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O estado das aves aquáticas

Populações estão em declínio acelerado na Ásia. Crescimento econômico e aquecimento global têm reduzido habitat ao redor do mundo, diz estudo.

Redação ((o))eco ·
21 de outubro de 2010 · 14 anos atrás
Cabeças-secas em ninhal no Pantanal mato-grossense (foto: Marcos Ferramosca)
Cabeças-secas em ninhal no Pantanal mato-grossense (foto: Marcos Ferramosca)

Foi lançado nesta quinta-feira em Nagoya um relatório da organização Wetlands International que resume o estado das aves aquáticas do mundo. E o sobrevoo dessas espécies pelo planeta não anda nada tranquilo. As 24 páginas do documento revelam os números das populações e compara o que mudou entre os anos de 1970 e 2000.

Voar pelo continente Africano, América Latina e, especialmente Ásia, é mais perigoso. O crescimento econômico do continente asiático e a ausência de esforços de conservação contribuem para que a diminuição das aves aquáticas seja mais acelerada do que em qualquer outra parte do mundo.  Por lá, 62% das populações conhecidas estão minguando, enquanto apenas 10% aumentam seus indivíduos. Já em lugares onde as leis para a conservação são mais severas como América do Norte, Europa e Oceania a situação melhorou. Essa mudança alterou globalmente o declínio dessas populações que diminuiu ligeiramente, em cerca de 5%, entre 1975 e 2005. Esse percentual representa algum progresso em direção a Meta da Biodiversidade para 2010. Mas a diferença entre o crescimento e diminuição ainda são grandes. Quarenta e sete por cento das populações de aves aquáticas ainda estão em declínio e apenas 16% estão a aumentar em todo mundo.

Outra preocupação é o aquecimento global, que altera centenas de locais de reprodução das aves. Da Ásia, África do Sul, Austrália, e América do Sul elas migram em direção ao Ártico, que já sofre com as consequência do aquecimento do planeta. Além disso, as populações de aves aquáticas são expostas a uma ampla gama de ameaças como a perda e degradação dos charcos e lagos, a regulação da água, a intensificação da agricultura, caça e mudanças climáticas.

Entre as recomendações para a conservação das aves aquáticas estão a plena implementação dos compromissos internacionais e reforço em medidas legislativas de proteção desses animais, principalmente nos países onde há essa deficiência. Deter e reverter a perda das áreas úmidas é outra sugestão do estudo. E também identificar os sítios-chave onde as populações de aves aquáticas recebem proteção adequada para garantir o uso sustentável de seus habitat e biodiversidade.

O relatório foi lançado por 193 delegados membros da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. O evento vai até o dia 29 de outubro e pretende elaborar um novo conjunto de metas para reduzir a rápida perda de biodiversidade do mundo até 2020. (Thiago Camara)

Leia o estudo na íntegra.

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