O desmatamento e as mudanças climáticas deixam a Amazônia mais vulnerável a incêndios florestais nas últimas décadas. Essa tendência persiste mesmo com a queda na velocidade da devastação a partir de 2005.
As conclusões são de um estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), que destaca que 60% das terras indígenas e 50% das unidades de conservação do ARPA já sofrem de anomalia grave de temperatura.
O conceito surgiu para explicar que a quantidade de vapor d´água lançada da floresta para atmosfera não é compensada com o volume de chuva. O que quer dizer que se nada for feito para conter o desmatamento e mitigar os efeitos das mudanças climáticas, até 2050, o mundo assistirá a savanização da Amazônia.
“A combinação do desmatamento e das mudanças climáticas provoca secas cada vez mais severas, o que acarreta em déficit hídrico, empobrecimento biológico, aumento de incêndios florestais e alta mortalidade de árvores”, explicou Paulo Moutinho, diretor-executivo do IPAM, durante o Seminário sobre o papel da biodiversidade na adaptação às mudanças climáticas, que faz parte da programação do VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que acontece de hoje (22) até sexta-feira (25), em Curitiba-PR.
De acordo com Moutinho, hoje essa perda representa mais de 10 bilhões de dólares, mas no futuro essa conta será muito mais alta. “Investir na conservação é investir no futuro econômico do país e não somente na conservação da biodiversidade”, defendeu.
Para reverter esse cenário, Fábio Rubio Scarano, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e também palestrante do seminário, defendeu um conjunto de práticas: o estabelecimento efetivo das áreas protegidas, o manejo comunitário de áreas de florestas públicas, acordos e incentivos para a conservação e restauração ecológica”.
Ele destacou também a importância dos países pactuarem um acordo climático ambicioso na próxima Conferência do Clima, que será sediada em Paris, em dezembro deste ano.
Considerado um dos mais importantes congressos da área na América Latina, o CBUC reúne especialistas e estudiosos que apresentam pesquisas e levam experiências e metodologias nacionais e internacionais com vistas à proteção da natureza.
Leia também
Cientistas buscam no alto respostas sobre a Amazônia
Proposta permite mineração em unidade de conservação
Com apoio de ONGs, Ministério Público defende constitucionalidade do SNUC contra ação de Santa Catarina
Leia também
Com apoio de ONGs, Ministério Público defende constitucionalidade do SNUC contra ação de Santa Catarina
Parecer do procurador-geral da República diz que gestores podem barrar licenciamento de empreendimentos estaduais perto de Unidades de Conservação. →
Proposta permite mineração em unidade de conservação
Relatório preliminar do novo Código de Mineração prevê a exploração mineral em áreas protegidas de uso sustentável, como florestas nacionais. →
Cientistas buscam no alto respostas sobre a Amazônia
Torre com mais de 300 metros de altura é construída na Amazônia. Ela será usada em estudos sobre a interação entre a floresta e a atmosfera. →