Décadas de caça predatória por sua carne listaram o mero (Epinephelus sp.) como um peixe mundialmente em risco de extinção. A inaceitável ameaça de desaparecimento mobilizou Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Bahamas, Trindade e Tobago, Angola, Guiana Francesa, Kenya, Porto Rico e Bonaire.
“O movimento reúne cientistas de países onde ocorre a espécie ou espécies-irmãs”, diz Maíra Borgonha, pesquisadora do projeto Meros do Brasil e um dos idealizadores da frente de trabalho internacional. “Parcerias são fundamentais para alcançar resultados mais coerentes e efetivos”, avalia.
Essa rede global pretende compartilhar e difundir conhecimentos, identificar pesquisas prioritárias e oportunidades de conservação, tudo alinhado entre os diferentes países onde os peixes sobrevivem. O time se reunirá novamente em julho.
“A troca de experiências, em pesquisas, educação ambiental ou políticas públicas, fortalece o grupo e amplia o conhecimento sobre como trabalhar a conservação das espécies”, pondera o pesquisador Áthila Bertoncini, também do Meros do Brasil, iniciativa com mais de duas décadas de atuação.
Como contamos em junho passado, a pesca e o comércio do mero estão proibidos desde 2002 no Brasil no intuito de recuperar suas populações. Contudo, desde então governos não agiram como deveriam para protegê-lo e seguem as capturas ilegais, a destruição e a poluição dos locais onde ele vive.
Pesquisas realizadas no Brasil e nos Estados Unidos evidenciaram que a espécie, no topo da cadeia alimentar, acumula poluentes em seus tecidos que não são seguros para o consumo humano, descreve a Assessoria de Imprensa do projeto Meros do Brasil.
“Desde 2011 não há estatística pesqueira [nacional]. A gente não sabe o que se pesca, quando e nem quanto se pesca. Dessa forma fica difícil tomar decisões que contemplem a sustentabilidade ambiental, social e econômica envolvendo a natureza”, denuncia Maíra Borgonha.
O mero é um gigante tranquilo e curioso. Adultos podem alcançar 2,5 metros de comprimento e pesar até 400 kg. Costuma se aproximar da costa e de manguezais, sobretudo para se alimentar e reproduzir. Lentos e bonachões, são um alvo fácil de pescadores, com linhas e arpões.
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