Embora o coral-de-fogo (Millepora alcicornis) tenha este nome, tecnicamente não se trata de um coral. Este cnidário, do gênero Millepora não é como aqueles pertencentes à classe Anthozoa, mas está entre os denominados falsos corais duros, ou hidrocorais, da classe Hydrozoa, sendo mais relacionados com uma água-viva do que a um coral duros.
Seu nome científico vem do latim, sendo que Millepora que significa “mil de poros” e alcicornis significa “chifre de alce”, referindo-se à forma da estrutura ramificada. Foi descrito pela primeira vez por Linnaeus em 1758. Desde então, a variação do seu padrão de crescimento cria confusão ao tentar identificá-lo. Isso se deve à sua adaptação a fatores ambientais: intensidade das correntes aquáticas, calmas ou agitadas, e o local onde está encrustado, se pedras, outros corais ou casco de navios naufragados.
As colônias de coral-de-fogo podem ser encontrada no Mar do Caribe, no Golfo do México, Flórida, Ilhas de Cabo Verde e ao longo de toda a costa da América Central à América do Sul, até o sul do Brasil. Ele cresce a profundidades de até 40 metros e é o único membro dos Millepora que ocorre em profundidades superiores a 10 metros.
Dentro do seu esqueleto de calcário, o coral-de-fogo carrega inúmeros pólipos microscópicos. Escondidos atrás dos poros do esqueleto do coral, estes microorganismos são altamente especializados e ligados internamente por um sistem de canais. Cada grupo exerce uma função específica: defesa, reprodução, processamento e digestão, captura do alimento, além da excreção do material calcário necessário à construção e crescimento do esqueleto.
O Millepora alcicornis se alimenta de plâncton, principalmente, mas também fazem parte do seu cardápio pequenos peixes que se aventuram em sua proximidade: os pólipos lançam de seus tentáculos substância paralisante e, em seguida, arrastam a presa para o pólipos responsáveis pela alimentação. Aliás, os mesmos pólipos responsáveis pela captura, os cnidocytes também promovem a defesa da colônia: quando são tocados, por exemplo, por incautos mergulhadores, podem injetar um veneno que provoca uma sensação de queimadura dolorosa, erupções da pele, bolhas e cicatrizes. A toxina, solúvel em água, é forte o suficiente para matar um rato de 20 gramas.
A reprodução se dá através de meios assexuados ou sexuados. O método mais frequente, o assexuado, se dá quando fragmentos do coral são destacados da colônia (por tempestades, por exemplo), e levados para outros locais. Se forem locais adequados, o fragmento crescerá como uma nova colônia geneticamente idêntica à original. A reprodução sexuada ocorre quando pólipos específicos produzem medusas de curta duração que se separam da colônia. Estas medusas produzem gametas que, após a fecundação, se desenvolvem em plânulas que derivam com as correntes como parte do zooplâncton, antes de se estabelecer em e desenvolver em em novas colônias.
A maior ameaça ao Millepora alcicornis é o aquecimento global e a consequente subida da temperatura do mar. Outras ameaças gerais aos recifes incluem a acidificação dos oceanos, poluição, assoreamento, espécies invasoras e mudanças na dinâmica das espécies, doenças de corais, a pesca e atividades de lazer ou turismo. Por sua capacidade de recuperação, o IUCN classifica a éspécie como Pouco Preocupante, mas, no Brasil, as ameaças acima são suficientes para que o ICMBio à considere Vulnerável.
Leia também
O terror das formiga
Peixe-boi: a natureza dócil
O elusivo Cachorro-vinagre
Leia também
SPVS completa 40 anos com legado de transformação no Paraná
ONG é responsável pela proteção de mais de 19 mil hectares de Mata Atlântica e mantém diversos projetos bem-sucedidos de conservação de fauna e flora. →
Entrando no Clima#37- Brasil é escolhido como mediador nas negociações
Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, que realiza a reunião final do G20, mas isso não ofuscou sua atuação na COP29 →
G20: ativistas pressionam por taxação dos super ricos em prol do clima
Organizada pelo grupo britânico Glasgow Actions Team, mensagens voltadas aos líderes mundiais presentes na reunião do G20 serão projetadas pelo Rio a partir da noite desta segunda →
Oi