Gato e sapato III

De Valeria Serra Cordeiro Fiquei profundamente indignada ao ler a "reportagem" Gato e Sapato de autoria da Sra. Ana Antunes. Não pertenço ao grupo de protetores voluntários do Jockey Club, mas, como muitas pessoas que amam os animais e a natureza, tenho a maior admiração pelo árduo e perseverante trabalho dessas pessoas, que lutam cotidianamente para proteger a fauna urbana, enfrentando preconceitos, ignorância, descaso das autoridades, desrespeito às leis ambientais, e a certeza da impunidade demonstrada por muitos infratores dessas leis, como o atual diretor do Jockey Club, Sr. Elazar Davi Levy. A falta de conhecimento e, mais grave ainda, a tentativa de ironizar o tema e de desqualificar alguns dos envolvidos (a parte mais frágil, obviamente) demonstradas pela autora da "reportagem" são incompatíveis com um jornalismo sério, investigativo, ético. A pretensa "reportagem" desrespeita não somente os protetores voluntários, cidadãos sérios e merecedores de toda consideração, como também o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RJ - SEÇÃO DE MEIO AMBIENTE, já que o mesmo tomou a iniciativa de instaurar a ação civil, e a COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA OAB/RJ, que assumiu a defesa desses animais (chamados pela "reportagem" de "vadios"), no âmbito criminal. O ECO fica devendo uma reparação a essas instituições e a esses cidadãos, e a todos os seus leitores, que merecem e esperam menos amadorismo e mais jornalismo de qualidade.

Por Redação ((o))eco
29 de julho de 2005

Gato e sapato II

De Ana YatesAna Carolina,Faço do abaixo exposto que foi a vocês endereçado por Marli Perilo, o registro de minha própria indignação pela abordagem infeliz na reportagem em pauta. E, como bem colocou essa muito digna companheira de lutas em defesa dos animais, nada mais acrescento e silencio-me em respeito às centenas dos gatos mortos no Hipódromo do Jockey Club.

