O Plano Safra 2025/26 terá o recorde de R$ 600 bilhões, mas apenas R$ 8,1 bilhões, ou 1,6% do total, financiarão práticas agrícolas de baixo carbono, analisou o Instituto Talanoa.
Conforme a entidade civil, iniciativas como recuperar pastagens degradadas, adubação verde e sistemas agroflorestais podem ficar de pires na mão, mesmo com base técnica consolidada e crescente demanda por parte dos produtores.
Técnicas como essas cortam emissões, ampliam a eficiência e a sustentabilidade da agropecuária e são cruciais para que o Brasil cumpra suas metas climáticas. Afinal, mais de ⅔ das emissões brasileiras estão concentradas nos setores de uso da terra e agropecuária, diz o Talanoa.
Também merece atenção o corte no orçamento do Proagro, programa que protege agricultores contra perdas, por secas, enxurradas, geadas e granizo, bem como por doenças e pragas sem controles eficientes. A redução foi de R$ 3,6 bilhões, só nos últimos dois anos.
Ao mesmo tempo, o Plano tem novidades positivas, como exigir um Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para parte dos financiamentos. A medida pode ser um marco na adaptação do setor à crise do clima. No entanto, avalia o Talanoa, sem ampliar recursos para práticas resilientes, o impacto da exigência será limitado.
De forma geral, a análise mostra que o Plano Safra falha mais uma vez em alinhar produtividade e sustentabilidade no campo. Negligenciando práticas de baixo carbono, arrisca tornar o agronegócio menos competitivo e menos preparado para a crise do clima.
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