Seis unidades de conservação estaduais foram riscadas do mapa pela Assembléia Legislativa de Rondônia no último dia 13 de julho. Seguindo convocação de uma sessão extraordinária pelo governador João Cahulla, os deputados aprovaram projetos de lei apresentados pelo próprio poder executivo que revogam os decretos de criação de seis áreas protegidas.
Juntas as áreas somam quase 800 mil hectares (799,702 ha). A título de comparação, o desmatamento anual de toda a Amazônia brasileira está na faixa de 900 mil hectares (dados 2008-2009). Vale lembrar que o governo de Rondônia recebeu recursos do Banco Mundial na década de 80, via Planafloro, para implementar as unidades de conservação que deixaram de existir.
A reportagem de ((o))eco está tentando uma entrevista com o governo de Rondônia para entender as motivações dos projetos de lei apresentados. Até o momento alguns fatos chamam atenção. Todas as reservas desfeitas estão em uma região de Rondônia altamente desmatada. Segundo dados do Instituto Socioambiental, o Parque Estadual Candeias é a unidade estadual de conservação mais desmatada de Rondônia, com 68% de seu território já destruído. Em seguida, vêm as Florestas de Rendimento Sustentável do rio São Domingos e rio Roosevelt, com 62% e 52% de área já desmatadas, respectivamente.
Todas as unidades estão na bacia do rio Madeira. Fontes ouvidas por este blog, indicam que a extinção das áreas protegidas segue o acordo feito entre o presidente Lula e o ex-governador Ivo Cassol (Leia reportagem Pelo PAC, até escambo de áreas protegidas) durante o licenciamento das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. Para aprovar as obras do PAC, a Floresta Estadual do Rio Vermelho, também na região, deve que ser desafetada. Em troca, o governo federal sancionou a a Lei 12.249/10 que reduziu em 65% a Floresta Nacional do Bom Futuro, em Ariquemes: de 280.000 hectares para 97.357 hectares. Embalados pela liberação de áreas protegidas já desmatadas, como é o caso de Bom Futuro e rio Vermelho, o governo de Rondônia ganhou poder nas cidades onde os 800 mil hectares foram desafetados na última segunda.
De acordo com a descrição feita pela Caracterização de Unidades de Conservação do Instituto Socioambiental : http://www.socioambiental.org/uc, estas áreas já estavam sendo visadas há tempos por madeireiros e outros grupos de interesse.
“Existiram propostas para reduzir ou acabar com essa e outras unidades de conservação. Em nenhuma dessas tentativas, a redução dos limites das UCs estaduais foi embasada em estudos e debates transparentes sobre interesses a serem atendidos e medidas necessárias para promover o manejo de recursos naturais nas áreas excluídas ou melhoras na gestão da área remanescente da reserva. Algumas das iniciativas, ocorridas entre 1995 a 2000, previam a diminuição de 298.000 hectares na área total dos parques estaduais, com a supressão total de três deles- Serra dos Parecis, Roosevelt, Candeias. “
Abaixo a relação das áreas protegidas riscadas dos mapas (fonte ISA)
Floresta Estadual de Rendimento Sustentável do rio Roosevelt,
Extensão (ha) – 27.860
Municipios:Pimenta Bueno e Espigão D’Oeste
Floresta Estadual Extrativista de Laranjeiras
Extensão (ha) – 30.688
Municipios:Pimenteiras do Oeste
Parque Estadual Candeias
Extensão (ha) 8.985
Municipios:Candeias do Jamari
Parque Estadual Serra dos Parecis
Extensão (ha) – 38.950 Municipios – Alto Alegre dos Parecis
Floresta Estadual de Rendimento Sustentado do rio Mequéns
Extensão (ha) – 425.844 Municipios Pimenteiras do Oeste, Corumbiara, Alta Floresta D’Oeste, Alto Alegre dos Parecis
Floresta Estadual de Rendimento Sustentado do rio São Domingos
Extensão (ha) – 267.375
Municipios – São Miguel do Guaporé, São Francisco do Guaporé, Seringueiras,Costa Marques
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