Salada Verde

Um parque estadual para Bertioga

São Paulo, que tem poucas restingas protegidas, pode ganhar novo parque no litoral. Mas interesses imobiliários devem complicar discussões.

Redação ((o))eco ·
28 de setembro de 2010 · 15 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Foto: Christian Bauet
Foto: Christian Bauet

Está marcada para o dia 7 de outubro a audiência pública que vai discutir as propostas de criação de uma unidade de conservação no município de Bertioga, em São Paulo. A ideia mais aceita, até agora, é a proteção integral de uma área de 80,25 quilômetros quadrados, no que seria o futuro Parque Estadual Restinga de Bertioga, além da composição de um mosaico de áreas protegidas no entorno. Enquanto o processo não chega a um parecer final, ninguém mexe na área em discussão, intocável sob decreto de limitação administrativa provisória.

Até o momento, cinco reuniões presenciais foram realizadas na prefeitura, com participação da Fundação Florestal (órgão do governo que será responsável pela unidade, caso seja criada), membros do poder público, pesquisadores e sociedade civil. Entre os argumentos de defesa do parque está o fato de a representatividade de restingas dentro das unidades de conservação paulistas ser muito baixa.

“A faixa litorânea do polígono, entre a estrada (Rio-Santos) e o mar, é a mais polêmica. Elas possuem grande valor comercial para empreendimentos imobiliários. Ao mesmo tempo, possuem riqueza biológica e são fundamentais no fluxo hídrico que vem da Serra do Mar para o mar. Temos ali duas áreas de mangue, e a sua manutenção é fundamental. E nesta área litoral também encontra-se a tipologia mais ameaçada de restinga do Brasil, não apenas de São Paulo. Não há como criar uma unidade de conservação de restinga sem preservar a área mais expressiva desse ecossistema associado à Mata Atlântica”, avalia Luciana Simões, coordenadora do Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil, ONG parceira no projeto.

Importante para a conservação das aves de acordo com a Birdlife International, a região que pode abrigar a unidade tem 44 espécies da flora ameaçadas de extinção, assim como 66 tipos de aves em risco. Trata-se de um terreno com alta fragilidade e baixa capacidade de resiliência (recuperação natural). Já os solos de mangue, ricos em nutrientes, são fundamentais para a vida marinha. A ocupação antrópica é o maior inimigo do parque estadual.

Leia também

Notícias
19 de dezembro de 2025

STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas

Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas

Análises
19 de dezembro de 2025

Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal 

Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção

Reportagens
19 de dezembro de 2025

Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional

Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.