Sábado, dia 21 de setembro de 2013, voltei à área de Mongaguá conhecida como “cialta”, no núcleo Curucutu do Parque Estadual Serra do Mar. O objetivo da trilha era registrar um dos muitos acampamentos de caça presentes na área, sem contar os “trepeiros” ou jiraus, instalados em frente a cevas de banana verde, milho ou sal.
Cheguei no ranho de caça, no mesmo local onde estive uma semana antes, quando ouvi a derrubada de árvores de grande porte com uso de motosserra. Notei que havia pouco ele tinha ocupantes, pelo cheiro de fumaça, chinelos, lenha empilhada, colchão e roupas penduradas. Tirei fotos o mais rápido que pude e dei meia volta. Não cheguei a ver ninguém ali. O dia estava bem quente e o folhiço seco. Fiz barulho chegando próximo do rancho e quem estivesse ali teria notado, então imagino que os ocupantes estivessem na mata ou escondidos no rancho. Não encontrei vestígios das árvores que ouvi tombar semana passada. Tirei fotos de um único lado do rancho e não contornei o acampamento para não confrontar quem estivesse no seu interior do rancho ou do lado oposto. Percebi que um “goiabão” (Eugenia leitonii) que avistei da última vez que não estava à vista. Pode ter virado barraco.
Ao longo dos anos, já encontrei muitos outros acampamentos de caça como esse descrito acima. Também vi a criação de outras tantas “casas” no meio da serra. Fiz denúncias para o ministério público e nada de resultados. Perambulo por aquela região com certa frequência há mais de 15 anos e jamais vi uma viatura da polícia ambiental…
Na volta tirei fotos de “sítios” construídos no meio da serra. Um deles parecia ter sido reformado há pouco tempo e foi ocupado por uma família com crianças. Alguns anos atrás o local era uma bela mata. Agora, está virando uma roça e os acessos para a cachoeira que abastece a casa estão bem abertos. Esse povo também tem seus cachorros, que vivem soltos.
Esse mesmo local abrigou carvoarias décadas atrás e ainda é possível encontrar restos dos fornos dentro da mata. Muita gente caça na área. O estilingue é popular entre marmanjos locais e os sitiantes capricham no volume do funk ou do sertanejo. Mas a despeito da ausência do Estado e da pressão exercida pela presença humana, a área ainda abriga uma biodiversidade rica. Ao longo dos anos, registrei ou observei a presença de arapongas, macucos, macacos prego, muriquis, antas e pacas. E por mais incrível que pareça, ainda é possível encontrar alguns juçaras adultos, zanzando pelas matas de lá. Árvores já raras em outras regiões, como o cambucá (Plinia edulis) e o Cambuci (Campomanesia phae) ainda são comuns por lá.
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