Por Redação ((o))eco
29 de julho de 2005

Gato e sapato I

De Marli PeriloDefensora dos Gatos do Hipódromo da GáveaPrezados senhores,Tive a oportunidade de ler a matéria Gato e sapato que fala sobre os gatos do Jockey Club do Rio de Janeiro.Primeiramente, gostaria de deixar registrada a minha indignação pela abordagem tendenciosa e equivocada da jornalista. Faltou-lhe sensibilidade e conhecimento dos fatos, elaborando um texto confuso e cheio de impropriedades.Em segundo lugar, manifesto a minha decepção por ler isso tudo num jornal que deveria estar conscientizando pessoas sobre a importância do respeito aos direitos dos animais. Não foi isso que encontrei.Fui procurada pela Ana Carolina porque queria fazer uma matéria sobre os gatos do Jockey. Não a conheci pessoalmente, e também não pude entender exatamente o que pretendia abordar. Encontrei-me com dois jovens no Jockey que, no máximo, tiraram umas fotos e fizeram poucas perguntas objetivas. Julguei ao final que não chegaríamos a lugar algum.Ana Yates enviou-lhe alguns documentos e o resultado está nessa matéria que comento abaixo. Aproveito as frases da jornalista porque julgo ficar mais inteligível.1 – "Como tantas praças do Rio de Janeiro, a Santos Dumont, no bairro da Gávea, é usada para despejo de gatos".O abandono acontece no Hipódromo da Gávea e não na Praça. Na maioria das vezes, os gatos são levados por freqüentadores, funcionários e prestadores de serviço do JCB.2 – "Mas a Santos Dumont tem uma coisa que as outras praças não têm: um fã clube grã-fino freqüentado por esses animais vadios. E isso está virando um problema".Não sei o que quer dizer com fã clube grã-fino, muito menos animais vadios. Se você refere-se aos defensores, eu, por exemplo, sou uma pessoa comum, trabalho como um cidadão qualquer, mas ainda sim encontro um tempo no meu dia para fazer esse trabalho voluntário, de forma honesta e consciente. A expressão "animais vadios" é um tanto imprópria, mesmo porque eles não fizeram essa escolha. Foram retirados de suas casas e lançados às ruas. Certamente, se eles pudessem escolher, estariam em cima de um sofá macio, quentinho e não correndo de um lado para o outro para se abrigar da chuva e, claro, se esconder do bicho homem que faz questão de espancá-los, quando lhe dá vontade.Quanto a estar virando um problema, há pelo menos 30 ANOS gatos são levados para as cocheiras por proprietários de cavalos e outros para manter os ratos longe dos puro-sangue. Isso sim deu início à proliferação de animais por falta de controle da natalidade!3 – "O Jockey Club do Rio de Janeiro, que fica em frente à praça, virou alvo de críticas e até processo na Justiça, acusado de dar sumiço"Se você tivesse lido os documentos que Ana Yates lhe passou teria observado que o processo iniciou-se não por sumiço mas por maus-tratos e óbitos continuados de animais. "...Mas seu caso parece uma história de mistério policial".Não trata-se de mistério algum. As mortes são óbvias, transparentes e bem ilustradas no inquérito civil e no processo criminal.4 – ".. o Jockey Club tinha a fama de tratar seus vira-latas quase tão bem quanto os cavalos de raça que hospeda ...O que teria havido?"Na realidade, quando criou-se a Comissão de Defesa e Apoio aos Gatos do Hipódromo, iniciou-se um trabalho organizado e, em parceria com a Direção do Jockey, através do Diretor do Hospital Veterinário, vários acordos foram firmados, mas os gatos sempre foram alimentados, tratados e esterilizados EXCLUSIVAMENTE pelos membros da Comissão e voluntários. O Jockey NUNCA cedeu uma única porção de ração ou qualquer medicamento para uso dos animais. Toda a estrutura montada para o trato dos animais saiu do bolso desses voluntários. O que você chama de "tratar bem?"5 – "A pista leva a 2002, quando a produção do Vivo Open Air .....pediu para que os gatos fossem retirados do local...... Os bichos não combinavam com o perfil do público que iria à festa. O Clube improvisou um gatil para confinar os animais... O Clube parece ter gostado, porque resolveu manter os gatos no gatil".Primeiramente quem improvisou o gatil foi a produtora do evento, Duetto Produções, e não a Direção do Clube. Aliás, a Direção do Departamento do Hipódromo ficou visivelmente irritada com essa situação, chegando mesmo a reclamar do "fedor que ficaria aquela área ao lado da Administração" Em segundo lugar, nunca, em momento algum, ouviu-se dizer que havia incompatibilidade de qualquer evento com a presença dos gatos. Curiosamente, somente depois da produtora firmar contrato com o JCB percebeu-se que havia uma quantidade considerável de gatos circulando pelas tribunas. 