ESPECIAL LATINOGRÁFICAS
Com o objetivo de impulsionar a comunicação visual na América Latina, o programa Latinograficas do El Surti transformou reportagens do Terra de Resistientes em peças gráficas. “O Cerco ao Cajueiro” foi ilustrado por Gabriela Güllich / ((o))eco, com design de Alma Rios / Distintas Latitudes e copy de Richard Romero / Mongabay LatAm. Reportagem original de Aldem Bourscheit/InfoAmazonia para o projeto Terra de Resistentes.
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Um dos maiores problemas do turismo é a falta de objetividade do setor, quando nos referimos à preservação ambiental. Enquanto prefeituras e governos estaduais querem apenas aumentar a arrecadação, empresários e outros pequenos comerciantes e prestadores de serviços, não querem pagar nada ou quase nada, e consideram que já fazem muito pela coisa pública, os legisladores locais são em sua maioria um grupo de privilegiados e raramente fazem alguma ação efetiva que possa realmente melhorar o meio ambiente. Aí entram mais dois participantes desse imbróglio, a população local e o turista propriamente dito. O primeiro acredita que pode explorar o local, o meio ambiente e os turistas, acredita que o dinheiro pode resolver tudo, não se preocupa nem com sua própria educação sobre as questões ambientais, se quer se preocupa com os resíduos, esgotamento sanitário… Considera que tudo é de responsabilidade do governo local, estado e federação, normalmente usa frases conhecidas: “…a prefeitura não faz nada, o governo não está nem aí…”. Ainda temos o outro participante, o turista, este faz questão de explicar que está de passagem, que está gastando uma pequena fortuna e que precisa ter retorno, não se considera responsável e muito menos está educado para entender essa situação, frases como: “…vim aqui passear, isso é um problema que a prefeitura deveria resolver…”, são comuns.
Os poucos envolvidos que querem proteger o meio ambiente, formar mais florestas, recuperar áreas… enfrentam uma burocracia pesada e a falta de interesse das autoridades. Populações tradicionais, acabam sofrendo por todos os motivos já mencionados, e são induzidos a um tipo de mudança radical do comportamento, perdem boa parte da cultura tradicional e aos poucos se transformam em consumidores vorazes. Para tudo tem um preço, e nesses casos o custo/benefício é alto e os novos hábitos colaboram para a descaracterização tanto dessas populações, bem como, os fazem dependentes do turismo abusivo.
É algo vicioso. Projetos e investimentos de longo prazo, mas envolvendo muitos atores e não apenas um determinado setor, podem mudar esse quadro. Aí vem algo que é incrível no Brasil: o imediatismo e o alto custo, péssima administração e muitos desvios criando uma situação, fica para ninguém sabe quando.