabalhar com os pesquisadores, que também têm seu trabalho facilitado pela fantástica estrutura dos alojamentos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

O projeto Iauaretê é encabeçado pelo biólogo Emiliano Esterci Ramalho. Com mestrado e doutorado na área, Emiliano completa 11 anos de pesquisa. Ele e sua equipe já acumularam um sem-número de informações a respeito da onça-pintada, principalmente em ambientes de várzea.

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A várzea amazônica é uma das áreas mais difíceis para se trabalhar, já que por cerca de 4 meses ao ano a floresta fica totalmente alagada. Assim, na maior parte do tempo, salvo em época de captura, os pesquisadores são obrigados a acompanhar as onças sentados em desconfortáveis canoas, navegando no labirinto de igapós.

Ao longo dos próximos dias quero compartilhar e detalhar as descobertas científicas do Emiliano, assim como os outros projetos de pesquisa e histórias que envolvem a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A rotina das comunidades que vivem suspensas em casas palafitas e o lendário Uacari, o macaco de cara vermelha, que moveu a criação da Reserva Mamirauá, pelas mãos do carismático primatólogo Marcio Ayres, um dos mais importantes pesquisadores que já caminhou em terras amazônicas.

O início deste trabalho não poderia ter sido melhor: duas horas após a chegada na Reserva, graças ao monitoramento de Emiliano, tivemos a honra de uma visualização ilustre: uma onça-preta deitada tranquilamente nos troncos de uma árvore apuí.

Trajeto realizado pela equipe, de Tefé à base do Instituto. | Clique para ampliar.
Trajeto realizado pela equipe, de Tefé à base do Instituto. | Clique para ampliar.

 

 

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  • Adriano Gambarini

    Fotógrafo profissional desde 1991. Vencedor do Prêmio Comunique-se, é geólogo de formação, com especialização em história natural e espeleologia, autor de 20 livros e diretor de dezenas de documentários.

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Comentários 1

  1. caio soares diz:

    incrível biodiversidade na amazônia !
    realmente bastante interessante o projeto e as informações que apresentam.