Teresa Urban, jornalista e escritora, faleceu na noite desta quarta-feira (26). Pioneira na cobertura de assuntos ambientais na imprensa brasileira, ela tinha 67 anos e colaborou inúmeras vezes aqui em ((o))eco. Atualmente, colaborava com projetos na Sociedade de Pesquisa da Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).
Em ((o))eco, sua última contribuição no site foi um artigo em fevereiro deste ano, contra o projeto de lei que reabre a Estrada do Colono, que aguarda votação no plenário da Câmara dos Deputados.
Formada em jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Teresa escreveu 21 livros. Foi correspondente do O Estado de S. Paulo, em Curitiba, e também passou pelo Jornal do Brasil, revista Veja e jornais Voz do Paraná e Folha de Londrina, onde foi diretora de redação.
Militou na área ambiental, papel que a levou a atuar no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Participou do mapeamento dos remanescentes das florestas de araucária no estado do Paraná e foi coloboradora de organizações ambientais, como a SOS Mata Atlântica e Mater Natura.
É uma das criadoras da Rede Verde, rede de notícias que transmite pelo rádio informações ambientais para todo o Paraná.
Ela faleceu um dia após sofrer um enfarto. Teresa chegou a ser internada na Unidade de Terapia Intensa (UTI) do Hospital Vita, em Curitiba, mas não resistiu.
Depoimento de Clóvis Borges
A complexa tarefa de atuar na área da conservação da natureza no Brasil demanda um conjunto de capacidades que, na prática, não é encontrada em figuras isoladas. Somos mesmo extremamente limitados, tais as exigências que nos são impostas. Aqueles que arrogam para si esta competência ampla, em geral, não passam de figuras menos relevantes, facilmente identificáveis pela inconfundível soberba. Teresa Urban prestigiou, com sua amizade e sabedoria, um número considerável de pessoas. Mais do que isto, emprestou, solidariamente, ensinamentos constantes sobre a dura pela luta pela conservação. Permitiu que, os que dela se aproximaram, tivessem um melhor entendimento sobre a dimensão e os limites de nossos tantos enfrentamentos. Tornou-nos, portanto, menos imperfeitos. Não se trata de saber tudo, nem de acertar sempre. Mas sim, de sustentar a posição de manter a cabeça levantada. De dar valor às iniciativas, por mais frágeis que sejam, pelo seu significado maior, acreditando que o caminho da mudança passa, indelevelmente, pela perseverança, mesmo em situações extremamente difíceis como as que enfrentamos. O vazio deixado com o seu passamento será preenchido aos poucos, com seu exemplo único que hoje já representa parte muito especial e cara das atitudes e das lutas que muita gente encampou.
Adeus minha amiga Teresa!
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