Foi registrada pela primeira vez a travessia de uma onça-parda em um viaduto vegetado no interior do Rio de Janeiro. A estrutura foi construída para permitir o deslocamento seguro dos animais por cima da movimentada rodovia BR-101. A passagem de fauna está localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São João, no município de Silva Jardim. O viaduto conecta duas unidades de conservação: de um lado a Reserva Biológica de Poço das Antas e do outro o Parque Ecológico Mico-Leão-Dourado, reserva particular gerida pela Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD).
O vídeo, capturado por armadilha fotográfica, foi divulgado nas redes da Arteris Fluminense, concessionária que desde 2008 faz a gestão de um trecho de 322 quilômetros da rodovia. A construção do viaduto é parte das medidas de compensação ambiental pela duplicação da BR-101, para reduzir os impactos da rodovia na travessia de animais silvestres. A obra foi concluída em 2020 e o plantio do corredor florestal foi realizado pela AMLD, com espécies nativas da Mata Atlântica.
O viaduto vegetado é uma das passagens de fauna instaladas ao longo de 72 quilômetros da BR-101, entre as cidades de Casimiro de Abreu e Rio Bonito. Além dele, há 15 túneis destinados a animais terrestres e outras 10 passagens aéreas entre árvores dos dois lados da pista, conhecidas como copa-a-copa. A estrutura induz os bichos para longe da rodovia, permite o deslocamento com maior segurança ao conectar habitats e reduz os riscos de atropelamentos.
O monitoramento do viaduto já flagrou o uso de espécies como o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e o lagarto teiú (Salvator merianae). Para os micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) ainda é preciso tempo para que o plantio vire de fato uma floresta adequada ao pequeno e ameaçado macaco.

A onça-parda (Puma concolor) está presente em todos os biomas brasileiros e possui distribuição por parte significativa das Américas – do Canadá até a Patagônia. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), algumas das principais ameaças à espécie incluem a fragmentação de habitats, caça e atropelamentos. No estado do Rio, esse felino foi classificado como Vulnerável à Extinção em 1998.
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