FOTO: Agrofloresta_Antonio_Sabino_Vladia_Lima_004 CRÉDITO:Vladia Lima LEGENDA: Produção agroecológica mantém a vegetação natural, não utiliza produtos químicos e prega um princípio de trocas com o homem do campo |
À semelhança da agricultura orgânica, a agroecologia despreza a monocultura e rejeita produtos químicos. A diferença é que ela abraça as técnicas típicas da cultura de plantio local e as difunde promovendo encontros entre camponeses. A agroecologia é ideal para regiões em desenvolvimento. Quem diz isso é a ONU, na análise Agroecologia e o direito à comida (em inglês). Por abolir o uso de agrotóxicos, fertilizantes químicos e preconiza a troca de informações entre os camponeses, a agroecologia pode produzir com custos mais baixos e integrar sociedades que vivem afastadas, muitas vezes isoladas de contatos com centros urbanos maiores. O documento também afirma que, se suficientemente apoiada, a produção de alimentos feita com esses princípios pode dobrar em 10 anos e reduzir a pobreza rural.
No Brasil, essas possibilidades poderiam empacar exatamente no “suficientemente apoiada”. Entretanto, ao contrário, a perspectiva é mais otimista, pois o governo federal parece poder dar indiretamente um empurrão no assunto. A ferramenta é o plano nacional de assistência técnica e extensão rural (Ater), que tem como objetivo universalizar as técnicas agrícolas para núcleos de agricultura familiar.
FOTO: agrofloresta_Vladia_Lima_IMG_3836 CRÉDITO: Vládia Lima LEGENDA: No Sítio Feijão, em Bom Jardim, Pernambuco, um exemplo da produção agroecológica. O verde ganha espaços, há diversidade de culturas e a natureza responde da forma orgânica |
Com esse cartão de visitas, boa parte das instituições civis está participando dos editais para oferta de Ater. Já ganharam vários, como o próprio Centro Sabiá, que atenderá 3.160 famílias. A cearense Cetra – Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador venceu licitação e será responsável pela Ater em 900 comunidades da região de Itapipoca. No segundo resultado da chamada pública de serviços de Ater, no Ministério do Desenvolvimento Agrário, ONGs que fazem parte da ASA estão lá disputando edital a edital com outras instituições, entre elas empresas estaduais especializadas, como a Emater. A Diaconia, por exemplo, levou o 1º lugar em um dos editais de Pernambuco e ficou em 3º lugar no Rio Grande do Norte. Essa ONG trabalha na implantação de cisternas do P1MC, colabora com a construção de banheiros fora das residências e contribui na cimentação da área interna de casas de gente simples.
O primeiro objetivo do Ater é suprir as necessidades de alimentação dos trabalhadores rurais. O passo seguinte é a comercialização do excedente da produção. Por essa razão, agricultores plantam culturas consumidas na região onde estão inseridos e depois se inscrevem no Plano de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa de Alimentação Escolar (antiga merenda escolar).
O agrônomo Luciano Marçal, da ASPTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, lembra que um dos princípios da agroecologia é a diversificação tanto das colheitas quanto dos mercados. A proximidade é o critério tanto para que os camponeses possam fazer vendas institucionais (à prefeitura, às instituições de acolhimento de idosos, às creches) ou para organizar pequenos mercadinhos e feiras públicas.
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É jogo de ganha-ganha. Os homens do campo até então desassistidos recebem Ater, os consumidores têm a chance de adquirir alimentos mais saudáveis e o meio ambiente recebe menos fertilizantes, sementes transgênicas e herbicidas.
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