De 1º de janeiro a 7 de julho de 2024, o Pantanal perdeu 762.875 hectares para o fogo. A área é equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo e representa 5,05% de todo o bioma. Segundo dados divulgados na terça-feira (9) pelo Governo Federal, atualmente existem 24 incêndios ativos na região, sendo que 13 já estão cercados e sob controle.
O Pantanal enfrenta a seca mais grave que se tem registro nos últimos 70 anos, impulsionada pelas Mudanças Climáticas e o fenômeno do El Niño. A bacia do rio Paraguai, por exemplo, teve em 2024 o menor acumulado de chuvas por ano hidrológico da série histórica.
O quadro de estiagem severa, somado à imprudência humana, fizeram com que o Pantanal chegasse à atual situação. De acordo com o Governo Federal, em maio e junho, todos os incêndios registrados no bioma foram causados por ação humana. “Não há registro de incêndios causados por raios no período”, diz o boletim.
Até dia 7 de julho, 3.919 focos de queimada haviam sido computados no bioma. O número é maior do que o registrado em 2020 – ano em que um terço do Pantanal foi destruído pelo fogo – no mesmo período, e já representa 59% de todos os focos registrados em 2023.
A cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, é a que mais sofre: 68,2% dos focos de 1º de janeiro a 7 de julho estavam concentrados no município. A segunda cidade mais afetada pelo fogo é Cárceres, em Mato Grosso, com 11% dos focos. Poconé (MT), Porto Murtinho (MS) e Aquidauana (MS) aparecem na 3º, 4º e 5º posições, respectivamente.
Da área total queimada no bioma, 84,3% estão dentro de propriedades privadas. Os outros 15,7% estão dentro de áreas protegidas: Terras Indígenas (7,8%), Unidades de Conservação Federais (5%), Unidades de Conservação Estaduais (1,5%) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (1,4%).
Na Estação Ecológica Taimã, 36,3% da unidade já foram queimados (4,2 mil hectares). No Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, 9,1% foram consumidos pelo fogo (12,3 mil hectares).
Ações de combate
Nesta quarta-feira (10), o Governo Federal publicou uma medida provisória que permite que, em casos de calamidade pública ou situações de emergência ambiental, o serviço de combate a incêndios seja realizado por aeronaves e tripulação de outras nacionalidades.
Segundo a ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva, a cooperação internacional para combate ao fogo é comum no Brasil. “Nós temos parcerias históricas. O Ibama e o ICMBio mandaram brigadistas para o Canadá para ajudar [no combate] aos incêndios no ano passado. Essas conexões nós temos com o Chile, Portugal… até agora não houve a necessidade concreta de pedir esse reforço, mas temos que agir de forma previdente. Se eu deixar pra fazer a medida provisória quando for pedir socorro, não vai dar pra pedir”, disse a ministra em coletiva de imprensa.
Além disso, outra medida publicada pelo governo facilita a contratação de brigadistas, ao reduzir de 2 anos para três meses o prazo de recontratação dos profissionais.
Em todo Pantanal, há 830 profissionais envolvidos na operação de combate ao fogo, sendo 452 das Forças Armadas, 286 do Ibama e ICMBio, 82 da Força Nacional de Segurança Pública e 10 do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Também operaram na região, 15 embarcações e 15 aeronaves em três bases de operação, em Corumbá, Poconé e Porto Conceição.
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