6 – "... eles causavam transtornos aos sócios, sujando a tribuna de honra, cruzavam as pistas em horas de corrida, assustando cavalos e, ainda por cima, enfiando-se em tubulações e geradores de energia"Quem informou-lhe tais fatos poderia ter fornecido também as datas dos acidentes ocorridos com cavalos por causa dos gatos, quantos acidentes ocorreram desde a inauguração do Hipódromo. Eu lhe digo: NENHUM! Os geradores e subestações são locais lacrados e não podem ficar abertos. Em 100 anos não mais de 3 gatos foram eletrocutados, mas porque eletricistas esqueceram as portas abertas. Se fossem crianças circulando pelo local elas poderiam ter sido as vítimas! Quem pagou o pato? OS GATOS!!!7 – "Até aí tudo bem. O gatil não gerou queixas"Engano seu. A Comissão foi consultada sobre esse procedimento e somente concordou porque seria temporário e, principalmente, porque a nossa parceria com o clube era baseada em cooperação, bom -senso e harmonia. 8 – "As voluntárias continuavam levando os gatos para o abrigo, onde os tratavam e alimentavam".Aquele local não era um abrigo, era uma área porcamente improvisada pela Duetto. Como acordado com o então Diretor do Hospital Veterinário e a produção do evento, a Comissão deu plantão não só assistindo aos animais aprisionados, recolhendo outros que a produtora insistia que assim o fizéssemos, como também alimentando os animais das demais colônias.9 – "A controvérsia surgiu quando o clube mudou de diretoria, em novembro de 2002." O Clube não mudou de diretoria. O Diretor do Departamento Médico Veterinário, que tratava dos assuntos afetos aos gatos, é que pediu demissão do cargo, porque foi dado ao Sr. Elazar David Levy, Diretor do Hipódromo, a responsabilidade de "cuidar dos gatos" .10 – "...a partir dessa troca de guarda adotou-se o que qualificam como política de extermínio. Elas acusam o Jockey Club de dar veneno... e até queimá-los no forno crematório."Não trata-se de uma simples acusação de envenenamento. Existe um laudo de necrópsia, anexado ao processo judicial, que comprova tal fato. Foi usado chumbinho e não apenas gato morreram mas uma família inteira de gambás. Se você não sabe, matar animais silvestres é considerado crime INAFIANÇÁVEL!Além disso, nunca fizemos acusação de que os gatos estariam sendo incinerados. Na verdade questionávamos a legalidade de tal forno, uma vez que, até bem pouco tempo, o JCB não tinha licença da FEEMA para funcionar. E o mesmo estava a pleno vapor há anos. Mas quem garante que isso não acontecia?!!11 – "... afirma que quem rompeu o acordo foram as voluntárias. Elas se comprometeram a dar comida aos bichos e não o fizeram." Nunca fizemos acordo algum com o Sr. Elazar David Levy. Numa única reunião que estivemos com ele, inclusive com a presença de uma sócio fundadora do Clube, administradora de um abrigo de cães, mostrou-se intransigente, alheio a diálogo e determinado a prender todos os demais gatos que existiam nas diversas colônias. Discordamos, sim, dessa intenção e explicamos o porquê, enumerando os problemas que isso iria causar aos animais, mesmo porque a área era pequena para tantos animais. À época, cerca de 400 gatos.12 – ".. afirma ainda que as voluntárias, chefiadas por Ana Yates e Marli Perilo, agiram de má fé... Com a briga foram impedidas de frequentar o gatil e o convênio, rompido."Há uma tremenda confusão aqui. Temos que dar um desconto porque esse senhor já tem idade avançada e pode estar delirando, ou talvez, com esclerose. Não tem mais memória. A proibição surgiu a partir do momento que o próprio Elazar assumiu o assunto GATOS. Na época, dentro do cercado, havia cerca de 80 gatos presos por força do evento e os outros 300 foram impedidos de ser alimentados por esse senhor. A própria Ana Yates ligou para o Sr. Elazar implorando que ele reconsiderasse essa decisão. O mesmo disse-lhe que ela poderia entrar no Jockey mas com uma caixa de captura. Comida só dentro do gatil". Eu lhe pergunto: onde está a má fé?Quanto ao convênio, que convênio ele se refere? Não havia convênio nenhum com o JCB. A proposta de convênio com a Prefeitura estava devidamente engavetada na mesa desse senhor. Suas palavras sobre a proposta de convênio foram: "imagina a Prefeitura está querendo transformar a minha casa num posto de saúde de gatos" Além disso, o convênio inicialmente esboçado pela SEPDA, que previa um atendimento mais amplo aos gatos, surgiu em função de solicitação da própria Comissão de Defesa e Apoio aos Gatos do Hipódromo.13 – "Apesar da proibição, o trabalho de proteção aos vira-latas não acabou. Achei a expressão "vira-latas" carregada de preconceito e num tom meio perjorativo. Po que esse modo de tratar o assunto, especialmente por um jornal que se diz defender a ecologia, os animais? Mesmo porque não apenas animais sem raça definida são alijados ali. Diversos siameses, persas e outros de origem mais nobre circulam e circularam pelo JCB após abandono.14 – "Três vezes por semana, Marli sai de sua casa... Há cinco anos ela se juntou a um grupo de mulheres que toma conta dos gatos de rua, cujo endereço residencial são os muros do JockeyEntrei para a Comissão de Apoio e Defesa aos Gatos do Hipódromo com o respaldo de duas ONGS – SOS Animal e USPA, comissão essa com[posta por vários voluntários. O nosso trabalho não se restringe a