A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) confirmou novos vestígios da presença de indígenas isolados durante uma missão de campo na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, realizada entre 29 e 30 de setembro. A equipe encontrou marcas de uso do território, pegadas e outros sinais que indicam a circulação de grupos sem contato na área afetada por incêndios florestais. Diante da proximidade dos registros, as brigadas recuaram imediatamente, conforme os protocolos da política de proteção para povos isolados.
As ações foram coordenadas pela Frente de Proteção Etnoambiental Awá, em parceria com o Prevfogo/Ibama e brigadas federais indígenas (BRIF-Is). O trabalho integra o Acordo de Cooperação Técnica entre Funai e Ibama, que prevê manejo integrado do fogo em Terras Indígenas. Segundo a Funai, o objetivo principal é garantir a segurança dos povos isolados e reduzir o impacto das queimadas sobre seus territórios.
Para responder à emergência, foi acionada a Sala de Situação do Plano de Contingência para Situação de Contato com Povos Indígenas Isolados, envolvendo representantes do Ministério dos Povos Indígenas, Sesai e Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão. As instituições seguem em articulação para conter os incêndios e proteger a integridade física e territorial da população indígena.

Nos dias seguintes, entre 1º e 2 de outubro, as equipes da Funai e do Ibama mantiveram o combate às chamas, com reforço logístico e atuação integrada das brigadas indígenas. As operações enfrentam dificuldades devido à escassez de água potável e às variações no comportamento do fogo.
A Funai afirma que todas as ações seguem o princípio do não-contato, central na política de proteção aos povos isolados, e que o trabalho em campo busca equilibrar a prevenção de incêndios com a salvaguarda da autonomia e segurança sanitária desses grupos. A Terra Indígena Araribóia, onde vivem também os Guajajara, é uma das mais pressionadas do país por invasões e desmatamento, funcionando como zona de proteção natural para os Awá isolados.
As Frentes de Proteção Etnoambiental da Funai, concentradas na Amazônia Legal, monitoram essas áreas remotas e de alto risco. Os agentes se revezam em missões que podem durar até dois meses, enfrentando ameaças ligadas à exploração ilegal de madeira e à grilagem.
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