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Newsletter O Eco+ | Edição #206, Julho/2024

Descumprimento de licenciamento para liberação de refinaria de gás, tráfico de animais e greve dos servidores

Newsletter O Eco+ | Edição #206, Julho/2024

21 de julho de 2024

Há 16 anos, a Petrobras recebeu uma licença prévia para prosseguir com seu plano de implantar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), numa área com grande sensibilidade ambiental. Começava ali uma complexa novela às margens da Baía de Guanabara, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Desde então, trocaram-se acordos vazios de compensação, com uma promessa não cumprida de restauração florestal em áreas-chave para segurança hídrica da região, que abastece 2 milhões de pessoas no leste fluminense. Numa investigação exclusiva de ((o))eco, o repórter José Alberto Gonçalves Pereira mostra como apesar do descumprimento das condicionantes, o megaempreendimento – que passou por um “rebranding” para ser esquecido pela opinião pública e chama-se agora Polo Gaslub – segue recebendo licenças do órgão ambiental estadual para seu funcionamento. 

Fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro e de animais traficados estão na base do comércio ilegal de vida selvagem no Brasil, denuncia a reportagem de Aldem Bourscheit. Um esquema com 84 pessoas em 24 países traficava “peixes-das-nuvens” para Américas, Europa e Ásia. Esses animais só vivem em poças, córregos e outros ambientes temporários, formados pelas chuvas. Essa é uma das histórias no relatório “A Lavanderia de Fauna Silvestre”, da Transparência Internacional e da Freeland, mostrando que fraude, corrupção e lavagem azeitam o tráfico de vida silvestre. Conectar o crime ambiental a outros delitos pode aumentar penas e dissuadir o tráfico. Essa é uma das recomendações para uma urgente estratégia nacional de combate ao tráfico de vida selvagem, nos moldes das adotadas para conter a destruição da Amazônia e do Cerrado.

O desenvolvimento da greve de servidores ambientais ainda não apresenta perspectivas promissoras para os trabalhadores, mostra a matéria de Gabriel Tussini. Em busca de uma reestruturação da carreira, os servidores estão em greve em 24 estados desde o início do mês, mas uma decisão judicial em ação movida pela Advocacia-Geral da União (AGU) obrigou o retorno dos servidores em áreas consideradas “essenciais”. A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e PECMA (ASCEMA Nacional) acatou a decisão, mas criticou o “comportamento vergonhoso” dos presidentes das autarquias ambientais.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

· Destaques ·

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Apagando fogo e mudando vidas. Uma ONG na Califórnia pretende remover obstáculos para sobreviventes do cárcere, expandindo a formação de bombeiros no processo. O treinamento é uma opção para redução de pena – e uma oportunidade para enfrentar o crescimento de incêndios descontrolados. [NPR]


Antes tarde do que nunca. Uma organização internacional de botânicos votou para renomear mais de 200 espécies de plantas, fungos e algas cujos nomes científicos incluem variações da palavra “caffra”, uma palavra árabe para “infiel” que é usada como insulto contra a população negra. Os botânicos também concordaram em criar um comitê especial para revisar novos nomes de espécies e rejeitar aqueles considerados depreciativos, como aqueles que homenageiam déspotas ou escravizadores. [Yale360]

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Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho | Malcom Ferdinand

Nesta análise urgente, Ferdinand critica o que chama de “dupla fratura colonial e ambiental da modernidade”, de que resultam, por um lado, as teorias ecologistas que desconsideram o legado do colonialismo e da escravidão; por outro, os movimentos sociais e antirracistas que negligenciam a questão animal e ambiental. Como mostra o autor, tal fratura só enfraquece as demandas desses movimentos, uma vez que a exploração do ser humano e da natureza caminham lado a lado.

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De quem é o ar? | Prato Cheio – O joio e o trigo

No último episódio da série Faroeste carbono, quilombolas do interior do Pará se deparam com a linguagem cifrada das empresas que comercializam o ar. E se questionam quanto aos impactos dos projetos sobre os territórios. O carbono veio ajudar a manter a mata em pé ou inviabilizar os modos de vida tradicionais? Nossos repórteres tentam entender por que o agro ficou de fora do mercado regulamentado. E perguntam: se não o carbono, o que oferecerá respostas para o colapso climático?  

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Katia e Maurice Krafft amavam duas coisas — um ao outro e vulcões. O casal percorreu o planeta, perseguindo erupções e documentando as suas descobertas. Morreram em 1991, mas deixaram um legado que enriqueceu o nosso conhecimento do mundo natural. Construído a partir do seu arquivo, “Vulcão: Uma História de Amor” conta uma história de criação e destruição, protagonizada por dois cientistas que se aventuram no desconhecido, em nome do amor.

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