Uma nova espécie de árvore, da família das canelas, foi descoberta na Serra da Mantiqueira por pesquisadores do Instituto Florestal de São Paulo. A Ocotea mantiqueirae foi encontrada em uma área de difícil acesso, no município de Pindamonhangaba (SP). A descoberta foi publicada pela revista científica Rodriguésia.
Até o momento, só se conhece a ocorrência da Ocotea mantiqueirae dentro da Fazenda São Sebastião do Ribeirão Grande, área que pertence a empresa Fibria de Papel e Celulose destinada à conservação da natureza. O local onde ocorre a espécie é de difícil acesso: está localizada na encosta da Serra da Mantiqueira, entre 1622 m a 1702 m de altitude, em uma área que divide dois vales bastante profundos e íngremes. A vegetação é de floresta de altitude (Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, no nome técnico), onde as árvores têm no máximo 10 metros de altura.
Foi nesse ambiente pouco convidativo que o pesquisador Frederico Arzolla fez a primeira coleta da árvore, em 2005, durante pesquisas do seu doutorado. Foram 5 horas de caminhada morro acima até alcançar a floresta de altitude. Ao retornar ao Instituto Florestal, Arzolla mostrou o material ao taxonomista e especialista da família Lauraceae, o pesquisador João Batista Baitello, que percebeu se tratar de uma nova espécie. Mas era preciso ter certeza e para isso era necessário coletar os ramos com flores e frutos.
A continuação do processo de descoberta se deu em 2012, quando os três pesquisadores, João Batista Baitello, Frederico Alexandre Roccia Dal Pozzo Arzolla e Francisco Eduardo Silva Pinto Vilela, retornaram ao ponto de partida. “O passo seguinte foi preparar uma descrição detalhada da espécie e em quais detalhes ela se diferenciava das espécies semelhantes, revisar a literatura sobre o gênero e a família, dar-lhe um nome científico e fazer as ilustrações necessárias, organizando as informações em um artigo científico”, conta João Batista Baitello.
Os pesquisadores João Batista Baitello, Frederico Alexandre Roccia Dal Pozzo Arzolla e Francisco Eduardo Silva Pinto Vilela retornaram nos dois anos seguintes. Em 2016, submeteram a descoberta ao crivo dos especialistas detalhando a descoberta em um artigo científico, agora tornado público.
A nova espécie tem uma população pequena e a ocorrência bastante restrita, por isso, já entrou nos critérios da Lista Oficial de Espécies da Flora Ameaçada de Extinção no estado de São Paulo, da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais das espécies ameaçadas (IUCN) e do Livro Vermelho da Flora do Brasil, na categoria “em perigo”. Vulnerável a deslizamentos de terra e outros eventos naturais, por hora o difícil acesso torna a espécie protegida de eventuais impactos perpetuados por humanos, como o desmatamento.
*Com informações da Assessoria de Comunicação do Instituto Florestal de São Paulo.
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Muito bom.