De Havana a Santiago de Cuba João Pavese Editora Terceiro Nome Em uma linguagem direta e viceral, o fotógrafo João Pavese narra uma viagem de bicicleta atravessando Cuba. Defende que pedalar é a melhor maneira de conhecer de verdade um país; é possível percorrer distâncias mais longas do que a pé sem perder contato com o entorno. O autor-narrador fuma charutos, fala da bunda das mulheres, sofre de amor, se apaixona, vive, envolvendo o leitor. É livro para agarrar e soltar só depois da última página. Dá para comprar aqui. Sente o tom da narrativa:
“O ônibus passava agora por ruas tortuosas, sobrados, pequenas praças, muita gente nas calçadas aproveitando o frescor da tempestade que acara de passar. Belo final da tarde. Mas à medida que o ônibus avançava, bem devagar pra não pegar criança com bola, notei um certo mal-estar no olhar daqueles moradores. Olhar de espanto dos mais velhos – tragadas tensas no charuto -; curiosidade dos mais jovens. De cara comecei a tirar conclusões: aquela nave encerada e o ar-condicionado com um bando de turistas por detrás de janelas fumê agrediam muito a simplicidade da situação. Os cubanos e seus carros velhos, casas com reboco aparente, anos na improvisação total, e o nosso ônibus lá, incólume, como se não fizesse parte da mesma paisagem. E não fazia. Aquilo não me agradava. Um deslocamento de realidade muito grande. Nós, os turistas, no simba-safári vendo como pobre se vira achando que somos a solução: trazemos dólares, e dólares garantem a vida daquela gente.” Trecho do livro, página 32
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