Quase um ano após o grande incêndio que atingiu 55 mil hectares de seus domínios (o equivalente a um terço do total) o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA) começa a se prevenir para os riscos de mais uma temporada de secas. Por enquanto, apenas dois pequenos focos de calor foram detectados, mas eles se extinguiram sozinhos graças às baixas temperaturas e alta umidade características da região nos meses de junho e julho.
“O perigo começa, de verdade, em agosto. Mas hoje finalizamos a contratação de 42 brigadistas através do Instituto Chico Mendes, e eles começam os trabalhos em setembro, baseados em dois acampamentos. Os Equipamentos de Proteção Individual também já foram licitados e adquiridos e em breve devem chegar”, explica Christian Berlinck, chefe do parque. A notícia seria comum, mas ganha em importância quando os acontecimentos de 2008 são relembrados.
À época do maior desastre registrado na história da unidade de conservação, o PrevFogo demorou um mês para enviar a primeira equipe de combatentes. Enquanto isso, centenas de voluntários lutavam contra as chamas sem qualquer estrutura, rodízio, ou proteção individual. Os equipamentos chegaram apenas quando as chuvas detiveram o fogo. “Pelo menos eles servirão para este ano”, diz Berlinck.
Grande parte da vegetação queimada já está em fase de recuperação por se tratar de gramíneas. Questionado se o turismo foi afetado nos últimos meses em função do desastre, o chefe do parque não soube responder. A explicação é simples: ainda não há guaritas e sequer cobranças de entradas. Ou seja, não há regulação do número de pessoas que visitam a unidade a cada ano.
Existem, ao menos, perspectivas de que essa realidade poderá mudar em breve. Isso porque o parque, criado em 1985, viu o seu primeiro Plano de Manejo ser finalmente publicado no dia 6 de março, quase um ano e meio após sua aprovação – em dezembro de 2007. O próximo passo será fazer a regularização fundiária da unidade, que possui 40% de suas terras nas mãos de posseiros e donos de títulos legais de propriedades. “Já temos dinheiros para a indenização dos titulares graças a recursos provenientes de compensação ambiental. Os posseiros vamos resolver depois, porque eles não podem receber qualquer quantia em função da lei”, finaliza Berlinck.
Leia também

Transição energética entra de forma discreta na terceira carta da Presidência da COP30
À comunidade internacional, André Corrêa do Lago delineia o que ele espera que seja alcançado nas negociações preparatórias de Bonn →

Que semana, hein?
Apesar das batalhas perdidas e dos ciclos que se fecham, a luta ambiental tem que seguir →

O Brasil e o mundo dão adeus a Sebastião Salgado, que viveu 81 anos de histórias e imagens
O fotógrafo dedicou grande parte da vida aos temas humanistas e ecológicos, incluindo a restauração de ambientes naturais →