As atividades predatórias na Amazônia foram um dos assuntos mais comentados durante o Sínodo desta terça-feira (08). A reunião episcopal que acontece desde o domingo, no Vaticano, e que agrega mais de 250 participantes, citou a mineração, a agropecuária e o desmatamento, exercidos de forma ilegal como as principais ameaças à região e que ações acontecem predominantemente em terras indígenas.
Em entrevista para a imprensa, o cardeal peruano Pedro Ricardo Barreto Jimeno, Arcebispo de Huancayo, no Peru e um dos fundadores da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), afirmou que manteve contatos com povos indígenas e percebeu que eles estavam felizes em partilhar seus problemas. A fala de uma índia chamou muita atenção do cardeal: “os políticos não têm tempo para nos escutar, mas o Papa Francisco tem”. Ao perguntar para os indígenas o que querem com a realização do Sínodo para Amazônia, a principal resposta foi: ‘nos traz de volta a esperança”, afirmou o Arcebispo de Huancayo.
A vida na Amazônia nunca este tão ameaçada
Na segunda-feira (07), primeiro dia de trabalhos no Sínodo da Amazônia, o cardeal dom Cláudio Hummes, relator-geral do evento, fez um duro discurso contra as ameaças aos povos da Amazônia. “A vida na Amazônia talvez nunca tenha estado tão ameaçada como hoje, pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazônica, de modo especial, a violação dos direitos dos povos indígenas”, afirmou o cardeal.
“Na Amazônia a ameaça à vida deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade atual, de maneira especial de empresas que extraem de modo predatório e irresponsável, legal ou ilegalmente, as riquezas do subsolo e da biodiversidade (…) “muitas vezes em conivência ou com permissividade dos governos locais e nacionais e por vezes até com o consenso de alguma autoridade indígena”, declarou dom Claudio.
Como exemplo de ameaças à região amazônica e a seus povos, Dom Cláudio Hummes citou o aumento do desmatamento na floresta amazônica, o crescimento de invasões, assassinato de líderes indígenas, grandes empreendimentos como hidrelétricas e violência contra moradores na parte brasileira do bioma.
O Sínodo vai até o dia 27 de outubro. Mais de 80 mil pessoas foram ouvidas nos nove países da Amazônia e as questões e anseios dessas populações foram levadas para serem debatidas no evento.
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