alimentá-los, mas a prestar assistência veterinária, esterilizar machos e fêmeas e doar. Centenas de animais, filhotes e adultos, foram encaminhados para um lar com o nosso trabalho. Até 2002, quase a totalidade de animais havia sido esterilizada, com um controle maravilhoso de natalidade. Não se via filhote algum para adotar. Hoje a situação é caótica. E tem sido assim desde novembro de 2002. Não fosse as voluntárias retirarem alguns animais que ainda circulam pelos áreas próximas aos muros, vindos do abandono contínuo, para castrar, alimentar e medicar, seria muito mais dramática a situação naquele clube.Outro engano: os muros não são os endereços residenciais do gatos. Eles vêm aos muros para receber a única cota de comida do dia, dada por mim e Ana Yates, porque diversas colônias foram literalmente desconsideradas pelos alimentadores contratados pela SEPDA, umas à pedido da Direção do JCB, outras por conveniência mesmo. Elas eram cerca de 26 e demandavam um certo trabalho para quem o fizesse bem feito. 15 – "ela jura que o número de gatos tem diminuído nos últimos anos."Eu não preciso jurar coisa alguma. Eu sou testemunha ocular das mortes, das doenças, dos desaparecimentos. Tinha por hábito tirar fotos e tenho várias comigo de animais que nunca mais foram vistos. E desapareceram de suas colônias da noite para o dia. Sabemos da dificuldade para encaminhar um animal para adoção. Quantas almas bondosas existem pela Gávea querendo adotar gatos adultos, "vira-latas", como usado pela jornalista, muitos sem orelha, cegos, e sem nenhuma beleza física digna de elogios, segundo os nossos padrões exigentes?16 – "...o Jockey estabeleceu um contrato de cooperação com a Secretaria Especial de Defesa dos Animais – SEPDA. O responsável pelo Hipódromo diz que a iniciativa da parceria partiu do próprio clube."Para início de conversa, o convênio surgiu por sugestão da Comissão de Voluntários e não do clube. Depois, quem chamou a Prefeitura (SEPDA) para defender os gatos também fomos nós, da Comissão. A idéia de parceria não é mérito nenhum do Jockey. Foi uma estratégia montada para salvar os gatos depois da ação arbitrária do Clube. Basta perguntar à ex-secretária Maria Lúcia Frota para confirmar isso. É muita ousadia de quem passou essa informação equivocada.17 – "A prática lá era de campo de concentração, confinar para depois exterminar".Veja bem, essa é uma declaração de uma pessoa idônea, representante de um órgão público, e que esteve bem perto do problema e, assim como nós, buscou, mesmo que sem sucesso, mudar os rumos da história daqueles gatos.18 – "Para investigar as denúncias de maus-tratos foi aberto um inquérito civil."O inquérito civil foi aberto por iniciativa da Dra. Rosani após ler uma nota em jornal de que os gatos estavam sendo presos em porões junto às tribunas. Este fato foi comprovado e, apesar do MP possuir uma cópia do Atestado de Inteiro Teor emitido pela Secretaria de Saúde, até hoje não foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta como seria alegadamente feito. Só para enfatizar, eu estava presente no dia em que os porões tiveram que ser abertos e diversos gatos saíram de lá apavorados. Ninguém me contou isso: eu presenciei. 19 – "os gatos estão de coleira e parecem saudáveis."Não se iludam. Os gatos que estão circulando pelo gatil foram recentemente colocados lá e ainda mantêm uma certa vitalidade, mas graças à ração dada por voluntários. A usada no Gatil é de péssima qualidade e seria bom que vocês voltassem lá em breve e procurassem pelos mesmos gatos saudáveis. Os debilitados já foram retirados de lá, possivelmente para não atrapalharem a imagem do local. A SEPDA alega que foram encaminhados para clínicas veterinárias., mas nunca respondeu aos nossos questionamentos. Não sabemos de fato o que aconteceu com eles.20 "Além disso, existe um ambulatório para cuidar dos bichanos que ficam doentes. "Isso é uma impropriedade. A casa antiga cedida pelo Jockey em 1999 servia apenas para esterilizar os animais e nunca teve a infra-estrutura necessária para dar assistência aos animais, nem agora nem na época em que a SEPDA assumiu o comando desses gatos.21 – "Ninguém pode passar por lá e sair com seu gato vadio".Mais uma vez me indigno com essa forma preconceituosa de referir-se a esses animais. É inconcebível essa linguagem para tratar de um assunto tão delicado e desgastante para aqueles que se envolvem com defesa animal. Onde está o respeito aos animais.? Ë assim que vocês julgam estar contribuindo para a formação de uma consciência ecológica? Não pretendo me estender mais. Poderia apresentar outros fatos tristes sobre a saga desses gatos, mas acho que, definitivamente, não vale a pena. Entretanto, não poderia ficar calada diante de tanta inconsistência.. Em nome das centenas de felinos mortos no JCB, me silencio agora.Resposta da autora:A reportagem ouviu as partes envolvidas e registrou as versões divergentes, não encontrando evidências dos alegados maus-tratos.

