Nesta quarta-feira (21), pesquisadores das universidades federais do Espírito Santo (UFES), do Rio Grande do Sul (FURG), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e representantes da diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (Dibio), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apresentaram os resultados das três expedições de monitoramento dos impactos da lama de rejeitos da barragem do Fundão, em Mariana (MG), sobre a zona costeira e estuarina. O encontro aconteceu no auditório do ICMBio, em Brasília, às 14h30.
Na apresentação, os pesquisadores fizeram um balanço dos relatórios com os resultados das expedições, assim como das notas e informações técnicas emitidas pelo ICMBio, avaliando a situação atual da região.
O professor da UFES, Alex Bastos, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), afirmou que o desastre em Mariana foi o maior do mundo em volume de rejeitos deslocados e que, para além dos efeitos agudos sentidos imediatamente após o episódio, como a contaminação do pescado, foram observadas alterações ambientais crônicas.
Para a avaliação, os pesquisadores coletaram amostras da pluma de sedimentos e realizaram vários testes em laboratório para detectar o grau de contaminação da água com metais pesados. “O que a gente viu depois de mais de um ano de dados coletados foi que quando o rio aumentou o seu nível, nós tivemos um aumento, um retorno de altos teores de ferro e alumínio. Da mesma maneira, os índices que a gente mede dessa comunidade planctônica… eles nunca retornaram a valores prévios ao acidente em termos de riqueza, diversidade”, afirmou Bastos.
Em 05 de novembro de 2015, houve o rompimento das barragens de rejeitos da mineradora Samarco – de propriedade da multinacional brasileira Vale e da australiana BHP Billiton –, na região de Mariana (MG). O maior desastre ambiental que se tem notícia no Brasil afetou 39 cidades, que vão de Minas ao Espírito Santo. O rompimento das barragens provocou o vazamento de milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério e ainda resultou na morte de 19 pessoas e na destruição do distrito de Bento Rodrigues.
O trabalho envolveu também a participação do Ibama e do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) do Espírito Santo, que se uniram aos pesquisadores das três universidades para monitorar a lama de rejeitos que chegou à foz do Rio Doce, no litoral capixaba, e se espalhou por centenas de quilômetros da costa, ameaçando, inclusive o banco de Abrolhos, na Bahia.
Os dados reunidos pelos pesquisadores serão reunidos num relatório que deverá ser finalizado em aproximadamente duas semanas.
Leia Também
Bruno Milanez: “Auditorias apontaram 27 barragens de rejeitos sem estabilidade garantida”
Leia também
Fauna do rio Doce em Minas acabou, diz Izabella Teixeira
Ministra do Meio Ambiente afirmou que lama da Samarco se espalhará por 9 km no mar, mas descarta, por enquanto, impacto em Abrolhos. →
Bruno Milanez: “Auditorias apontaram 27 barragens de rejeitos sem estabilidade garantida”
Especialista alerta para "tragédias anunciadas" e para o perigoso isolamento em que governo e mineradoras tomam decisões no setor →
No rastro do desastre da Samarco, da lama ao caos
As imagens apocalípticas da descida da lama da barragem do Fundão e a perplexidade dos moradores das cidades que margeiam o Rio Doce. →
A título de referência seria oportuno ter-se uma comparação dos resultados obtidos com os dados que havia antes do acidente em toda a extensão do acidente.