Notícias

Minas ressuscita projeto que libera mineração em rios protegidos

Assembleia desarquivou proposta que permite explorar areia e cascalho nos rios protegidos por lei. Projeto havia sido rejeitado em 2013.

Redação ((o))eco ·
26 de maio de 2014 · 11 anos atrás

Rio Grande (acima), que nasce na Serra da Mantiqueira, também é considerado um rio de preservação permanente. Foto: wikipédia.
Rio Grande (acima), que nasce na Serra da Mantiqueira, também é considerado um rio de preservação permanente. Foto: wikipédia.

Um projeto que libera mineração nos rios considerados de preservação ambiental voltou a tramitar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, após o autor da PL, deputado Lafayette de Andrada (PSDB), reapresentar a proposta. Em 2013, por pressão dos ambientalistas, o projeto foi mandado para a gaveta.

O PL n° 3614/12 prevê autorização para revolvimento de sedimentos para a lavra de recursos minerais – tais como dragar fundo dos rios para tirar areia, cascalho ou ouro –, após autorização do órgão ambiental competente, mediante “medidas mitigadoras e compensatórias”.

Apresentado originalmente em 2012, a proposta sofreu duras críticas das organizações ambientalistas, que pediram intervenção do governador do estado. O projeto foi arquivado em abril do ano passado.

Um ano se passou e o projeto foi reapresentado, sem mudar sua essência, que é colocar os rios protegidos pela Lei nº 15.082/2004 como passíveis de exploração econômica. A lei de 2004 protege o rio Cipó, afluente do rio Paraúna, além do rio São Francisco, no trecho que se inicia imediatamente a jusante da barragem hidrelétrica de Três Marias e vai até o ponto logo abaixo à cachoeira de Pirapora.

Também estão sob proteção os rios Pandeiros e Peruaçu – integrantes da bacia hidrográfica do rio São Francisco – e o rio Jequitinhonha e seus afluentes, no trecho entre a nascente e a confluência com o rio Tabatinga. É o mesmo caso do rio Grande e seus afluentes, no trecho entre a nascente e o ponto a montante do remanso do lago da barragem de Camargos.

De acordo com Dalce Ricas, superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), a proposta do deputado não se baseia em nenhum estudo que comprove vantagem de se permitir mineração em um rio protegido. “Revolvimento de leito de rio gera impactos irreversíveis, sem possibilidade de mitigação. E compensação não é moeda de troca. Não atesta viabilidade de qualquer empreendimento. A impressão que temos é que enquanto houver um rio preservado neste estado sempre haverá algum deputado que queira destruí-lo”, afirmou.

 

 

Leia Também
Efeitos da mineração no meio ambiente
Efeitos da mineração vistos do espaço
Mineração e mercúrio afetam a região do rio Caura

 

 

 

Leia também

Reportagens
25 de abril de 2025

Petróleo gera royalties, mas não desenvolvimento na Amazônia peruana

A exploração de petróleo no Peru gera milhões para obras públicas, mas, em 2023, apenas metade dos recursos chegou aos municípios amazônicos

Salada Verde
25 de abril de 2025

Enquete mantém alta rejeição a rebaixamento da Serra do Itajaí de parque para floresta nacional

O autor da proposta diz que a mudança resolveria conflitos com propriedades privadas dentro da unidade de conservação

Análises
25 de abril de 2025

Cerrado em Cores: um mergulho no fantástico mundo das flores e beija-flores

Mais do que uma visão encantadora, a relação dos beija-flores com diferentes flores nativas do Cerrado ajuda na resiliência e regeneração do bioma

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.