O governo do Rio de Janeiro lançou hoje (7), no Palácio Guanabara, zona sul da capital, o Programa de Restauração do Corredor Tinguá-Bocaina, que abrange nove municípios entre as regiões Sul e Centro-Sul do estado. A iniciativa, feita pela Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS) e pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE), em parceria com a ONG The Nature Conservancy Brasil, prevê a recuperação de 10 mil hectares de vegetação nativa da Mata Atlântica até 2030, e 30 mil até 2050.
Segundo Aguinaldo Ballon, diretor-presidente da CEDAE, a iniciativa é fruto da responsabilidade da estatal com a segurança hídrica, uma de suas funções restantes após a concessão da área de saneamento básico do estado à iniciativa privada. O “braço executor” do programa de restauração será o projeto Replantando Vida, fundado em 2021. Através do projeto “já foram plantadas cerca de 4 milhões de mudas e ressocializados 3500 apenados, com cerca de 80% de não-reincidência”, listou Ballon. “Agora queremos focar na restauração desse corredor”, completou.
A iniciativa será realizada nos municípios de Miguel Pereira, Paty do Alferes, Barra do Piraí, Piraí, Paracambi, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Rio Claro e Vassouras, e contará com o apoio da The Nature Conservancy à CEDAE na “identificação de espaços públicos para ações de plantio, na doação de mudas e apoio a instituições relacionadas”, segundo a companhia estatal.
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Parte das mudas virão do próprio projeto Replantando Vida, que vai inaugurar seu oitavo viveiro florestal neste mês de junho, numa penitenciária de Resende, no sul do estado. Segundo a CEDAE, as primeiras áreas de plantio já estão mapeadas, e o projeto de restauração não gerará custos extras ao estado, já que a companhia produz, atualmente, cerca de 2 milhões de mudas por ano.
Segundo o secretário de Ambiente e vice-governador do Rio, Thiago Pampolha (UNIÃO), a iniciativa é um convite para que a sociedade largue a “acomodação” e se una em ações efetivas pelo meio ambiente. “A sociedade se acomodou a agir com frases de efeito, Twitter, e perdeu o hábito de arregaçar as mangas e fazer seu papel”, apontou. “Esse evento aqui funciona como mais uma convocação pública de toda a sociedade para somar esforços. Todo mundo pode contribuir, e muito”, reforçou.
Pampolha falou ainda da importância da iniciativa para a recuperação dos mananciais da região. “Quando falamos de restauração florestal, nós falamos de recuperação dos ecossistemas, nós falamos de abastecimento e segurança hídrica, de recuperação da fauna e da flora, de despoluição… nós falamos de vida, de resgatar o bem precioso que é responsável pelo equilíbrio da vida, que é a água”, discursou. “Nosso país produz mais de 12% da água do mundo, mas muitas vezes nós também nos acomodamos com essa riqueza que nós temos para deixar de produzir. E pra deixar de ter qualidade nessa produção. Nós não podemos cair nesse engano, nós não podemos simplesmente ficar na apatia e deixar de fazer aquilo que é tão necessário que façamos”, disse, reforçando o pedido de ação.
Segundo o secretário, o projeto irá garantir ainda a restauração da mata ciliar do rio Guandu, principal fonte de água potável da região metropolitana do Rio de Janeiro, e que hoje sofre com a poluição. “A partir desses investimentos na restauração, esse problema também é diminuído”, garantiu Pampolha, que citou ainda o reflorestamento como um instrumento para frear a ocupação desordenada e irregular de locais como maciços e encostas, regiões de alto risco para tragédias ambientais, como deslizamentos de terra.
“É necessário que a gente revisite as nossas atitudes, porque só dessa forma nós vamos salvar o planeta. E quando a gente fala em salvar o planeta, não é um problema que só os nossos netos e bisnetos vão ter, não. É a nossa realidade que nós já estamos vivendo, que muitas vezes nós só lembramos quando tem uma forte enchente ou incêndio florestal. A gente lembra nesses momentos, mas isso está a cada ano se tornando mais severo e irreversível. Então nós precisamos trabalhar duro”, concluiu o vice-governador.
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Os caras não conseguem salvar a Favela da Maré ou a Muzema, mas vão salvar o planeta!
Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha. ha!
Ah – uma dúvida? De onde vem a grana? Das contas de água ou dessa ONG ricaça?