De Gilberto Câmara
Diretor Geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Estimado Sergio
Sou leitor assíduo d´O Eco, e acompanho com muita simpatia a empenho do site em combater o desmatamento na Amazônia e de promover práticas sustentáveis.
Ocorre que muitas vezes a necessária ansiedade de vocês em apontar erros do governo resulta em reportagens e artigos de opinião que distorcem os fatos e, no limite, propagam erros sérios.
Ciente do prestígio d´O Eco junto à comunidade ambientalista brasileira, gostaria de apontar vários problemas em seu artigo de opinião, “Anúncio Vazio”, publicado no site em 07.12.2007. Cito o artigo e depois minha opinião.
“Não será a primeira vez que o governo anuncia um dado velho para criar clima favorável a uma ação diplomática no exterior”.
Você faz aqui uma confusão entre o dado anunciado em agosto, que era apenas uma estimativa preliminar com os dados do DETER, com o dado anunciado na semana passada, que é uma estimativa muito mais confiável, baseada em outro sistema de monitoramento (PRODES).
(…)
Clique aqui para ler esta carta na íntegra.
Resposta:
Caro Gilberto,
Começo pelo seu PS final. O espaço de O Eco sempre esteve aberto ao INPE para explicar seus métodos e divulgar seus resultados. Entrevistamos seus cientistas e acessamos regularmente seu site. Sua carta será publicada. Mas, mais que isto, como admiradores, consumidores e defensores do INPE como instituição científica e tecnológica de ponta e um instrumento essencial de defesa dos interesses permanentes da sociedade brasileira e do esforço que teremos que empreender para mitigação da mudança climática e adaptação a seus efeitos inevitáveis, O Eco convida o INPE a realmente buscar mais espaço aqui e em toda a imprensa, para informar à sociedade brasileira com transparência total sobre os riscos que ela enfrenta neste século XXI.
Mas me permito, ao mesmo tempo, refletir sobre o teor de sua resposta. Para mim é uma surpresa incômoda que uma crítica ao comportamento do governo e do ministério do Meio Ambiente, seja respondida pelo presidente do INPE. Revela que chegamos um ponto perigoso no Brasil de confusão entre estado e governo. Afirmo e sustento que o governo fez uso político dos dados do desmatamento nas duas ocasiões que menciono. Agora, na véspera da chegada dos ministros a Bali, e na véspera da ida do presidente Lula à ONU. Nos dois, mostrou um número, dando a impressão de que apontava uma tendência durável, quando sabiam que havia indicações respeitáveis de que a tendência já mudara. E isso devia ter sido rigorosamente registrado como contraponto ao número em anúncio. O primeiro episódio, está rigorosamente documentado, com cronologia certa, nas duas colunas que escrevi e cujos links estão no corpo da coluna atual. Não houve erro. Meu respeito pelo INPE como centro de excelência científica e tecnológica estatal, me fez, nas duas ocasiões sequer mencioná-lo nas colunas. Eu estava falando do uso das informações e não da sua qualidade técnica ou metodológica.
(…)
Clique aqui para ler esta resposta na íntegra.
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