Por Redação ((o))eco
29 de julho de 2005

Onisciência e Onipotência II

De J. Bernando Isso está parecendo conversa para boi dormir. Infelizmente, hoje em dia, tudo que se relaciona a dinheiro neste país cheira a trambique e com as desculpas mais esfarrapadas. Torço para que não seja mais uma mala de dinheiro que depois se desmanche em fotos de satélite facilmente encontradas em site especializados.À primeira vista e principalmente para quem não freqüenta a Floresta, esse método de monitoramento até soa eficaz. Os jornais e a mídia volta e meia mostram essa situação de descontrole com os limites do Parque. Entretanto, os desprevenidos não se dão conta de que, por mais potentes que sejam as lentes do satélite, jamais daria para se ver (como você mesmo citou), um acampamento camuflado em baixo de uma árvore ou dentro de uma toca. As autoridades sabem onde as coisas acontecem e se não sabem, basta perguntar a qualquer andarilho que logo ficarão informadas.A floresta está se tornando virtual e o pessoal não está mais sujando as botas. Andar no mato para que, se tem uma confortável cadeira e uma tela de computador mostrando imagens vindas lá da estratosfera sem que se precise dar uma passo fora do Barracão? Já se foi o tempo em que podíamos encontrar pelas trilhas, o diretor do Parque com rolos de arame nos ombros, placas de sinalização, fechando atalhos e conscientização de caminhantes... Sem falar da satisfação de caminharmos juntos, debatendo ações de manejo, preservação e história. Eu mesmo fui testemunha, numa caminhada ao Pico da Tijuca, quando passou por nós um andarilho veterano e você perguntou a ele se tinha visto alguma coisa irregular. A resposta foi negativa me fazendo sentir uma sensação de bem estar e segurança. Mais à frente, ao passarmos por um riacho, você adivinhou qualquer movimento estranho e com a coragem de um soldado (deixando o grupo apreensivo), saiu desbravando o mato e foi lá conferir o que estava fazendo um casal mais romântico. Nada escapava aos seu olhos de águia, milhares de vezes mais poderosos que uma lente de satélite, que vê o que está por cima mas não o que está por baixo dessas transações.De fato, esse dinheiro (que deve caber em duas cuecas) poderia ser melhor empregado. Gerando empregos e melhores condições de segurança e conforto aos amantes desta floresta. Além de ajudar na caça dos verdadeiros e mais perigosos inimigos dela e da sociedade como um todo.

