Fruto da reivindicação de moradores localizados às margens do lago de Amanã (AM), a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA) exerce papel fundamental para a conservação dos recursos naturais e melhoria na qualidade de vida das comunidade ali habitadas. Após duas décadas, o Instituto Mamirauá lança o livro ‘Sociobiodiversidade da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (1998-2018): 20 anos de pesquisas’. A publicação é destinada tanto para o público leigo quanto para especialistas ou interessados em entender a unidade de conservação.
São 352 páginas que têm a colaboração de cerca de 60 cientistas, entre biólogos, geógrafos, antropólogos e outros pesquisadores que, juntos com as comunidades ribeirinhas, trabalharam na tarefa de usar a pesquisa científica como instrumento de transformação de realidades.
Tais colaborações são endossadas pela líder do Grupo de Pesquisa Territorialidade e Governança Socioambiental na Amazônia do Instituto Mamirauá, Ana Claudeise Silva Nascimento: “Durante a produção da obra houve um desafio da interdisciplinaridade entre as áreas envolvidas. O livro é importante nesse cenário por fazer um debate socioambiental de um determinado território, uma unidade de conservação. Além disso, é a primeira obra da instituição que reúne aspectos biológicos, sociais de organização política e de uso dos recursos naturais”, afirma Ana Claudeise.
20 anos de pesquisa da segunda reserva de desenvolvimento sustentável do país
Criada em 04 de agosto de 1998, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA) é uma unidade de conservação estadual, que cobre 2,35 milhões de hectares, maior que o estado de Sergipe. A RDSA fica entre o Parque Nacional do Jaú e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá.
A RDSA é a segunda reserva de desenvolvimento sustentável do país – a pioneira é a Reserva de Mamirauá. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA) é reconhecida como Patrimônio Mundial Natural pela Unesco (Membro do Complexo de Áreas Protegidas da Amazônia Central) e se tornou Sítio da Convenção de RAMSAR – Área Úmida de Importância Internacional.
Entre as atividades desenvolvidas na RDSA estão a agricultura e a pesca de subsistência e comercial, o extrativismo madeireiro e não-madeireiro, o artesanato de cipós e talas, o manejo de peixes ornamentais e artefatos de barro. Das atividades potenciais se destacam o turismo cultural em sítios arqueológicos, a criação de pequenos animais e o manejo de abelhas.
Mas nem tudo são flores na Reserva, a pesca e caça ilegais estão entre as atividades conflitantes na unidade de conservação.
A publicação é dividida em três assuntos: aspectos físicos e biológicos; socioeconômicos e demográficos e, por último, relacionados ao uso de recursos naturais.
“Este conhecimento, associado à sabedoria tradicional dos moradores, é o que permite a definição de alternativas eficientes de uso sustentável dos recursos naturais, a principal estratégia de conservação da biodiversidade adotada pelo Instituto Mamirauá”, define o pesquisador do Instituto Mamirauá, Helder Lima Queiroz, na ‘Apresentação’ do livro.
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