Reportagens

Cidades inteligentes podem poupar US$22 trilhões ao mundo

Edifícios verdes e melhor infraestrutura estimulam o crescimento econômico e também cortam carbono num total similar às emissões anuais da Índia.

Suzanne Goldenberg ·
9 de setembro de 2015 · 9 anos atrás
The Guardian Environment Network
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Painéis solares em casas no sudeste de Yokohama (Kanagawa, Japão) mostram que os padrões de construção verde podem reduzir o uso de eletricidade. Foto: Bernd

Colocar as cidades em um rumo de crescimento inteligente — com transportes públicos abrangentes, edifícios que poupam energia e melhor gestão dos resíduos — poderia economizar até 22 trilhões de dólares e evitar o equivalente em poluição de carbono a toda a emissão anual da Índia de gases de efeito estufa, de acordo com economistas de renome.

A Comissão Mundial sobre Economia e Clima (Global Commission on Economy and Climate), uma iniciativa independente de ex-ministros das finanças e das principais instituições de pesquisa da Grã-Bretanha e de outros seis países, concluiu que cidades inteligentes em relação ao clima estimulariam o crescimento econômico e uma melhor qualidade de vida – enquanto reduziriam a poluição de carbono .

Segundo os pesquisadores, caso os governos nacionais apoiem esses esforços, a poupança nos transportes, edifícios e eliminação de resíduos poderia chegar a US$ 22 trilhões até 2050. Em 2030, esses esforços evitariam o equivalente a 3,7 gigatoneladas de carbono por ano – mais do que as emissões atuais da Índia.

A descoberta derruba a noção de que é muito caro fazer alguma coisa sobre mudanças climáticas – ou que tais esforços fariam pouca diferença. Não é verdade, disseram os pesquisadores.

“Há agora uma evidência crescente de que as emissões podem diminuir enquanto as economias continuam a crescer”, diz Seth Schultz, pesquisador do grupo C40 Cities Climate Leadership, que participou como consultor do relatório.

“Tornar-se mais sustentável e colocar o mundo – especificamente cidades – em uma trajetória de baixo carbono é viável e também uma boa forma de administrar a economia”.

O relatório conclama as cidades mais importantes do mundo a se comprometerem com estratégias de desenvolvimento de baixo carbono até 2020.

As descobertas foram lançadas no momento em que as Nações Unidas e grupos ambientalistas tentam estimular mais ação sobre as mudanças climáticas antes do começo das negociações vitais em Paris, da COP21, que ocorrerão no fim do ano.

A reunião de Paris é vista como um dos pilares dos esforços para manter o aquecimento do planeta a um máximo de 2º C, remodelando a economia global para substituir combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas.

A ONU reconhece que os compromissos climáticos até agora estão muito aquém da meta 2º C. Mas as estratégias delineadas no relatório – algumas das quais já estão em prática – poderiam sozinhas cobrir 20% desse hiato, disse Amanda Eichel, da Bloomberg Philanthropies, que também participou do relatório.

Dois terços da população mundial viverão em áreas urbanas em 2050, com a população urbana da África crescendo a uma taxa duas vezes maior do que o resto do mundo.

As escolhas certas agora de planos a longo prazo de desenvolvimento urbano e dos transportes poderiam melhorar a vida das pessoas e combater as mudanças climáticas, diz o relatório.

Investir em transporte público faria a maior diferença imediata. A poluição do ar já está sufocando as cidades que se esparramam em áreas cada vez maiores na Índia e China. Engarrafamentos e acidentes cobram um preço da economia local em cidades como Cairo e São Paulo.

Mas a construção de corredores de ônibus, como os que estão sendo implementados em Buenos Aires, pode cortar o tempo de transporte entre casa e trabalho em até 50%.

Padrões de construção verde podem reduzir o uso de eletricidade, aliviar o efeito ilha de calor e reduzir a demanda por água. Na gestão de resíduos, o biogás produzido a partir de resíduos poderia ser aproveitado como combustível para fornecer eletricidade às comunidades, como já estava sendo feito por Lagos, na Nigéria, e em outras cidades.

 

*Esse artigo é publicado em parceria com a Guardian Environment Network, da qual ((o))eco faz parte. A versão original (em inglês) foi publicada no site do Guardian. Tradução de Eduardo Pegurier

 

 

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