Por Redação ((o))eco
27 de julho de 2005

Onisciência e Onipotência

De Pedro P. de Lima-e-Silva Engenheiro Ambiental, PhDServiço de Segurança Radiológica e AmbientalCaro EcoTambém, como meu xará Pedro Menezes, sou fã de novas tecnologias, principalmente quando elas facilitam a vida, ou reduzem nossos impactos no ambiente. As visões dos satélites com certeza estão entre as tecnologias mais incríveis para monitoramento ambiental que irão, com o passar do tempo, ajudar a conter a destruição em curso.Porém, como tudo na vida, até uma simples faca em mãos erradas pode se transformar de objeto salvador em objeto destruidor. E essa não é uma comparação para virar analogia com o problema do Parque Nacional da Tijuca, abordado pelo colunista de O Eco. A comparação é apenas conceitual, no sentido de que mesmo uma tecnologia criada com as melhores intenções do mundo pode ser mal usada, ou até mesmo usada para o mal. Ou, o que seria pior ainda, usada para não dar em nada. A reportagem do "Big Brother" da floresta também me causou espécie, como diria minha falecida avó, porque obviamente área de caçador está embaixo das árvores. Fico imaginando um caçador que queira "aparecer", coitado, vai morrer de fome, né não?À parte as ironias e os paradoxos, gastar US$250 mil, que hoje seriam R$355 mil, com fotos de satélite, me parece falta de percepção ou avaliação de impactos ambientais, minha área de atuação profissional. Os maiores problemas do parque estariam em visualizar clareiras abertas? Se o parque informa, como já o fez em passado recente, que não tem conhecimento, por exemplo, dos nichos ecológicos das espécies que contém, que não sabe as capacidades de suporte ecológicas e humanas de seu setores, que trata o setor da Pedra da Gávea, como bem lembrou o Pedro Menezes, como área abandonada, que até hoje não conseguiu resolver o problema das áreas das antenas do Sumaré, mesmo tendo gasto dinheiro do PNUMA em projeto de valoração ambiental com esse objetivo há mais de três anos, que abandonou projeto pioneiro de certificação ambiental da ISO-14001 por falta de R$250 mil para implantar saneamento no esgoto das áreas da Pedra Bonita e outras, então, realmente, o parque espera que o satélite espião resolva alguma coisa?Uma área assim tão complexa e ao mesmo tempo tão importante como o Parque Nacional da Tijuca merece uma gestão por competência, precisa de ação pró-ativa e pessoas que unam esforços em vez de dispersá-los, que atraiam pesquisadores em vez de dificultar-lhes o acesso, que compartilhem a área com outras organizações como empresas [sérias] de ecoturismo que queiram investir no parque, que façam o comitê gestor de fato se reunir e gerenciar, que promovam a gestão participativa e a gestão compartilhada. Hoje há mais de uma unidade de conservação que funciona assim de forma modelar, como a Floresta Nacional de Ipanema e a Área de Proteção Ambiental de Petrópolis, já citadas em outras reportagens por várias vezes, cujos modelos de gestão deveriam ser seguidos e copiados por todo o Brasil.abs,

Por Redação ((o))eco
27 de julho de 2005

Compre sua poluição

De Alexandre de AbreuEduardo,Possuo um Defender e percebo que o problema de poluição se deve à característica técnica do Diesel fornecido pela Petrobras. Seus dados são difíceis de confirmação, pois nove toneladas/ano de CO2 por carro temos que rodar muito. Preferências individuais a parte, usar um 4x4 é ter capacidade de ir a muitos lugares. O Eco nos traz tantos assuntos interessantes, que falar de SUV é tipo do ponto vista distante da realidade.

