A maioria dos países presentes na 77ª reunião do Comitê Permanente da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites), em Genebra (Suíça), reprovou esta semana uma proposta que liberava o comércio de duas espécies de araras brasileiras.
Elaborado por representantes da Cites que visitaram criadouros em outros países, o texto permitiria negócios ao menos com exemplares em cativeiro da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza, e da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), em risco de desaparecer. Mesmo em criadouros, as aves pertencem ao Brasil.
Países como a Suíça e entidades como a alemã Associação para Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, sigla em Inglês) alegam que o comércio manteria projetos conservacionistas das aves, mas para o Brasil isso não ajudaria na proteção e até fomentaria crimes com as espécies.
Defendidas no encontro pelo representante do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Angelo Paulo Sales dos Santos, as preocupações do Brasil (confira aqui) com a liberação desse comércio foram acompanhadas por países como México, Honduras, Indonésia, Quênia, Burkina Faso e Benin.
“Foi por pouco, mas superamos na Cites o risco que pairava sobre nossas araras ameaçadas”, diz Dener Giovanini, coordenador-geral da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS), entidade que tornou pública a proposta comercial com as espécies exclusivas do país.
Na mesma reunião, Santos (MRE) reforçou que o Brasil nunca foi consultado ou autorizou a venda, em fevereiro, de 26 ararinhas-azuis e 4 araras-de-lear a um megazoológico na Índia. As aves foram negociadas pela ACTP, parceira do governo na reintrodução da ararinha-azul no sertão baiano.
“Não concordamos com transferências de ararinhas-azuis sem um gerenciamento coordenado pelas autoridades brasileiras. A instalação para onde as aves foram enviadas não participa formalmente do programa de controle populacional da espécie desenvolvido por nosso governo”, afirmou.
“Foi uma posição que demonstrou um claro interesse na conservação das araras e uma sinalização inequívoca de que os acordos firmados devem ser seguidos para que a conservação das espécies seja alcançada”, avalia o doutor em Zoologia pela Universidade de São Paulo (USP), Luís Fábio Silveira.
Sobre a venda de aves à Índia, o representante do Governo Alemão reconheceu que o país não solicitou todos os documentos necessários para autorizar a ACTP a enviar as 30 araras brasileiras ao Green Zoological, Rescue and Rehabilitation Kingdom, que promete ter a maior coleção mundial de espécies exóticas.
Representando 16 ongs internacionais, a alemã ProWildlife lembrou no encontro em Genebra que a ararinha-azul foi extinta da natureza sobretudo pelo tráfico para coleções particulares. Por isso, as entidades avaliam que autorizar negócios ameaça o repovoamento da Caatinga com a ave.
“Uma decisão de comercializar estabeleceria um precedente perigoso para a comercialização de outras espécies altamente valorizadas pelos colecionadores e ameaçadas na natureza”, descreve o documento apresentado pelo coletivo de entidades civis.
Isso também levanta preocupações sobre outras transferências de aves sem autorização brasileira. Afinal, a ProWildlife informou na reunião que, além das 26 ararinhas vendidas em fevereiro à Índia, ao menos mais 50 aves foram para a Bélgica, Dinamarca e Eslováquia, registra o Governo Alemão.
Diante do imbróglio internacional com espécies nativas, o ICMBio afirma que o Brasil pedirá a repatriação das 30 araras vendidas pela ACTP à Índia, como divulgou ((o))eco. A autarquia federal informou que haveria 186 ararinhas-azuis na ACTP, em Berlim.
“Há no Brasil criadores e zoológicos com experiência e condições para contribuir de forma definitiva à conservação das araras e de muitas outras espécies”, avalia Luís Fábio Silveira, também pesquisador e professor no Departamento de Zoologia da USP.
Ao mesmo tempo, o acordo com a entidade alemã para reintrodução da ararinha na Caatinga pode ser revisado, traz uma reportagem do Conexão Planeta. Em Curaçá, no interior da Bahia, são mantidas 39 aves em cativeiro e 11 já foram soltas em áreas protegidas.
“O ICMBio teve reunião em agosto com a ACTP para discutir o acordo. Há desde então conversas para revisá-lo. O governo avalia se as questões tratadas na 77ª Reunião do Comitê Permanente da CITES podem afetar a revisão do acordo”, diz o publicado.
Para o doutor em Zoologia pela Universidade de São Paulo (USP), Luís Fábio Silveira, o caso das araras brasileiras indica que é necessário melhorar o sistema da Cites para emissão de licenças comerciais. “Há toda uma cadeia documental de rastreio e custódia que precisa ser seguida com bastante atenção”, diz.
Todavia, é possível avançar em investigações no Brasil e no Exterior sobre os supostos delitos conectados à conservação das araras brasileiras, em ambientes naturais ou em criadouros autorizados. “Ainda há muito trabalho a ser feito”, avalia Dener Giovanini, da RENCTAS.
“É preciso investigar e punir quem facilitou as coisas para chegarmos a essa situação escandalosa e, mais do que isso, o Brasil precisa urgentemente rever seus programas de conservação e apoiar os pesquisadores brasileiros, para que não aconteça o mesmo com outras espécies”, ressalta.
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O que os governos estaduais e o federal precisam executar com urgência, é monitorar e FISCALIZAR com muita vontade as áreas de ocorrência destas araras. Sem este empenho sério, o tráfico vai continuar.
infelizmente.
Gostaria que o governo BRASILEIRO se manifesta se em relacao ao descaso de nossa soberania,essas ongs sao todad picaretas a servico de paises tbm picaretas