Por Redação ((o))eco
25 de julho de 2005

Saíra apunhalada

De Maria Antonietta Castro PivattoBonito - MSPrezada Maria TerezaFiquei muito satisfeita com o conteúdo de seu último artigo em O Eco, 'Saíra apunhalada', de 17/07/05. Sei que estas preocupações fazem parte de tua história profissional, o que me faz uma admiradora e parceira na sua luta pela a conservação ambiental. Por causa disto, tomo a liberdade de corrigir um pequeno detalhe que passou desapercebido no teu artigo. Na verdade, quem descreveu pela primeira vez a saíra apunhalada foi o cientista alemão Jean Cabanis (1816-1906), em 1870. Helmut Sick, nosso querido ornitólogo, nasceu apenas em 1910, em Leipzig, Alemanha, vindo a falecer em 05 de março de 1991.A redescoberta em 1998 se deu apenas numa propriedade (Fazenda Pindobas IV), e não em duas como foi relatado. O casal capixaba Ana Cristina Venturini e Pedro Rogério de Paz continuam a trabalhar com a espécie e a localizaram apenas recentemente numa segunda propriedade (Fazenda Caetês) não distante da primeira. Estas observações me foram passadas pelos Ornitólogos José Fernando Pacheco e Ricardo Gagliardi, depois de lerem seu artigo que eu enviei para nossa lista de discussão de Ornitologia. Mais informações estão disponíveis neste link. Espero que estas observações contribuam para a continuidade dos excelentes artigos que vem publicando nO Eco, aliás, gostaria de aproveitar para estender meus cumprimentos a toda a equipe deste Boletim, que muito contribuem para a divulgação de assuntos ambientais.Atenciosamente,Resposta da autora:O engano apontado foi uma falha da edição, que já corrigimos, e não um desconhecimento da autora. Fui amiga particular de Helmut Sick, que muito me ensinou sobre ornitologia. Assim eu não poderia confundir as datas. Agradeço muito todas as palavras e o envio das correções.Maria Tereza.

Por Redação ((o))eco
20 de julho de 2005

Entrevista com José Roberto Marinho

De Pedro da Cunha e MenezesPrezado editor,Excelente a entrevista com José Roberto Marinho. Em um meio ideologizado e militante como é o movimento ambientalista, a entrevista ajuda a quebrar um pouco o maniqueismo que muitas vezes rege a forma de pensar e agir de muitos colegas de lutas pela conservação da natureza.Ze Roberto tem currículo suficiente para falar tudo o que disse e para criticar quem criticou. Seu currículo não foi construido nos escritórios do Jardim Botânico, onde fica a sede da Rede Globo. Zé Roberto construiu seu currículo na área ambiental sujando as botas no mato (coisa que alguns diretores de Parques Nacionais do Brasil não fazem) e dedicando horas de seu tempo livre ao conhecimento dos problemas que afligem nossos ecossistemas e a busca de suas soluções. O conheci quando era diretor do Parque Nacional da Tijuca. Ze Roberto me procurou. Morador do Alto da Boa Vista, acompanhava de perto os desafios de manejo da Floresta. Ofereceu ajuda completamente desinteressada. Proporcionou valiosos contatos com o WWF e viabilizou a vinda de técnicos sul africanos ao Rio de Janeiro para discutir o manejo de Parques Nacionais Urbanos. Gastou horas de seu tempo para mobilizar recursos materiais e humanos para o manejo da Tijuca. Jamais pediu nada em troca. Suas opiniões sempre foram coerentes e sempre refletiram horas de estudo sobre os dilemas da conservacao ambiental.Quando Ze Roberto reclama da falta de objetividade e pragmatismo de alguns setores da conservação ambiental no Brasil, está coberto de razão. Por que será que damos prioridade a elaboração de planos de manejo ao próprio manejo? Por que será que somos tão incompetentes para tirar as idéias do papel e as vezes esquecemos planos de manejo em empoeiradas estantes? Por que somos tão bons em criticar e tão lentos em fazer? Ze Roberto também está coberto de razão quando reclama que alguns ambientalistas tendem a lidar os empresarios com um ideologismo dogmatico. Grande parcela da nossa militancia ambiental tende a tratar a causa ambiental como se fosse futebol. Torcem para um " time" e querem que o outro perca a todo custo! Se fossemos mais pragmaticos e entendessemos que é possivel construir uma aliança com setores progressitas de todos os segmentos da sociedade, certamente estariamos muito melhor em termos de preservação ambiental.Entre esses progressitas certamente está o homem que é o responsável pelo espaço conquistado pelo Globo Ecologia do competente Claudio Savaget dentro da Rede Globo, bem como pelo esmero ambiental em que se assenta o PROJAC.Esta de parabéns OECO por mostrar, através de entrevistas como essa, que só poderemos vencer a batalha contra a devastação de nossos ecossitesmas quando (e se) compreendermos que é preciso alistar todos os aliados na luta.Sejam eles ricos ou pobres, empresarios ou sindicalistas, Tricolores ou Rubro- negros.

Por Redação ((o))eco
20 de julho de 2005

Rodeios

De Elizabeth Mac GregorGerente Regional WSPA-BrasilWorld Society for the Protection of Animalswww.wspa-international.org.ukPrezada Silvia PilzEm primeiríssimo lugar gostaria de fazer um convite para que você venha fazer uma visita ao nosso escritório. Como jornalista, título pelo qual se apresenta, tenho certeza de que se interessaria por, ou deveria, conhecer melhor a organização sobre a qual está escrevendo.WSPA não é britânica, apenas sua sede é em Londres. É uma organização internacional com escritório em mais 13 países, mas sobre isso podemos conversar em sua visita.O seu artigo está um pouco confuso; pois você mistura nomes, fatos e ações completamente diferentes, e faz generalizações sem nexo:- Não conheço a tal "Sociedade Protetora dos Animais" que você menciona, que faz tanta coisa assim, em regiões diferentes, onde ela está registrada?- Afirma: "Todos nós (me incluo nessa) saboreamos a carne de diversos animais tendo a certeza de que eles foram criados para virar comida de gente e ponto." Quem são "todos nós"? Não conheço pois eu não me incluo nisso.- Afirma: "Quase todos afirmam que nunca foram a uma arena de rodeio..." Quem são quase todos? Não eu, pois já fui a muitas. Você, como jornalista, entrevistou quem? Como jornalista, verificou todos os laudos veterinários disponíveis, comprovando o sofrimento animal?Após mencionar a WSPA, você emenda as manifestações realizadas em 15 cidades, mostrando a violência do Rodeio, com as mensagens tétricas, que repudiamos publicamente, envolvendo a filha da Gloria Perez e continua "Ou seja, perderam a compostura, o respeito e a razão. Aliás, nesse protesto, nunca tiveram nenhuma das três virtudes."Silvia, posso lhe garantir que temos compostura, respeito e razão. Agora, como leitora, eu lhe garanto que no seu artigo, como jornalista, está faltando isenção, informação, clareza e objetividade, o que me leva a crer que ele foi produzido como peça publicitária, já que você também é redatora publicitária.Assim, volto a convidá-la para vir ao nosso escritório, porém como jornalista, seja para realizar uma entrevista ou apenas para se informar melhor.AtenciosamenteResposta da autora: Agradeço o convite para conhecer a WSPA, mas gostaria de esclarecer que o texto a que se refere não é uma reportagem jornalística. Como colunista, apenas exponho minhas opiniões sobre assuntos que considero de interesse público. No caso, longe de elogiar os rodeios, o que fiz foi uma crítica à utilização do marketing como arma para mobilizações pontuais. A intensa reação causada pela primeira coluna sobre rodeios ("O bandido é o mocinho", 17/04) me fez escrever uma segunda ("Sem rodeios", 01/05) , em que explico melhor este fenômeno.

Por Redação ((o))eco
20 de julho de 2005

Antas

De Eliézer MeloExcelente artigo. Alguns anos atrás tive a oportunidade de presenciar a mordida de uma mãe, defendendo sua cria, num cachorro. O fato se deu numa área protegida ambientalmente aqui em Brasília. Como se vê, não temos somente políticos ruins.

Por Redação ((o))eco
20 de julho de 2005